Descobrindo “O Vampiro Antes De Drácula”



Olá, Perdidos! Existia não-vida antes de Drácula. Acredite ou não. E o livro “O Vampiro Antes de Drácula”, coletânea de contos organizados, traduzidos e comentados por Martha Argel e Humberto Moura Neto, os mestres da curadoria gótica, nos mostram isso. Melhor que isso. Eles nos levam a um passeio noturno por histórias que vão fazer a gente repensar nossa relação com o alho e as estacas de madeira. Será que não são armas eficazes contra os chupadores de sangue alheio? 

O livro, além de uma antologia que reúne contos de vampiros que já estavam assombrando a imaginação popular muito antes do famoso Conde Drácula pensar em mudar-se para a Inglaterra, também é uma pesquisa sobre a construção do mito sobrenatural desde seus tempos como parte do folclore que aterrorizava crianças e adultos até se tornar um ídolo venerado e imitado da cultura pop atual. 


A interpretação do sangue como fonte da vida e poderoso elo entre os seres humanos é universal. Nada mais natural, portanto, que a ameaça representada pelos ladrões de sangue também seja universal. 


A obra é uma cápsula do tempo, resgatando histórias de vampiros que datam desde o início do século XIX, mostrando que essas criaturas da noite há muito têm uma carteirinha de sócio fundador no clube do terror literário da sua cidade. 





Os 14 contos, que foram publicados entre 1816 e 1914, nos apresentam uma diversidade de vampiros que vão muito além do estereótipo do nobre pálido e esquisito vestindo uma capa e com sotaque do Leste Europeu. 

São eles: 

  1. O Vampiro – John William Polidori (1819)
  2. Fragmento de um Relato – Lord Byron (1816)
  3. O Retrato Oval – Edgar Allan Poe (1842)
  4. A Família do Vurdalak – Alexei Tolstói (1847)
  5. A Dama Pálida – Alexandre Dumas, pai (1849)
  6. Manor – Karl Heinrich Ulrichs (1884)
  7. O Horla – Guy de Maupassant (1ª versão 1886)
  8. Um Mistério da Campagna – Anne Crawford (1887)
  9. O Velho Éson – Arthur Quiller-Couch (1891)
  10. O Último dos Vampiros – Phil Robinson (1893)
  11. Tanatopia – Rubén Darío (1893)
  12. A Verdadeira História de um Vampiro – Conde de Stenbock (1894)
  13. A Floração da Estranha Orquídea – H.G. Wells (1894)
  14. O Convidado de Drácula – Bram Stoker (1914)


Portanto, para todos os efeitos, foi o conto de Polidori que estabeleceu de vez o vampiro na prosa ficcional e que, por assim dizer, apresentou-o à sociedade. 


Cada conto é uma pérola negra, extremamente rara e valiosa, que brilha com uma luz própria e se destaca em meio à escuridão da noite eterna. Os contos nos revelam que os vampiros sempre estiveram entre nós, seduzindo, aterrorizando e, algumas poucas vezes, apenas procurando alguém que conseguisse entender seu gosto peculiar por decoração gótica e música clássica. Sem nunca deixar de dar aquela sugadinha básica no sangue ou na energia, é claro. 


Quando surgiu, o vampiro não era um fantasma ou uma assombração. Ele era real e servia a um propósito: explicar fatos reais para os quais a ciência, ou falta dela, não tinha uma explicação convencional. 


Alguns dos contos perderam seu apelo inicial de assustar até a pessoa mais corajosa, afinal os tempos eram outros, não existia TV e muito menos cinema com tanto realismo e efeitos especiais. 

Mas, com certeza não perderam sua excelência, densidade e dinamismo e, mais que tudo, valem como curiosidade para os leitores que não podem negar a criatividade e a importância desses autores em construir as características básicas dos vampiros. Seja como for, as histórias mostram que os vampiros sempre foram mais do que simples sugadores de sangue. 


Os vampiros costumam ser descritos como sombrios, de aparência sinistra e particularmente atraentes. Nosso vampiro era, ao contrário, quase louro, com certeza não parecia sinistro à primeira vista e, apesar de elegante, não poderia ser considerado particularmente atraente.
A Verdadeira História de um Vampiro (1894) – Conde de Stenbock
 


E após cada conto há uma breve biografia do contista. Um jeito de sermos apresentados ao autor, seu trabalho e sua época e, em alguns casos, como inspirou a obra-prima de Bram Stoker.  





Os contos selecionados para a coletânea representam um aspecto diferente da evolução do vampiro na literatura, desde a sedução e o mistério até o horror e a morte. Essas narrativas não só entretêm como, acima de tudo, oferecem uma visão crítica sobre a sociedade e os medos humanos, refletindo as ansiedades de suas respectivas épocas. 


– Encontraram o pobre Batten morto ou morrendo, num manguezal pantanoso, não me lembro onde, e justamente uma dessas orquídeas estava prensada sob seu corpo. [...] Dizem que as sanguessugas lhe sugaram até a última gota de sangue.
A Floração da Estranha Orquídea (1894) – H.G. Wells
 


Além de uma pesquisa detalhada sobre os vampiros que vieram e se desenvolveram antes do Mestre Drácula podemos ler os contos que exemplificam essa pesquisa. Para os amantes das crianças da noite é um prato cheio, ou melhor, é uma bolsa de sangue cheia. E para os simpatizantes do gênero horror com vampiros, vale muito a pena ler. Trata-se de um verdadeiro banquete que mistura terror, romance e uma pitada de humor negro, tornando “O Vampiro Antes de Drácula” numa leitura obrigatória. 

Pois é... quem diria que os vampiros têm uma história tão rica e diversificada, hein? De aristocratas sedutores até orquídeas famintas passando por belas damas, eles sempre souberam como deixar sua marca de dentes na cultura. Divirta-se! Só não esqueça o alho! (Será que vai funcionar?).



FICHA TÉCNICA 


Título: O Vampiro Antes de Drácula
Organização: Martha Argel e Humberto Moura Neto
Autor: Vários Autores
Ano: 2024 
Páginas: 384 
Editora: Aleph
Gênero: Contos de Vampiro e Obra de Consulta 






Até a próxima! 
Beijos mil! :-) 

Criss 








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