Olá, Perdidos! Imagina você se arrumando para ir a uma festa onde irá passar uma noite maravilhosa e encantada com o seu love e, de repente, tudo vira de cabeça para baixo! Terrível, né?
A Chinela Turca, de Machado de Assis, explora uma situação inesperada para lá de assustadora.
Em 1850, em pleno Rio de Janeiro, o bacharel Duarte se arruma elegantemente para ir ao baile da viúva Meneses onde pretende cortejar e dançar com Cecília, moça recém-conquistada. Sem dúvida, está ansioso para rever sua bela namorada de cabelos loiros e olhos azuis.
Enquanto se prepara, recebe a visita do Major Lopo Alves, um homem extremamente enfadonho. Mas, por ser um velho amigo da família e, ainda por cima, aparentado com sua amada Cecília torna-se impossível dispensá-lo.
A visita inesperada tarde da noite não é um problema, não fosse um manuscrito de 180 folhas que traz consigo com um drama que escreveu e o qual pretende ler para o bacharel.
As horas passam e o baile está perdido para Duarte que não esconde seu mau-humor e o total desinteresse pela leitura. De repente, Lopo Alves enrola o manuscrito, se levanta e vai embora ressentido sem ao menos terminar a história.
Logo a seguir, policiais batem à porta do bacharel acusando-o de ter furtado uma chinela turca ornada de finíssimos diamantes e, sem mais nem menos, o levam preso. Aparentemente a madrugada será longa e muito assustadora para Duarte.
Duarte estava pálido e frio. Quis falar, não pôde; um gemido, sequer, não lhe saiu do peito. Rolaria ao chão, se não houvesse ali perto uma cadeira em que se deixou cair.
Então, você deve estar se perguntando o porquê de ter escolhido A Chinela Turca para o Outubro Aterrorizante se o sobrenatural não faz parte deste conto. Não se trata de uma história de terror onde monstros, coisas inexplicáveis ou fantasmas aterrorizam os personagens. Nada disso. São os acontecimentos fortuitos que provocam o pânico.
E, Gente...! Só mesmo o Bruxo do Cosme Velho para escrever um conto original e bem-humorado como este com umas tiradas incríveis e que, mesmo sendo tão pequeno (umas 11 páginas), possui muitas reviravoltas e surpresas que nos ludibriam pela ação e dinamismo, cujas sutis indicações do que está acontecendo deixamos passar.
A narração do conto acontece em terceira pessoa por um narrador onisciente que relata todas as experiências de Duarte naquela noite cujo baile ele perde. E todos os “fenômenos espantosos” que direcionam o bacharel pela aventura que vem a seguir.
Os sentimentos do bacharel não faziam crer tamanha ferocidade; mas a leitura de um mau livro é capaz de produzir fenômenos ainda mais espantosos.
Após a rompante saída do Major, Duarte se vê metido em uma estranha trama rocambolesca sem pé nem cabeça envolvendo uma chinela turca valiosa, policiais, rivais, sequestro, casamento forçado, ameaça de morte e fuga. Ufa! Uma agonia só.
Com um enredo repleto de peripécias e um fino senso de humor recheado de espirituosidade, Machado de Assis traz uma história cativante que foge do óbvio, aliás, uma marca do autor. O final é surpreendente!
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