Olá, Perdidos! Imagine um cenário pós-apocalíptico, onde um vírus mortal dizimou grande parte da população, atingiu os animais e os sobreviventes se refugiam em locais isolados, lutando para continuarem vivos em meio ao frio intenso e à escassez de recursos. Uma sociedade que levou meros dez anos para entrar em colapso absoluto. Terrível, né? Em “Tormenta”, a autora britânica C.J. Tudor nos transporta para esse futuro distópico onde o frio e a morte reinam absolutos.
Ou você é um mocinho, ou um sobrevivente, dissera-lhe alguém uma vez. E o mundo está cheio de mocinhos mortos.
A história gira em torno de três personagens principais, cada um preso em um local isolado por uma nevasca implacável no momento em que se encaminhavam a um lugar conhecido como Refúgio, um lugar seguro contra um mundo extremamente perigoso. E em meio a esse cenário desolador, acompanhamos esses três personagens distintos, que talvez não sejam quem dizem ser, e cujas narrativas paralelas se entrelaçam (e que fazem parte de um mesmo quebra-cabeça) de forma surpreendente:
- Hannah: presa em um ônibus escolar após um acidente em meio a uma nevasca, ela precisa lidar com o pânico e a desconfiança dos outros sobreviventes. Sua história como estudante de medicina e as decisões que tomou no passado influenciam diretamente suas reações e escolhas durante a nevasca.
- Meg: acorda em um teleférico enguiçado e preso nas montanhas, sem memória de como chegou ali, e precisa confiar em estranhos para sobreviver. Sua experiência como ex-policial e os segredos que carrega adicionam camadas à sua personagem, tornando-a uma figura intrigante.
- Carter: salvo em um abrigo nas montanhas, ele luta para proteger seu grupo e ele mesmo de ameaças externas e internas. Um homem em fuga que traz um elemento de tensão constante com seu passado obscuro.
Ninguém nunca acha que é o vilão.
Todos nós nos iludimos pensando que somos o herói da história.
Em geral, estamos errados.
A narrativa alterna entre os pontos de vista dos personagens, além de vários assassinatos que criam um clima de tensão cada vez maior, como se tentar não se infectar e resistir às intempéries, aos outros sobreviventes e aos Assobiadores, pessoas afetadas pelo vírus na pandemia, uma espécie de zumbis, já não fosse estressante o suficiente. Enfim... Temas como o isolamento, a paranoia, o desespero, a perda, a esperança, o instinto de sobrevivência, as relações humanas, a natureza (na maioria das vezes) sombria do ser humano em situações extremas e as consequências dos seus atos são explorados pela autora.
Quando é que deixávamos de ser pessoas que os outros queriam tocar e abraçar e nos transformávamos naqueles invólucros repulsivos? Ou será que sempre tínhamos sido aquilo? Pedaços de carne trazidos à vida pela magia da varinha de algum mago. Talvez apenas nos devolvesse ao nosso estado natural.
Sua trama é intricada e o suspense psicológico se mistura com elementos de terror e ficção científica em que a atmosfera claustrofóbica e opressiva, com a neve e o frio se intensificando, criam a sensação de perigo iminente.
Os personagens são complexos e multifacetados, com seus próprios segredos, muitos deles tenebrosos, e motivações que fui descobrindo aos poucos. A principal questão que a autora me fez levantar foi bem desagradável, pois quero acreditar que mesmo em uma situação crítica conseguimos manter a humanidade. Afinal, até onde iríamos para sobreviver e o que realmente importa quando tudo está em jogo?
No fim das contas, havia apenas um dia após o outro. Alguns bons, alguns ruins. Momentos de prazer inesperado e períodos de luto insuportável. Para cada ação, uma reação. Para cada momento de sorte, um golpe de azar aleatório. Para tudo de bom, algo ruim. O diabo já foi anjo um dia.
“Tormenta” é um thriller viciante que me prendeu desde o início, e me fez formular inúmeras possibilidades, e é claro, me remeteu a pandemia pela qual o mundo passou recentemente. A escrita de Tudor é fluida e envolvente com reviravoltas inesperadas que me deixaram sem fôlego, bem como seu final impactante.
Realmente achei uma leitura bem empolgante. Logo, se você, assim como eu, é fã de histórias de suspense e terror psicológico, com aquele toque de distopia que só acrescenta, ou como a autora mesma define “thriller de horror zumbi pós-apocalíptico”, com sangue e entranhas, este livro é para você.
FICHA TÉCNICA
Título Original: The Drift
Autor: C.J. Tudor
Editora: Intrínseca
Gênero: Suspense / Ficção Científica Distópica / Terror
Tradutor: Thaís Britto
Conhecendo um pouco mais C.J. Tudor
C.J. Tudor nasceu em Salisbury e cresceu em Nottingham, Inglaterra, onde ainda mora com seu parceiro e sua filha pequena.
Ao longo dos anos, atuou em várias funções, como repórter, redatora, roteirista para rádio, apresentadora de televisão, dubladora, passeadora de cães e por fim escritora.
É uma pessoa bem simples que ama The Killers, Foo Fighters e Frank Turner. Seu lugar favorito é Rock City e seus filmes favoritos são Ghostbusters e The Lost Boys.
Seu amor pela escrita, especialmente o sombrio e macabro, começou cedo e seus autores favoritos são Stephen King e James Herbert, além de Harlan Coben, no gênero mistério.
“O Homem De Giz” — seu livro de estreia e um dos romances mais vendidos de 2018 e 2019 no Brasil e um best-seller do Sunday Times —, “O Que Aconteceu Com Annie”, “As Outras Pessoas”, “Garotas Em Chamas” e “Onze Portas Para A Escuridão”, assim como “Tormenta”, já foram publicados por aqui.
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