Que Venha “O Fim Da Eternidade”!

Olá, Perdidos! Se um de vocês fosse capaz de voltar ao passado ou ir para o futuro para mudar alguma coisa, o que mudaria? E qual seria a repercussão dessa mudança nos anos seguintes? Guerras? Mortes? Doenças? Viagens espaciais? Colonização de planetas? Aniquilação? Paz? O Fim Da Eternidade, do mestre Isaac Asimov, trata de viagens no tempo e todas as implicações que essas viagens podem ter sobre o ser humano no decorrer dos séculos, até mesmo, sua extinção. Mas, não importa que caminho a humanidade tome, parece que o Amor sempre será a mola propulsora do Homem. Simples assim. 😊 Contudo o mais importante é: será que um amor proibido pode ser capaz de mudar tudo isso? 




A Eternidade é uma organização responsável por monitorar e controlar o Tempo, além de negociar produtos entre os séculos. Porém, quando julga ser necessário (o que é mais frequente do que se imagina!), realiza Mudanças de Realidade com o intuito de aperfeiçoar a raça humana. 

Que pena, o agora não dura muito, nem na Eternidade, hein, Harlan? 

E nosso protagonista Andrew Harlan é um Eterno. Ele não é um imortal como o nome sugere. Nada disso. Eterno é o nome dado a um trabalhador da Eternidade capaz de realizar essas viagens no tempo. E dentro dessa organização ele é um Técnico, função desprezada por todos que sequer têm coragem de olhar nos olhos de um deles. Ser um Eterno é uma honra, mas ser um Técnico significa que é ele que realiza essas Mudanças de Realidade que afetam bilhões de vidas no planeta. Ele é o responsável por alterar o curso da História

E assim é a vida de Harlan: analisa, traça um plano e executa a mudança de realidade do século tal. Treinado e focado para não demonstrar emoções e, com isso, não se envolver com as pessoas cuja vida está transformando, seu único divertimento e seu passatempo predileto é História Primitiva, quer dizer, a História da Humanidade antes de terem inventado o Campo Temporal que possibilita as viagens através dos séculos acima e abaixo.  

Ser um Técnico envolve muito estudo, cálculos, observações, pesquisas e relatórios sobre algum acontecimento importante que provocou efeitos indesejáveis à evolução humana. Detectado o problema, uma pequena alteração é realizada na Realidade a fim de extirpá-lo e, assim, tornar os anos que se seguem melhores para a humanidade. Envolve também sacrifício, uma vez que o Técnico não pode ter família ou amigos que o conecte a um período específico no tempo. 

Acima de tudo, um Técnico deve ser desapaixonado. A Mudança de Realidade iniciada por ele pode afetar a vida de cinquenta bilhões de pessoas. Cerca de um milhão dessas pessoas talvez sejam tão drasticamente afetadas que poderão ser consideradas novos indivíduos. 

Por isso, Harlan vive isolado. Primeiro por ser um Técnico e não ter a simpatia dos demais; segundo porque a Eternidade é como um monastério, embora “ciente da necessidade de tolerar os apetites humanos”, há várias restrições para ter o privilégio de conseguir uma mulher. É praticamente nula a presença de mulheres na Eternidade. Recrutar uma mulher para trabalhar ou permanecer na Eternidade é muito mais complicado do que recrutar um homem, pois “sua subtração do Tempo tinha dez vezes mais probabilidade de distorcer a Realidade do que a subtração de um homem”, ou seja, o risco de alterar a realidade sem querer é imenso.  

Até que ele conhece e se apaixona por Noÿs Lambent, uma bela mulher não-Eterna, e tudo muda. Suas regras vão por água abaixo e ele passa não só a rever todos os conceitos sobre a Eternidade como começa a se questionar sobre tudo e todos. 

Determinado a impedir que algo aconteça com Noÿs, cuja existência está ameaçada pelas interferências no tempo, Harlan não se incomoda nem um pouco em alterar a História em favor do seu amor. Sendo assim, ele leva sua amada para os chamados Séculos Ocultos (entre os séculos 70.000 e 150.000), a fim de escondê-la dos demais Eternos. O esconderijo perfeito, uma vez que nesses Séculos Ocultos a Eternidade não tem autonomia. Qual será o próximo passo de Harlan? 

