[OUTUBRO ATERRORIZANTE] Menina Má



Olá, Perdidos! Perturbador é o mínimo que se pode dizer de Menina Má, de William March. Mesmo depois do impacto que provocou em seu lançamento (em 1954), o livro, ao meu ver, ainda continua deixando seu leitor inquieto diante deste terror psicológico que tenta entender a natureza da maldade humana, através de uma garotinha de oito anos, Rhoda. Uma menina, aparentemente, graciosa e linda, mas que camufla uma personalidade cruel e manipuladora que usa e abusa de uma falsa “fofura” da própria idade. 





Nascemos maus ou a maldade se desenvolve ao longo dos anos, de acordo com o meio em que vivemos e nossas interações ou falta delas com as pessoas? Essa é a pergunta que permeia a trama e não sai da nossa cabeça. 


Mais tarde naquele verão, quando a sra. Penmark olhava para trás e se recordava, tomada por um desespero tão grande que sabia que nunca encontraria uma saída, sem ver solução para as circunstâncias que a atormentavam, lhe parecia que o 7 de junho, dia do piquenique da Escola Primária Fern, fora o dia em que sentiu felicidade pela última vez, pois, desde então, nunca mais soubera o que era uma alegria ou paz. 


Como disse no parágrafo acima, a repercussão do livro na época do lançamento foi polêmica, pois trata de um tema muito delicado que, apesar de existir, preferimos não encarar: a psicopatia infantil ou o transtorno de conduta. E tão desconcertante quanto a história do livro é saber que o autor recebeu inspiração de casos reais de crianças assassinas. 





A história do livro já começa com uma comoção e vem com tudo pra cima. Um acontecimento trágico num lago durante o piquenique da escola, leva à morte um colega de Rhoda, Claude Daigle, que tinha ganhado uma medalha que a menina cobiçava e achava que deveria ter sido premiada com ela. Curiosamente essa medalha não é encontrada após a morte do menino. 


Christine pensou: Ela é tão fria, tão impessoal em relação a coisas que incomodam os outros... Era isso o que nunca fora capaz de entender. Ela e Kenneth costumavam rir daquilo e chamar, entre eles, de “reação de Rhoda”. No entanto, naquele momento, a particularidade da filha a perturbou e a desanimou de um jeito inqualificável, indefinível. 


Desconfiada de que sua filha tenha algo a ver com isso, Christine Penmark começa a rebuscar memórias do passado de Rhoda e se depara com memórias dela mesma que havia reprimido como um modo de sobreviver ao seu próprio passado. E o que ela descobre é assustador. 

Aliás, o livro narra a história de Christine Penmark, casada com Kenneth, um militar ausente no lar. Apesar de ser uma mãe dedicada e ter uma relação afetuosa com sua filha, ela sente um estranhamento com relação à menina. Mesmo com todos os vizinhos adorando e paparicando Rhoda e lhe dizendo o quanto tem sorte de ter uma menina tão formosa, para Christine algo não se encaixa. Ela sabe que sua filha é uma criança encantadora, inteligente e educada, e também sabe o quanto Rhoda pode ser egoísta, fria, mentirosa e ambiciosa, sendo capaz de fazer qualquer coisa para conseguir aquilo que deseja, não demonstrando nenhum remorso por seus atos ou empatia com as pessoas afetadas. 


Só através do conhecimento ela seria capaz de ajudar a filha, orientando-a com inteligência e compreensão a assumir posturas mais aceitáveis, e a perseguir metas mais convencionais. 


Após o impacto inicial como um soco no estômago, segui de perto toda angústia, pavor e tensão pela qual Christine passou durante a narrativa com seus sentimentos conflitantes entre o amor e o horror por sua própria filha. Encarando a dúvida de ser uma Semente do Mal (expressão referente ao título original em inglês Bad Seede se questionando se a maldade é fruto do ambiente em que se vive ou se é geneticamente passada de geração em geração. E, acima de tudo, se há alguma esperança de reabilitação de seu estado. 


Adaptação para o cinema de Menina Má: A Tara Maldita (BR) / The Bad Seed (EN) - 1956 



É difícil, duro e muito desesperador acompanhar Christine chegar ao único recurso possível, de acordo com sua perspectiva, para proteger sua pequena filha e todos a sua volta, até mesmo um marido e pai que se omitiu de toda responsabilidade com sua própria família, deixando o “fardo” (que ninguém me tira da cabeça que ele conhecia muito bem) e todas as culpas para a esposa “negligente” e “transtornada”. 


“A culpa é minha”, ela repetiu de novo para si. “Sou eu que tenho a semente do mal.” 


Vou contar que crianças do mal, com risadinhas esquisitas me desesperam e me assustam muito mais que histórias sobrenaturais com adultos. Tanto que O Bebê de Rosemary e O Exorcista foram influenciados por este clássico do terror. E convenhamos, Menina Má é um livro assustadoramente real demais. Afinal, os famosos psicopatas da história um dia foram crianças. Ou será que você nunca pensou nisso? Vale a pena ler, mas por sua conta e risco. 




Autor: William March 
Título: Menina Má 
Título Original: Bad Seed 
Ano: 1954 
Gênero: Terror Psicológico 









Até a próxima! 
Beijos mil! :-)

Criss 





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