Aprendendo Com “Mauricio, A História Que Não Está No Gibi”

Perdidas e Perdidos. Muitas crianças cresceram correndo pelas ruas do bairro do Limoeiro, de mãos dadas com a Mônica, escondendo um pedaço de melancia da Magali, escapando da chuva com o Cascão e vendo o Sansão voar direto na cara do Cebolinha ao fim de mais um plano infalível que falhou. A Turma da Mônica fez (e ainda faz, por que não?) parte da minha vida e de tantas outras vidas, sempre fazendo as horas passarem com muita alegria e diversão. Mas, a trajetória dessa turminha não foi tão fácil assim e é isso que vamos descobrir na biografia Mauricio – A História Que Não Está No Gibi, do próprio Mauricio em depoimento a Luís Colombini. 




– Desista, menino. Desenho não dá dinheiro nem futuro para ninguém. Vá fazer outra coisa da vida. 

A história do Mauricio de Sousa começa com um sonoro “Desista, menino!” que o chefe de arte do extinto jornal Folha da Manhã (atual Folha de São Paulo) disse ao entusiasmado desenhista de histórias em quadrinhos quando foi procurar emprego na redação. Uma frase desmotivadora, com certeza, mas que se tornou crucial para determinar o rumo de sua vida. E como funcionou! O desista acabou se transformando em insista e hoje a Mauricio de Sousa Produções, que outrora fora batizada como Bidulândia, já vendeu mais de 1 bilhão de gibis, criou quase 400 personagens e possui mais de 3 mil produtos licenciados. 

Mauricio viaja no tempo e narra diversas passagens de sua vida ao jornalista Luís Colombini, desde seu nascimento em 27 de outubro de 1935, em Santa Isabel, São Paulo, que de acordo com o folclore local foi “o dia em que a terra tremeu”, e sua infância em Mogi das Cruzes, também em São Paulo, até os dias atuais como o famoso criador dos quadrinhos da Turma da Mônica. E que apesar de tudo, vive inquieto e por isso está sempre se reinventado. 

Gosto de desafios, de testar e experimentar, de apostar e brigar por novas ideias, de ir além, procurando soluções à medida que os problemas aparecem. Se eu não fosse assim, nem sonharia em ser desenhista num tempo em que tudo jogava contra. 

Ficamos sabendo como ele se encantou por quadrinhos e quais gibis ele mais gostava; a criação de seu primeiro personagem, o super-herói Capitão Picolé; como era a vida de um garoto do interior de São Paulo na década de 1940; sua veia artística; a inspiração para os personagens da Turma; seu receio em publicar o Cascão por não gostar de tomar banho; como entrou na lista negra da imprensa, em plena ditadura; como ele montou seu primeiro estúdio e o motivo pelo qual o Bidu, o cãozinho azul, passou a ser o símbolo de sua empresa; sua corrida atrás do reconhecimento internacional; seus vários projetos; qual o personagem que é o seu alter ego e o único que ele desenha até hoje com sua verve filosófica. Muita coisa, né? E tem muito mais! 

Também conhecemos um pouco mais sobre seus casamentos, seus filhos, suas amizades, sua família e sua vida por trás dos quadrinhos. Fatos que também aparecem ilustrados em várias fotos pessoais compartilhadas por ele no livro. 

[...] olhe para os pés do Cebolinha. Ele usa sapato, ao contrário da Mônica, do Cascão e da Magali, que vivem descalços. Por quê? Aprendi que desenhar o contorno dos sapatos e indicar a cor que eu queria exigia um tempo maior do que eu tinha. Então tomei uma decisão: boa parte da turminha nunca teria calçados. 