Ele queria, desejava muito lhe dizer: não há graça nenhuma na Eternidade, moça. Nós trabalhamos! Trabalhamos para planejar todos os detalhes de todos os tempos, desde o início da Eternidade até onde a Terra está vazia, e tentamos planejar todas as infinitas possibilidades de tudo o que-poderia-ter-sido e escolher um poderia-ter-sido melhor do que aquilo que é, e decidimos onde, no Tempo, podemos fazer uma pequena mudança para transformar aquilo que é naquilo que pode-ser, e então temos um novo é e procuramos um novo pode-ser, e assim continuamente, continuamente... 




O Que São Mudanças De Realidade? 

Só para esclarecer, as Mudanças de Realidade geralmente são pequenas interferências realizadas em um determinado ano de um determinado século que, consequentemente, irão alterar os acontecimentos como ocorreram inicialmente, na realidade original. Por exemplo, deslocar um simples objeto já é o suficiente para a Realidade ser modificada e suas consequências percorrerem os séculos no futuro. Ou seja, uma nova realidade surgirá a partir da mudança efetuada pela Eternidade. Tudo em prol do bem-estar da humanidade. 

Mas nada é por acaso, pois tais mudanças só ocorrem depois de muitas análises e estudos. 

E quanto às pessoas? Será que elas sentem essa mudança? A resposta é Não. Nenhuma pessoa é capaz de perceber essas mudanças em sua existência, pois a mente acompanha os novos acontecimentos como se fossem parte resultante de sua vida, como se nunca tivessem sido alterados. A Eternidade praticamente faz um Reboot na História e os únicos capazes de perceber as mudanças são aqueles que a fizeram, os Eternos


À princípio, a história é um pouco explicativa, e tem que ser, afinal de contas, estamos sendo apresentados ao universo da Eternidade, como funciona, quem são e o que fazem. Tudo é minuciosamente explicado, mas depois que a leitura engrena, queremos chegar logo ao seu desfecho. 

Só tinha lido alguns contos do Asimov (resenhas aqui e aqui) e O Fim Da Eternidade foi o primeiro romance que li dele e vou dizer uma coisa: A-M-E-I-! 

Reza a lenda que em dezembro de 1953, dois anos antes do lançamento de O Fim Da Eternidade (1955), Asimov folheava uma edição de 1932 da revista Time quando viu o que parecia ser o desenho de uma nuvem de cogumelo típica de uma explosão nuclear. Claro que não se tratava disso, afinal a primeira explosão atômica ocorreu em 1945, contudo, ele começou a pensar nas implicações caso realmente fosse o desenho de um cogumelo atômico numa revista de 1932, e daí surgiu um conto de viagem no tempo que depois se transformaria no romance. Incrível, né? 

Enfim... Tem muita gente que pensa que ficção científica se trata apenas de robôs, computadores, tecnologia e naves espaciais, e não poderia estar mais enganado. Se trata de amor, ética, conflitos morais, ações, realidades alternativas e interferências que podem mudar o rumo da nossa própria existência. É uma mensagem que trata principalmente dos dilemas humanos e seus dramas. E nesse livro isso não é diferente. O foco não está nas viagens no tempo, mas sim nas atitudes de Harlan, suas descobertas e seu relacionamento com a Eternidade, uma organização opressora que, através dos séculos, faz o que bem entende com o Tempo, os Eventos, as Pessoas e seu Livre Arbítrio

Qualquer sistema parecido com a Eternidade, que permite ao homem escolher seu próprio futuro, terminará optando pela segurança e mediocridade, e numa Realidade como essa as estrelas estão fora do alcance. 

O Fim Da Eternidade faz a gente refletir sobre a evolução do ser humano, o controle da vida das pessoas, a individualidade e a humanidade, propriamente dita. Além da inércia oportuna propiciada por uma organização que é autoritária e que se esconde atrás do véu do tempo. 

Tenho que salientar que Harlan não é exatamente um personagem carismático, mas é interessante o suficiente para atravessarmos de mãos dadas com ele uma história cheia de suspense, mistério, dúvidas, revelações e reviravoltas. Na verdade, o Tempo é o grande destaque desta narrativa, marcando presença constante na vida das pessoas no passado, no presente e no futuro. 

Além da leitura ser muito agradável, a tensão da trama faz você querer percorrer os séculos só para conhecer o final dessa história maravilhosa. Confesso que não esperava por todas aquelas explicações e muito menos por aquele final. Se gostei? Claro. Se recomendo? Com certeza! 


