Olá, Perdidos! Com A Rosa E A Adaga, continuação da maravilhosa duologia A Fúria E A Aurora de Renée Ahdieh, a bela história de Sherazade e Khalid, cheia de encantamento e sedução, chega ao fim.
O livro começa com a cidade totalmente em chamas atingida por uma estranha tempestade noturna e Sherazade sendo levada por Tariq para o acampamento da tribo Badawi do xeque Omar al-Sadiq, onde ele e seus homens se reúnem com outros insurgentes em um conselho de guerra.
Separados, Khalid, com as próprias mãos, ajuda a reconstruir das cinzas o que sobrou de Rey, no reino de Khorasan; e Shazi não esmorece ao tentar encontrar um meio de pôr fim à maldição de Khalid, mesmo com seu pai Jahandar doente, corrompido pelo poder, e sua irmã precisando dela, além de todas as implicações que sua posição como a califa lhe trazem em meio aos que querem matar o rei. Afinal, ela foi a única mulher que sobreviveu às núpcias reais e para todos ela é tão perigosa quanto o próprio califa.
Só resta saber em quem Shazi pode confiar para ter seu final feliz.
Com uma espada em cada mão, Khalid continuou a avançar pelo campo.
Agora, o som do metal se entrechocando soava em torno de sua cabeça como a fúria de um siroco do deserto.
Ainda não bastava.
Um fio de sangue desceu pelo seu braço.
Não sentira nada. Apenas o vira.
Porque nada doía tanto quanto a saudade dela.
Ele suspeitava que nada chegaria perto.
No acampamento, ela aproveita para fazer incursões no Tapete Voador presenteado por Musa Zaragoza. E convenhamos, é uma viagem fantástica e muito mais rápida e menos extenuante do que em cavalos e camelos. Isso é fato! A autora usa a magia apenas como um complemento encantado para a história e exalta que a verdadeira magia é acreditar que tudo é possível quando feito por amor e que “o poder por trás das palavras está com a pessoa que as profere.”
Não sei se no tempo de As Mil E Uma Noites, cuja mais antiga menção do livro árabe é um fragmento de um manuscrito do início do século IX, as mulheres tinham voz ativa (provavelmente não), pois hoje sabemos que na grande maioria dos países árabes, elas não têm o direito de se expressar. Triste.
Contudo, no livro de Renée Ahdieh, as protagonistas mulheres não só opinam como fazem a história acontecer e salvam o dia, como a destemida Sherazade, Despina, Irsa e até mesmo a pequena Shiva (mesmo nome da amiga de Shazi) que com seus onze anos e meio exibe liderança ao limpar sua casa da destruição provocada pela tempestade e desconfiança com estranhos bondosos demais. Uma linha que atravessa passado, presente e futuro, estampando inteligência, sabedoria, bravura, habilidade, magia e amor. Quer mais?
– Não é assim que funciona. Seu futuro não está escrito, minha estrela mais querida. Uma moeda dá muitas cambalhotas antes de chegar ao chão. – Sherazade soltou o ar devagar.
A narrativa difunde um pouco mais a cultura árabe e vários termos utilizados são explicados em um glossário no início do livro. Se algo não está lá, provavelmente é esclarecido na própria trama ou é só fazer uma rápida pesquisa no nosso amigo de todas as horas, o Google. Sem problemas.
Assim como no primeiro livro, A Fúria E A Aurora, alguns contos estão espalhados pelo livro oferecendo um tempero a mais, afinal, Sherazade contava histórias para o califa!
Reencontramos vários personagens queridos (outros nem tanto) como Tariq, Rahim, Despina, Jalal, Rajput, Yasmine que têm suas histórias um pouco mais escrutinadas e alguns personagens novos surgem e ganham espaço na narrativa, como Artan Temujin com seu amigo para lá de incomum.
Traições, mentiras, decepções, sequestro, mercenários, batalhas, alianças, surpresas e reviravoltas continuam a dançar nas páginas deste livro que nos presenteia com muito mais aventura e ação, jogos políticos minando as relações de amizade e de família, romance e superação, que cismam em nos arrancar o fôlego a cada passagem no deserto.
– Não é preciso coragem para matar. Mas é preciso coragem para viver.
A escrita simples, fluida e cheia de poesia continua presente em A Rosa E A Adaga. Suas belas frases se destacam na trama que deixou o suntuoso palácio de Khalid, onde se desenrolou a história de A Fúria E A Aurora, e tomou o rumo do deserto em direção às tendas do acampamento árabe.
Apesar de ser uma continuação, o livro possui vida própria com tópicos bem específicos, diferentes do anterior. No primeiro livro eram a morte das jovens mulheres e a maldição que atormentava o califa. No segundo, são a luta pelo amor e pelo poder. Um excelente final para uma história cheia de encantos mil que ultrapassa a aurora e alcança o dia seguinte como uma promessa para um futuro pleno de dias seguintes.
FICHA TÉCNICA
Título Original: The Rose And The Dagger
Autor: Renée Ahdieh
Editora: GloboAlt
Gênero: Ficção e Fantasia
Tradutor: Fabienne Mercês
Conhecendo um pouco mais Renée Ahdieh
Renée Ahdieh nasceu no dia 7 de julho de 1983, e seus primeiros passos foram dados na terra natal de sua mãe, em Seul, na Coréia do Sul. Devido a sua descendência, ela é americana-coreana.
A Fúria E A Aurora é o primeiro romance de Renée Ahdieh e foi selecionado como um dos melhores lançamentos do ano de sua publicação pela crítica norte-americana. O romance faz parte de uma duologia que conta também com A Rosa E A Adaga. E, além dos dois romances, ela lançou um livreto com três contos para complementar sua história, Contos De A Fúria E A Aurora, em que Khalid e Despina contam suas versões de determinados pontos da história.
Quando não está escrevendo, Renée gosta de imaginar tramas e conflitos para seus personagens. Ela mora com seu marido persa Victor e seu cachorro Mushu, em Charlotte, na Carolina do Norte.
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