“Rebecca”, Sempre Rebecca!



Olá, Perdidos! Rebecca. “Sempre Rebecca”. Como enfrentar a presença constante e invisível de uma mulher inesquecível? Como suplantar um oponente tão poderoso como a memória de uma mulher deslumbrante? Como deixar sua marca quando se vive à sombra de Rebecca? “Sempre Rebecca”. 

Garanto que já ouviu falar de Rebecca, livro da britânica Daphne du Maurier, publicado em 1938. Mas, se ainda não conhece não tem problema, dá uma olhada na resenha. 





O livro Rebecca narra a história de uma jovem de origem modesta, cujo nome não é revelado, que, após um namorico breve, se casa com um nobre aristocrata inglês viúvo riquíssimo e misterioso, Maxim de Winter, e se muda para sua mansão imponente na costa da Inglaterra, chamada Manderley. 

Uma vez em Manderley, a jovem descobre que a sombra de Rebecca, primeira esposa de Maxim morta em um acidente de barco há menos de um ano, ainda paira sobre a casa e os seus habitantes, especialmente a assustadora governanta, Sra. Danvers, que continua venerando a falecida e despreza a nova esposa. 

A jovem esposa se sente cada vez mais insegura e inferiorizada, e começa a suspeitar que Maxim, na verdade, nunca deixou de amar Rebecca e se arrepende de ter se casado com ela. 

Que segredos seriam capazes de mudar o destino de todos na bela mansão Manderley? 





A leitura foi maravilhosa. E eu temia que não fosse. Afinal, o início eu achei que foi meio assim, assim, mas depois que a história foi para Manderley, uma mansão sombria e solitária rodeada de jardins, no melhor estilo gótico, ficou muito melhor. Valeu e muito a pena. E o que não faltaram foram sentimentos contraditórios com relação aos personagens. De vez em quando dava vontade de dar uma voadora num e noutro. 😊 

Rebecca é um livro que explora os temas da identidade, da memória, da classe social e da moralidade, da obsessão, do amor, do ciúme, da culpa, da mentira e dos segredos familiares. É para refletir, não é? 

O romance é cheio de mistério e a autora criou uma atmosfera de tensão e suspense, usando uma única narrativa, a da jovem esposa que revela seus sentimentos e seus pensamentos, e, foi perspicaz em ocultar quaisquer informações e pistas sobre o que realmente aconteceu com Rebecca. 


Me perguntei o que ele diria se realmente conhecesse meus pensamentos, meu coração e minha mente, e soubesse que por um segundo ele foi o Maxim de outra época, e eu Rebecca. 






O interessante é que Rebecca nunca aparece na narrativa, nem mesmo em flashback, somente nos diálogos do conservador Maxim, da idólatra Sra. Danvers e do dissimulado Favell (seu primo). E, também, através da imaginação da insossa nova Sra. de Winter, título que até em uma ocasião ela mesma confunde com a falecida Rebecca. 

Aos olhos de muitos amigos, vizinhos e empregados, Rebecca é a verdadeira e insubstituível Sra. de Winter. Glamurosa, sofisticada, inteligente, bela, elegante e admirada por todos. 

Rebecca se revela independente, o que naquela época, numa sociedade tão tradicional, era imperdoável para uma mulher, ainda por cima casada. E nas palavras da Sra. Danvers, ela "tinha toda a coragem e o espírito de um garoto".  


Pois então. Um marido não é muito diferente de um pai, no fim das contas. Existem certas coisas que prefiro que você não saiba. É melhor que fiquem trancadas. É isso. Coma seus pêssegos e não me faça mais perguntas, senão vou colocá-la de castigo. 


Aos poucos, a jovem esposa, mesmo envolta em tramoias e manipulações, tenta desvendar os segredos de Rebecca. E mesmo assim a nova Sra. de Winter não consegue se livrar de seu domínio fantasmagórico na bela e quase mágica Manderley. Afinal, foi Rebecca que construiu a reputação e reconstruiu o estilo da mansão. Tudo ali é Rebecca. Manderley é Rebecca





De acordo com suas biografias, Daphne du Maurier imortalizou em seu romance Rebecca, uma antiga mansão da Cornualha a qual ela adorava, chamada Menabilly, que apesar de vazia, pertencia a uma família que concordou em alugá-la e onde morou por 25 anos. Sua homenagem aparece na primeira frase do livro, em uma das aberturas mais inesquecíveis, envolventes e belas da literatura: “Ontem à noite, sonhei que tinha ido a Manderley novamente”. 