A concepção de uma Realidade variável, uma Realidade que não era fixa, eterna e imutável não era algo que pudesse ser encarado casualmente por ninguém. 

Dúvidas Cruéis... 

Tenho que ressaltar que durante a leitura algumas questões intrigantes vieram a minha mente. Elas são: 

1- Quem criou a Eternidade? Uma pessoa? Um governo? Um grupo de países que se unificaram? Foi uma empresa particular? Algumas pessoas que fizeram uma vaquinha? 

2- Quem decide que eventos devem ser modificados? Será que se alguém achar que viagens ao espaço são uma perda de tempo, então vão eliminá-las? Se outro achar que higiene é uma bobagem e não ajuda em nada no processo evolutivo do ser humano? Que fiquemos sujos e fedidos! 

3- É correto que apenas alguns decretem o futuro de bilhões e que as pessoas envolvidas nem sequer sejam questionadas sobre essas mudanças? Cadê a democracia? Pelo visto, aqui ela não existe. O que temos é uma distopia. 

4- Será que a evolução é uma série de acertos e erros e que só ocorre quando nos deparamos com dificuldades e as vencemos ou não? Que uma vida sem alterações inesperadas, sem desastres e mais tranquila, na verdade, seria a nossa ruína como raça? Até onde isso é positivo? Acredito que o fim dos questionamentos, da exploração e da vontade de evoluir seria o ponto final de nossa essência e também a nossa extinção. 

5- Por que os Eternos não podem possuir família na Eternidade ou demonstrar emoções? Talvez porque comecem a questionar o verdadeiro sentido da Eternidade, como aconteceu com Andrew Harlan. Não seria seguro para a organização, e controle é o que faz sua existência perdurar. 

6- A existência da própria Eternidade se perde em um círculo infinito de criação? Criador e criatura no fim são apenas um e o mesmo. Puxa... É muito para assimilar. 



Para mim, o ser humano é sempre capaz de surpreender, tanto para o bem quanto para o mal. E assim vamos seguindo... evoluindo. Quer dizer... Isso se não existir uma Eternidade por aí. 


FICHA TÉCNICA 

Título: O Fim Da Eternidade   
Título Original: The End of Eternity   
Autor: Isaac Asimov 
Ano: 2017 
Páginas: 256  
Editora: Aleph 
Gênero: Ficção Científica 
Tradutor: Susana Alexandria  

AUTOR  

Isaac Asimov nasceu Isaak Yudovich Ozimov, em Petrovich, na antiga União Soviética, atual Rússia, no dia 2 de janeiro de 1920. Quando tinha três anos de idade, sua família emigrou para Nova York, nos Estados Unidos. Como sua família falava com ele sempre em ídiche e inglês, Asimov nunca aprendeu russo. Em 1928, naturalizou-se norte-americano. 

Morou por quase toda a vida no Brooklyn, em Nova York, e foi lá que aos cinco anos de idade aprendeu a ler sozinho. Sua família tinha uma loja de doces onde vendiam, também, revistas pulp fiction (revistas baratas feitas com papel de polpa) de ficção científica e Asimov começou a lê-las. Aos onze anos começou a escrever suas próprias histórias e aos dezenove anos passou a vender suas histórias para revistas interessadas em publicar ficção científica, gênero do qual se tornou grande fã. 

Em 1941, aos 21 anos de idade, ele publicou seu conto O Cair da Noite (Nightfall) que foi considerado o melhor conto de ficção científica de todos os tempos e que impulsionou sua carreira de escritor. 

Esse foi o início do Bom Doutor, como era carinhosamente chamado pelos fãs. Asimov escreveu e editou mais de 500 livros, entre os quais a série Fundação e as histórias de robôs. Afinal, as famosas 3 Leis da Robótica foram criadas por ele no livro Eu, Robô. Duas de suas obras de ficção científica – O Homem Bicentenário e Eu, Robô – ficaram mundialmente famosas, principalmente após terem ido parar nos cinemas. 

Em 6 de abril de 1992, na cidade de Nova York, Asimov morreu devido a falhas cardíaca e renal, causadas por complicações provocadas pelo vírus da AIDS, doença que contraiu após uma transfusão de sangue no fim de 1983 quando fez uma cirurgia de ponte de safena. Isaac Asimov foi cremado. 



Até a próxima! 
Beijos mil! :-) 

Criss 



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