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[OUTUBRO ATERRORIZANTE] [Conto Guy de Maupassant] A Mão



Olá, Perdidos! Para mim, caçar sem ser por sobrevivência é algo abominável. Caçar por esporte e, ainda por cima, manter um suvenir do animal abatido pendurado como um quadro na parede é um símbolo de mau gosto, de crueldade e de uma falsa superioridade. 

O conto A Mão, de Guy de Maupassant, revela um caso policial inexplicável por trás de um suvenir bastante bizarro. 








Numa reunião, o Sr. Bermutier, um juiz de instrução, comenta sobre o mais misterioso crime que atormenta Paris há um mês. Algumas mulheres no local se contorcem de medo com o caso que para elas tomava ares sobrenaturais. 

O juiz esclarece que se trata de um crime bem concebido e bem executado que está apenas cercado por uma nuvem de mistério e nada mais. Então, ele decide contar um caso insolúvel e, realmente, bem estranho que aconteceu quando trabalhava em Ajaccio, uma cidade onde assassinatos cruéis e massacres de cunho vingativo aconteciam em abundância. 

Segundo ele, os moradores da cidade estavam preocupados com um novo morador, um inglês que alugara uma vivenda por vários anos e que virou alvo de boatos e lendas. Após alguns dias vigiando esse tal morador, que se dizia chamar sir John Rowell, decidiu preparar um “encontro casual” para iniciarem uma camaradagem. 

Um dia, ao visitá-lo, o inglês mostrou-lhe diversas espingardas. Contudo, um objeto chamou sua atenção: uma mão humana esfolada, enegrecida e ressecada pelo tempo. 

De acordo com o homem foi sua caçada mais valiosa, seu melhor inimigo. A exposição do troféu deixou o juiz perplexo, pois a mão estava presa com correntes, como se pudesse fugir a qualquer momento. 

Um ano depois sir John Rowell foi encontrado morto, estrangulado e a mão tinha desaparecido. 





O conto A Mão foi publicado originalmente no jornal Le Gaulois em 23 de dezembro de 1883. Depois, na coleção Contes du Jour et de la Nuit (Contos do Dia e da Noite) em 1885. 


Era uma mão, uma mão de homem. Não uma mão de esqueleto, branca e limpa, mas uma mão negra ressequida, de unhas amarelas, com músculos à vista e vestígios de sangue antigo. 


Guy de Maupassant brinca entre o delírio e o medo produzido por seus contos fantásticos. Afinal casos sem solução aparente sempre promovem especulações e se, ainda por cima, forem bizarros, nossa imaginação voa alto. Vai dizer que não? 

O conto é curtinho e mistura habilmente terror com mistério policial. Mesmo tratando-se de um tema bastante comum como vingança, é engenhoso como o narrador, que no caso é o Sr. Bermutier, nos empurra em direção ao oculto e ao inexplicável ao contar os acontecimentos dando ênfase ao mistério e envolvendo-o em uma aura sobrenatural

Achei bem interessante o sotaque característico do inglês se esforçando para falar outro idioma, que do francês original do conto passou para o muito bem colocado português. Dá para ouvir seus erros característicos e erres (plural da letra R). 


Contou-me que tinha viajado muito, em África, na Índia, na América. E acrescentou a rir: 
– Teve moitas aventurrass, oh yes! 


Trata-se de um texto inteligente que incita a curiosidade com um mistério para lá de macabro, que tem início com a exibição da mão decepada e acorrentada de um ser humano. A escrita de Maupassant é agradável e induz a devaneios. O texto não chega a ser aterrorizante ou digno de gritos cheios de horror, mas é a dúvida sobre quem cometeu o assassinato do inglês, se pertence a este mundo ou ao além-mundo, que, realmente, me provoca calafrios. 

Você acredita no quê? 




Autor: Guy de Maupassant   
Título: A Mão   
Título Original: Le Main   
Ano: 1883 
Gênero: Conto de Terror e Suspense  










Até a próxima! 
Beijos mil! :-)

Criss 





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