Olá, Perdidos! Já imaginou como o futuro da humanidade se desenvolveria? Se você partisse nesse exato momento em direção aos anos 8000 o que acha que encontraria? Em Três Meses No Século 81, o autor Jeronymo Monteiro nos mostra sua versão futurística da raça humana e do planeta Terra.
Nada melhor do que comemorar o Dia Da Ficção Científica Brasileira com um livro escrito pelo pai da Ficção Científica Brasileira. Uma história bem interessante com a qual me diverti, principalmente com as situações e alguns dos faniquitos de Campos, o personagem principal.
O livro começa com Campos falando com o amigo Da Silva sobre a entrevista que fez com nada mais nada menos que HG Wells. Incentivado pela história de viagem no tempo do pai da ficção científica, Campos decide que ele mesmo iria fazer essa viagem, mas colocando em prática suas ideias menos ortodoxas que as de Wells.
É justamente essa experiência incrível e ousada que ele relata através de um manuscrito que entrega a seu amigo e que nós acompanhamos a leitura.
Ao chegar ao século LXXXI (81), Campos se depara com um mundo de sonhos, utópico. Um mundo que ele enxerga através dos olhos de Loi, corpo que agora ele habita. Mas, apesar de tanta perfeição, ele considera o ser humano como uma máquina programada e sem sentimentos. Em comparação com seu mundo, algo muito importante está faltando.
Jeronymo foi pioneiro em escrever uma história sobre viagem no tempo em terras tupiniquins com todos os componentes que marcam o gênero até hoje. E em seu Três Meses No Século 81, o autor descreve tudo nos mínimos detalhes. Nada se perde.
Estaria, então, no futuro? Estaria em outro planeta? Estaria, vítima do ‘grande desastre’, vivendo no mundo dos espectros, nesse ‘Além’ misterioso e sinistro? Ou, simplesmente, a atrevida experiência me enlouquecera e era, agora, vítima de alucinações raras e desconhecidas.
Ao meu ver o que torna a narrativa mais interessante e original é que a viagem no tempo de Jeronymo não utiliza uma máquina, um carro, drogas especiais ou uma cabine telefônica. Ela é realizada através de um experimento místico com médiuns empregando seus dons sobrenaturais para transportar o protagonista anos no futuro num método chamado de transmigração.
A alma, espírito ou psique (chame do jeito que achar melhor) de Campos sai de seu corpo e se instala em Loi que tinha acabado de falecer em um acidente terrível no século LXXXI. Agora imagina a situação. Além de estar milhares de anos à frente de seu tempo, num lugar completamente diferente, ele também estava em um corpo totalmente diferente do seu, tentando entender uma língua diferente da sua e com uma família (esposa, filho e irmão)! Muita informação.
Campos identifica o idioma que, apesar de estranho, se mistura com o inglês, criando corruptelas. Muitas coisas mudaram não só com relação ao idioma, aos continentes, ao sistema solar, ao ser humano, aos marcianos (sim, eles existem) como também com relação à economia e à distribuição de poder. Como lidar com tantas mudanças? Como evitar as comparações com sua vida passada?
Concluí que o povo não tinha o mínimo interesse pelas artes, pelas coisas do espírito [...] Em todo caso, aquelas construções, se eram impressionantes pela simplicidade e pela largueza, nada tinham de emocionantes.
Apesar do bom desenvolvimento da história, uma coisa me incomodou no livro. E não foram os muitos erros da edição ou a linguagem um tanto quanto arcaica, o que me surpreendeu, pois o livro foi publicado em 1947. Foram os capítulos que levavam ao término da história. A personagem Ilá, a mulher perseguida, e interesse amoroso de Campos, além de líder de uma resistência (nem tudo são flores) que deseja voltar ao estilo de vida de antigamente, apareceu quase no final do romance e tudo se desenrolou rápido demais.
Uma aventura impressionante e criativa que merece ser lida, pois faz parte dos primeiros passos verdadeiramente reconhecidos da ficção científica nacional.
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