Mas você está enganado se pensa que se trata apenas de um relato de sua vida e seus feitos. A biografia de Mauricio é mais do que isso. Mais do que mensagens motivadoras e táticas para seguir em frente com seu sonho, acompanhado sempre de um “Por que não?”, mola propulsora que o impulsionava para o sucesso, na maioria das vezes. O que já estaria no lucro. Sua biografia é uma aula de: 

• como o mundo dos quadrinhos começou e se desenvolveu no Brasil; 
• como um brasileiro foi o primeiro a organizar a Primeira Exposição Internacional de Histórias em Quadrinhos no mundo inteiro, em 1951, em São Paulo; 
• como foi difícil o período do Estado Novo; 
• como o Dia das Crianças ressurgiu das cinzas em 1960, depois de ter sido criado por decreto federal em 1924; 
• como era o ambiente político em 1961. 

A cada página do livro, conhecemos um mundo essencialmente emocionante, didático e inspirador. Mauricio não se omite. Muito pelo contrário. É verdadeiro assim como seus personagens da Turminha do Bairro do Limoeiro que continuam encantando crianças e adultos. 




Na visão de muita gente boa, meu fim no mundo do entretenimento seria só uma questão de tempo. 



Mauricio – A História Que Não Está No Gibi é uma leitura dinâmica e leve. Para mim foi um verdadeiro deleite. É maravilhoso poder conhecer a vida de uma lenda viva nacional dos quadrinhos. Parece que estou ao lado de Luís Colombini ouvindo as histórias, as aventuras e sentindo a determinação de Mauricio em cada palavra. Me deliciando com sua caminhada que não é só cheia de acertos, conquistas e sucessos, mas também contém erros, fiascos e sofrimento, tudo que faz parte da vida de qualquer pessoa comum, quer se chame João, Maria, Pedro, Laura ou Mauricio. 

Na biografia percebemos como o quadrinista apostou em suas histórias infantis, sem malícia e sem violência – exceto as “surras” aplicadas pela Mônica no Cebolinha, é claro, mas isso é coisa de criança. Vemos como ele sempre quebrou o silêncio, realizando a inclusão em seus gibis de personagens com algum tipo de dificuldade, tratando-os com respeito e sem preconceito. Ensinando aos pequenos leitores que todos podem ser amigos e que devem brincar juntos, incentivando a diversidade. Minha admiração por Mauricio só cresceu ainda mais com o livro. 

[...] me dei conta de que estava atingindo em cheio o coração e a mente dos pequenos, e não de jovens ou adultos. Eu achei maravilhoso, mas só com o passar do tempo é que fui compreender o alcance, a dimensão e a responsabilidade que isso trazia. 

O livro Mauricio – A História Que Não Está No Gibi é uma grande aventura, repleta de reflexões e extremamente encantadora e envolvente. Gostando de quadrinhos ou não, esta é uma história que, realmente, não está no gibi e que você não pode perder

A Turminha fez parte da minha infância e me fez acreditar que a amizade é um elo muito forte e poderoso e que, apesar de todas as dificuldades ou brigas, finais felizes eram possíveis e ainda são. Afinal ideias mudam o mundo. 


FICHA TÉCNICA 

Título: Mauricio, A História Que Não Está No Gibi     
Título Original: Mauricio, A História Que Não Está No Gibi     
Autor: Mauricio de Sousa em depoimento a Luís Colombini   
Ano: 2017 
Páginas: 336  
Editora: Primeira Pessoa  
Gênero: Autobiografia  


AUTOR  

Luís Colombini, nasceu em São Paulo, em 1965. Ele é jornalista e diretor de redação da revista Seu Sucesso. Trabalhou nas revistas Veja, Viagem e Turismo e Você S/A

Seu livro de estreia se chama Aprendi Com Meu Pai. Preparou os textos das biografias Mauricio – Uma História Que Não Está No Gibi (sobre Mauricio de Sousa) e Guga, Um Brasileiro (sobre o tenista catarinense). 
Mauricio Araújo de Sousa, mais conhecido como Mauricio de Sousa, nasceu em Santa Isabel, no dia 27 de outubro de 1935. Ele é um quadrinista e empresário brasileiro. 

É um dos mais famosos cartunistas do Brasil e criador da Turma da Mônica

Para saber mais, leia a resenha acima.



  • Episódio Especial Mônica Toy / Star Toys. Duas paixões reunidas. 💖 






Até a próxima! 
Beijos mil! :-) 

Criss 

   

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