E o livro flui bem, é muito gostoso de ler, com um mundo dividido entre humanos, vampiros e licanos (os lobisomens), com suas rixas, preconceitos e inimizades que vivem em uma relativa paz. Sem falar das cenas mais calientes, que dão aquela pitada picante à história.
A questão é que humanos, licanos e vampiros podem ser espécies diferentes, mas somos parentes próximos. O que nos diferencia tem menos a ver com o oculto e mais com mutações genéticas espontâneas ao longo de milhares de anos.
Misery Lark, nossa heroína vampira, não é uma típica donzela em apuros. Ela está mais para uma “donzela em um casamento arranjado com um lobisomem alfa que poderia ganhar o prêmio de Mister Universo Paranormal”. Isso existe? Lowe Moreland, o lobisomem em questão, é “o tipo de líder que mede sua força não pelas batalhas que vence, mas pela confiança que é capaz de conceder aos outros”. E mostra que, às vezes, ser um alfa é como carregar um peso enorme nos ombros. Mas... ele tem aquele charme de “eu sou um lobisomem e posso te ouvir respirar e sentir o seu cheiro a três quilômetros de distância”. Um bad boy com pelos e presas.
A narrativa é contada pelo ponto de vista de Misery, filha de um dos vampiros mais poderosos do lugar e cuja personalidade é tão afiada quanto seus dentes, que, além de lidar com um casamento arranjado entre espécies para manter a paz, ainda tem que encontrar sua melhor amiga desaparecida. Esta parte da história carrega um certo mistério.
Não pense que isso seria conteúdo para um drama sombrio. A história não tem nada de lúgubre e Misery é tão sarcástica e bem-humorada que você vai precisar de um minuto para se recuperar das risadas entre as páginas. Ela é muito debochada, e se você gosta de uma boa piada depreciativa, você está no lugar certo. E no início de cada capítulo há pequenos trechos que apresentam qual estado emocional de Lowe naquele momento da história.
O romance que acontece entre Misery e Lowe é um slow burn que vai fazer você torcer por eles ao mesmo tempo em que quer bater a cabeça na parede pela teimosia dos dois. E podia ser diferente? Eles são como óleo e água, gato e rato, ou melhor, vampiro e lobisomem. Séculos de ódio os separam.
Este, eu acho, é Lowe. Não Lowe, o alfa; Lowe, o irmão; Lowe, o amigo, ou o filho. Apenas: Lowe. Cansado, acho. Solitário, presumo. Irritado, aposto.
É um enemies to lovers ao estilo “eu não posso acreditar que estou apaixonada pelo meu inimigo natural”. Pois é. Aí está o drama! A tensão entre eles é tão palpável que você vai precisar de uma espátula para desgrudar as páginas e quando eles finalmente começam a se entender, lá vem uma enxurrada de cenas de sexo hot “peculiares”... e vou apenas dizer que você vai precisar de um momento para processar o que acabou de ler e lembrar qual era o assunto do livro.
“Noiva” é cheio de clichês deliciosos que odiamos amar, ainda mais quando vêm embrulhados em uma capa de livro: temos o casal que começa se detestando, a tensão sexual que você pode cortar com uma faca, e as reviravoltas que te fazem dizer “Arrá! Eu sabia!”.
– Um parceiro é... A pessoa a quem você se destina. Quem se destina a você.
Ali Hazelwood, autora conhecida por suas histórias de cientistas apaixonadas, decidiu que era hora de dar uma guinada e nos presentear com este romance paranormal que traz um humor genuíno e uma narração cheia de ironia, o que mantém a história fresca e bem divertida.
Apesar de preferir os vampiros-guerreiros-saradões-gostosões com seus combates e as cenas bem mais arrojadas (leia-se hot) da saga da Irmandade da Adaga Negra, de J.R. Ward, “Noiva” é uma leitura envolvente e combina humor, corações palpitantes, suspiros, um rolar de olhos e uma dose saudável de sobrenatural numa escrita bastante fluída, que talvez faça você desejar ter um casamento arranjado com um lobisomem também... ou não!
FICHA TÉCNICA
Título Original: Bride
Autor: Ali Hazelwood
Editora: Arqueiro
Gênero: Romance Paranormal Erótico
Tradutor: Raquel Zampil
Conhecendo um pouco mais Ali Hazelwood
ALI HAZELWOOD é o pseudônimo da autora italiana de sucesso de várias comédias românticas.
Nasceu na Itália, tendo depois vivido no Japão e na Alemanha antes de se mudar para os Estados Unidos da América para se doutorar em Neurociência Cognitiva. Tornou-se professora, ocupação que ainda a assusta de morte. Com seu Ph.D. é autora de vários artigos científicos sobre Neurociência.
Usando o seu background científico, o que a tornou única no seu universo literário, escreveu a aclamada comédia romântica, seu livro de estreia, A Hipótese Do Amor, que foi um sucesso instantâneo. Vários romances vieram a seguir: A Razão Do Amor; Odeio Te Amar; Sob O Mesmo Teto; Abaixo de Zero; Presa Com Você; Amor, Teoricamente e Xeque-Mate. Agora, com Noiva, ela estreia no gênero do romance paranormal, afastado do universo STEM*, é mais um passo singular a ser celebrado na carreira de uma autora de enorme talento.
*STEM é um acrônimo em língua inglesa para “Science, Technology, Engineering and Mathematics” (ciência, tecnologia, engenharia e matemática).
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