A Commedia dell’Arte No Carnaval

Olá, Perdidos! Semanas antes, dias ou às vésperas do Carnaval, nos perguntamos “com que fantasia eu vou?” Pois é. Seja em bailes ou blocos de rua a fantasia é obrigatória, pois é ela que colore e enche de alegria as ruas e os foliões. 





O Carnaval ainda respira ares de pandemia, por isso os festejos de rua e os desfiles foram cancelados, inclusive na cidade do Rio de Janeiro. O Maior Carnaval do Mundo vai ter que esperar. Mas, a fantasia, não! 

Muitas fantasias de outras épocas ainda mantêm seu glamour, como por exemplo Pierrô, Arlequim e Colombina, o triângulo amoroso mais famoso da história. 


Origem Dos Personagens  


A história dos três personagens era parte de um estilo teatral conhecido como Commedia dell’Arte (Comédia da Arte), uma espécie de teatro popular oriundo do teatro popular renascentista que surgiu na Itália do século XV e depois se desenvolveu na França, onde recebeu o nome de “Comédia Italiana”, até o século XVIII quando entrou em decadência por suas peças se tornarem vulgares. Também chamada de “Commedia All’improviso” e “Commedia a Soggetto”, foi criada para se opor à Commedia Erudita (Comédia Erudita), a comédia dos clássicos gregos e romanos, apresentada para a nobreza. Afinal, as pessoas do povo mereciam um alívio para seu dia a dia estafante. 

As trupes eram itinerantes e realizavam apresentações nas ruas, no idioma local, e seu repertório era geralmente de peças teatrais improvisadas. Sua intenção era levar o teatro para todos e realizar uma sátira social, criticando e ironizando os costumes da classe dominante italiana da época. Sempre ridicularizando os poderosos e os nobres em geral. 

Através de improvisação e espontaneidade, os atores se utilizavam da dança, música, acrobacia e diálogo irônico e muito bem-humorado para provocar risadas e muita interação com a plateia, enquanto “atacavam” militares, nobres, comerciantes e banqueiros.  

O figurino colorido dos personagens e o uso de máscaras eram características da Commedia dell’Arte. Geralmente, os que não utilizavam máscaras eram os enamorados, considerados ingênuos, inocentes, vaidosos e atraentes. Love is in the air! 

Muitas mudanças na narrativa do triângulo amoroso surgiram com o passar dos anos, mas, basicamente, continua relatando a história de Pierrô que ama Colombina que é perdidamente apaixonada por Arlequim que corresponde a esse amor. 


Os Personagens Principais 


Havia os Patrões que representavam o conservadorismo, a intelectualidade, a honra e o bem-estar financeiro. Muitas vezes farsantes e hipócritas. Os Amantes que eram os jovens apaixonados (estilo Romeu e Julieta). O amor é lindo! E, por fim, os Serviçais, pessoas da classe social mais baixa. E é nessa última categoria que se encontra o nosso trio. 





Arlequim (Arlecchino) era servo do mercador de Veneza, conhecido como Pantaleão (Pantalone). Era um dos Zannis, personagens trapaceiros, cômicos, malandros e criativos. Ele adorava criar confusão com os outros personagens. Divertido, fanfarrão, atrapalhado e malandro, sempre tentava escapar do alvoroço que ele mesmo criava. Costumava aparecer nos intervalos das apresentações e com suas brincadeiras entretinha a plateia, roubando beijos das atrizes, principalmente da Colombina. Caiu nas graças do público e passou a ser parte do triângulo amoroso. 

Colombina era criada da filha de Pantaleão. Inteligente, habilidosa e requintada, tanto quanto sua senhora. Ela era apaixonada por Arlequim e para despertar seu amor tentava encantá-lo com suas danças e canções durante os espetáculos. 

Pierrô (Pedrollino) era um servo devotado e fiel de Pantaleão. Ele era o mais pobre dos personagens e vestia-se com roupas feitas de sacos de farinha e talvez por isso seu rosto fosse pintado de branco. Ele não usava máscara, o que denunciava ao público a sua pobreza. Como um eterno apaixonado por Colombina, tinha uma lágrima preta desenhada sob o olho, o que denotava sua tristeza e seu coração partido por não ser correspondido por ela. 


Outra Versão Da História 


Em outra versão, Pierrô era amigo de infância de Colombina e desde cedo nutria uma paixão por ela. Ele era padeiro e ela era criada de Isabella, filha do mercador de Veneza, ambos trabalhavam para Pantaleão. Sofrendo em silêncio, Pierrô escreveu várias cartas declarando seu amor secreto à Colombina. Infelizmente para Pierrô, num Carnaval ela conheceu Arlequim que a seduziu e lhe roubou um beijo e, completamente enamorados, fugiram para viver sua paixão. E, é claro, Pierrô apaixonado ficou para trás inconsolável. 

Como a vida real não se parece em nada com os contos de fada, e as danças e canções não diminuíam as dificuldades que começaram a surgir, numa noite Colombina achou uma das cartas de seu amigo abrindo seu coração e lhe revelando seu imenso amor por ela. Colombina percebeu que o amor de Pierrô era puro e verdadeiro e então decidiu ir embora, de volta à sua cidade, para se lançar nos braços dele e para abraçar uma vida cheia de felicidade. Dito e feito. 

E Arlequim, com saudades de sua Colombina, também retornou à cidade para permanecer perto da amada. Mas, apesar de enorme contentamento, durante os Carnavais Colombina sempre esperava reencontrar Arlequim, uma chama que teimava em não se apagar.  






Curiosidades


  • Pierrô é o nome afrancesado do original italiano Pedrollino. E foi esse nome que conquistou o mundo.  
  • Por viver suspirando de amor, por ser um sonhador, por sua inocência, por sua vestimenta e por sua maquiagem, o personagem Pierrô influenciou os palhaços de circo.
  • A roupa de Arlequim era repleta de losangos coloridos
  • Colombina também era reconhecida pelos nomes Esmeraldina, Diamantina, Pasquela, Ricciolina, Coralina, Argentina e Franceschina. 


Crítica Social E Romance 


Uma história de amores impossíveis, sofrimento, comédia, fugas, brigas e reconciliações que no século XV personificava uma crítica social muito intensa. Hoje, vários anos depois, a história dos três personagens se perdeu e tornou-se a mais pura representação do romance de folhetim. 

Músicas e marchinhas de Noel Rosa e Zé Keti reeditaram esses personagens tão queridos e atualmente representam o direito e a liberdade do desejo durante o Carnaval. Ninguém é dono de ninguém; onde os dias não têm cobranças e as pessoas não possuem laços. Só tome cuidado para não dar uma de Colombina e passar a folia inteira tentando achar Arlequim, o beijoqueiro. 



DIVIRTA-SE NO CARNAVAL! 

DIGA NÃO A GUERRA! 

PAZ NO MUNDO! 


Doe livros, presenteie livros ou, apenas, indique livros. 
Incentive a leitura! 







Até a próxima! 
Beijos mil! :-) 

Criss 



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