Olá, Perdidos! “– Acorde, gênio!” é com esta frase de abertura que Stephen King, o mestre do suspense e do terror, nos presenteia com “Achados e Perdidos”, o segundo livro da trilogia Bill Hodges, o detetive de polícia aposentado que capturou, junto com dois improváveis aliados, Holly Gibney e Jerome Robinson, o famigerado assassino do Mercedes, em “Mr. Mercedes” (o primeiro livro da trilogia).
Em “Achados e Perdidos”, King nos leva em uma jornada que é tanto uma homenagem à literatura quanto um thriller que prende nossa atenção do início ao fim. Mais do que isso, trata-se de uma viagem literária que entrelaça o destino de personagens em uma teia de suspense, literatura e redenção. Stephen King confirma que não é apenas um autor de histórias assustadoras, mas um grande contador de histórias sobre a condição humana.
Para os leitores, uma das descobertas mais eletrizantes da vida era a de que eles eram leitores, não apenas capazes de ler (o que Morris já sabia), mas apaixonados pelo ato. Desesperadamente. Incorrigivelmente. O primeiro livro a fazer isso nunca era esquecido, e cada página parecia trazer uma nova revelação, que queimava e exaltava: Sim! É assim! Sim! Eu também vi isso! E, claro: É o que eu acho! É o que eu SINTO!
O livro já começa com um ar de mistério e nostalgia literária. Estamos em 1978 e o recluso e venerado escritor John Rothstein é assassinado. A popularidade de Rothstein veio após escrever O Corredor, cujo protagonista Jimmy Gold inspirou gerações em uma trilogia, o que rendeu ao autor a fama de “gênio”.
Embora, Rothstein não publicasse nada há décadas, acreditava-se que ele não tinha parado de escrever e guardava um tesouro literário: vários manuscritos inéditos. O crime é cometido por Morris Bellamy, um fã obcecado e desiludido com o rumo que o autor deu ao seu personagem favorito, Jimmy Gold. Bellamy mostra o seu rosto ao escritor e rouba os manuscritos e o dinheiro do cofre como também mata Rothstein, num ato que mistura vingança e adoração.
– Essa merda não quer dizer merda nenhuma. (Jimmy Gold)
Anos mais tarde, em 2009, um garoto chamado Peter Saubers descobre um baú enterrado com vários manuscritos e dinheiro (adivinha quem enterrou!), e o rapaz vê ali a solução miraculosa para os problemas financeiros de sua família afetada não só pelo momento econômico pelo qual passa o país, mas, principalmente, porque Tom Saubers, seu pai, foi uma das vítimas atropeladas pelo assassino do Mercedes, o que o deixou com problemas sérios em uma das pernas. Com dores e incapacitado a trabalhar, Tom torna-se cada vez mais amargurado e as brigas com sua esposa, no momento a única responsável pelo sustendo da família, aumentam.
Agora, imagine a tentação: dinheiro e manuscritos valiosos ao alcance das mãos. O dilema moral de Peter, que faria até Hamlet parecer decidido, e o impacto que essa descoberta tem sobre sua família atingida pela tragédia e pelas dificuldades financeiras são explorados com a habilidade narrativa característica de King. O que se segue é uma narrativa eletrizante com direito até a um episódio meio sobrenatural. Será que surtei?
É classificado como em estado semicatatônico. Em geral, fica sentado no quarto, olhando pela janela para o prédio do estacionamento ou para uma foto de flores na parede do quarto.
Mas houve certos acontecimentos peculiares ao redor de Brady Hartsfield durante o último ano, mais ou menos, e, como resultado, ele se tornou meio que uma lenda na clínica.
Sempre achei King um autor que sabe como poucos desenvolver personagens complexos e cativantes, principalmente se forem crianças e jovens. Em “Achados e Perdidos”, ele cria uma galeria de figuras verdadeiramente humanas, que são falíveis e profundamente reais.
E eis que o detetive aposentado Bill Hodges retorna, mas desta vez, ele parece mais um convidado especial do que o protagonista, deixando claro que o verdadeiro foco da história não está apenas na investigação policial, mas, principalmente, na potência da literatura e seu impacto na vida das pessoas. Aliás, Bill está de volta com seus “assistentes” improváveis.
Para a trilogia manter sua ambientação, mais uma vez temos a cena do atropelamento, um massacre brutal que vitimou várias pessoas em uma fila de emprego em plena madrugada. Desta vez sob a ótica de um sobrevivente extremamente ferido, Tom Saubers, um simples pai de família. Não provocou o mesmo sentimento quando li da primeira vez em “Mr. Mercedes”, pois perdeu o frescor da novidade, mas ainda assim me deixou boquiaberta de novo.
Ele ficou de pé a tempo de ver o carro (era mesmo um Mercedes, um grande sedã tão cinza quanto aquela manhã enevoada) se chocar contra a multidão, jogando corpos longe enquanto seguia em frente, desferindo um arco impreciso. Sangue escorria da grade.
Trata-se de uma excelente continuação, apesar de não termos a participação do Mr. Mercedes, o psicopata assassino que continua hospitalizado. Contudo, é um prato cheio para nós, fãs de King, e para aqueles que amam histórias que retratam o próprio ato de ler e escrever. No livro, tanto Morris Bellamy quanto Peter Saubers, mesmo com a grande diferença de idade, têm em comum a paixão pela literatura e pelo personagem de Rothstein, Jimmy Gold.
E “Achados e Perdidos” nos faz refletir sobre a arte, a obsessão e a natureza humana, tudo embrulhado em uma narrativa fluída e envolvente. Então, se você está se perguntando se vale a pena ler, a resposta é... claro que sim. Mas, leia o primeiro livro da trilogia para entender melhor as coisas.
Assim como um bom vinho, Stephen King só melhora com o tempo, e este livro é a prova disso. Sem demora pegue sua lanterna, prepare-se para desenterrar alguns segredos (não tenha medo de se sujar) e embarque nesta aventura. Só não se esqueça de voltar para o jantar, porque, afinal de contas, até os aventureiros precisam comer.
FICHA TÉCNICA
Título Original: Finders Keepers
Autor: Stephen King
Editora: Suma
Gênero: Thriller Policial
Tradutor: Regiane Winarski
Conhecendo um pouco mais Stephen King
Stephen Edwin King ou Stephen King, como é mais conhecido, é um autor norte-americano, e nasceu em 21 de setembro de 1947, em Portland, Maine. Cresceu lendo quadrinhos de terror e suspense, o que estimulou seu amor pelo gênero, tornando-o um dos mais notáveis escritores de sua geração de contos e romances de horror fantástico e ficção.
Apesar de ser reconhecido como escritor de terror, King escreveu obras fora desse gênero e sua popularidade aumentou ao serem levadas ao cinema histórias como: “Conta Comigo”, “Um Sonho de Liberdade” e “À Espera de um Milagre”. Além da telona, King foi parar na TV com séries.
De 1966 a 1971, Stephen estudou Inglês na Universidade do Maine, onde ele escrevia uma coluna para o jornal da universidade. Foi lá que ele conheceu Tabitha Spruce que se tornou sua esposa em 2 de janeiro de 1971.
Um de seus primeiros romances foi "Carrie".
Ele é conhecido como o Rei do Terror e seus livros já venderam mais de 400 milhões de cópias, com publicações em mais de 40 países sendo um dos autores mais traduzidos no mundo. E muitas de suas obras de terror foram adaptadas para o cinema. Ele também escreve sob o pseudônimo Richard Bachman.
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