E Manderley é tão importante para a história que pode ser considerada uma personagem principal. A mansão é símbolo da tradição e da memória, que tanto influenciam e atormentam Maxim e sua segunda esposa. E embora seja imponente, com uma beleza quase mágica por fora, esconde muitos segredos e mistérios por dentro. 

Achei curioso a narradora/protagonista não possuir um nome, o que aumentou o efeito de mistério na história e o contraste com a falecida esposa. É óbvio que foi uma escolha deliberada da autora até mesmo para mostrar sua insegurança, sua falta de identidade e sua dificuldade em se adaptar à nova vida em Manderley, lugar onde vive à sombra de Rebecca. Há teorias que sugerem que o nome dela poderia ser o da autora, Daphne du Maurier, pois como Maxim disse certa ocasião, “você tem um nome adorável e incomum”. Para mim, ela jamais teria a personalidade e a força de Rebecca para ser lembrada. 


Rebecca, sempre Rebecca. Todas as vezes que eu andava por Manderley, em todos os lugares onde me sentava, mesmo nos meus pensamentos e sonhos mais íntimos, encontrava Rebecca. [...] Rebecca, sempre Rebecca. Eu jamais me livraria de Rebecca. 


E por falar em nome, o nome Rebecca tem origem hebraica e um de seus significados é "mulher com uma beleza que cativa os homens". Sua conotação bíblica é de uma mulher virtuosa e um símbolo de força feminina. Portanto, o nome Rebecca tem um significado profundo e complexo, que reflete a personalidade e o mistério que a envolve. 

O livro foi adaptado para o cinema pelo diretor Alfred Hitchcock, em 1940, e ganhou o Oscar de melhor filme. Embora Rebecca seja considerado um clássico da literatura inglesa, a autora Daphne du Maurier foi acusada de plagiar a obra A Sucessora (1934), da escritora brasileira Carolina Nabuco, devido as semelhanças. Apesar do babado forte, não houve processos legais. E ambas as obras ganharam adaptações de sucesso. Rebecca virou filme e A Sucessora, novela. 


Eu podia enfrentar os vivos, mas não os mortos. [...] Mas Rebecca nunca envelheceria. Rebecca sempre seria a mesma. E contra ela eu não podia lutar. Ela era forte demais para mim. 


Se você gosta de mistério, suspense, terror, segredos e reviravoltas (os famosos plot twists) não pode deixar de ler Rebecca, um romance gótico memorável, com um final surpreendente, impactante e bastante significativo. 




 FICHA TÉCNICA 


Título: Rebecca 
Título Original: Rebecca 
Autor: Daphne du Maurier 
Ano: 2023 
Páginas: 448 
Editora: Darkside 
Gênero: Romance Gótico 
Tradutor: Regiane Winarski 
Ilustrações: Gabee Brandão 


Conhecendo um pouco mais Daphne du Maurier 






Daphne du Maurier nasceu em Londres, Inglaterra, em 13 de maio de 1907. Filha de atores e neta de escritor, recebeu formação escolar em casa e depois em Paris. 

Publicou o seu primeiro romance, The Loving Spirit, em 1931. Tornou-se uma das autoras britânicas mais apreciadas com A Pousada da Jamaica (1936) e Rebecca (1938) – de longe o seu livro mais conhecido. Muitos dos romances que escreveu são bestsellers e inspiraram filmes inesquecíveis de grande sucesso. 

Em 1932 casou com o tenente-general Sir Frederick A. M. “Boy” Browning com quem teve três filhos. Foi agraciada com a DBE (Dama do Império Britânico) em 1969, tornando-se Lady Browning, e viveu, até à sua morte, em 19 de abril de 1989, aos 81 anos, na sua amada Cornualha, no Reino Unido.  








Até a próxima! 
Beijos mil! :-) 

Criss 




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