[OUTUBRO ATERRORIZANTE] [Conto H.P. Lovecraft] Ar Frio



Olá, Perdidos! No conto Ar Frio, H.P. Lovecraft nos apresenta o relato de uma pessoa explicando os motivos que a fizeram sentir extrema repulsa e pavor pelo mais leve sopro de ar frio. A história parece até um romance policial noir. Curioso? Vem comigo. 





Na primavera de 1923, o narrador, que não sabemos o nome, consegue um trabalho mal remunerado em uma revista de Nova York e se muda para um quarto de uma pensão barata, uma mansão de quatro andares construída no fim da década de 1840, com o mínimo de conforto e menos desagradável que tantas outras que havia visitado. 

Após três semanas morando na pensão, surge um vazamento de amônia no teto de seu quarto proveniente do quarto acima do seu. Problema resolvido, não sem antes a senhoria da pensão, a Sra. Herrero, contar uma história sobre o morador responsável pelo tal vazamento, o médico Dr. Muñoz. 

Quando o narrador sofre um ataque cardíaco repentino procura o seu vizinho médico que o socorre. 

Apesar do médico viver completamente isolado, parecer doente, manter seu quarto em uma temperatura muito baixa (12 ou 13 graus) e possuir hábitos estranhos surge uma conexão entre eles e as visitas se tornam constantes, assim como sua assistência. 




A história foi escrita em fevereiro de 1926, contudo só foi publicada em março de 1928 na revista pulp (feita com papel barato de polpa de celulose) Tales of Magic and Mystery que é lembrada justamente por ter publicado essa única história de Lovecraft. Peter Canon, estudioso da obra do autor, considera Ar Frio como “a melhor história com um cenário de Nova York” em que ele usa “um estilo naturalista discreto para um efeito poderoso”. Bota poderoso nisso! 

O ponto de vista é unicamente do narrador que se propôs a contar a um ouvinte, talvez um amigo, os fatos que o levaram a temer o ar frio. 


O que me proponho a fazer é relatar a circunstância mais horrenda que jamais presenciei e deixar para o senhor a decisão de aceitá-la ou não como justificativa para a minha excentricidade. 


Ele conta que fez amizade com o Dr. Muñoz e se tornou seu assistente. Relata algumas conversas que os dois tiveram a respeito de estranhas teorias do médico sobre como “a força de vontade e a consciência são mais fortes do que a própria vida orgânica” e que “um corpo mortal saudável e bem-preservado, por meio do aprimoramento científico” pode sobreviver mesmo com ausência de órgãos específicos. Sinistro. 

Seriam teorias ou métodos aprendidos há 18 anos quando foi curado pelo misterioso e malvisto Dr. Torres de Valencia? Nosso narrador iria descobrir. 


O inválido discorria sem parar sobre a morte, mas dava gargalhadas ocas quando se falava em enterro ou em procedimentos funerários. 


O conto é curtinho, sem muitas firulas, arrepiante e totalmente ambientado na pensão, principalmente no quarto do Dr. Muñoz, que por sinal, me encheu de calafrios, e não foi por causa da temperatura baixíssima. 

E por falar em temperaturas baixas, embora existisse condicionamento de ar em escala industrial desde 1902, criado por Willis H. Carrier, sua aplicação doméstica foi desenvolvida por HH Schultz e JQ Sherman e só aconteceu a partir de 1932. Lovecraft e seu estranho médico, por força da necessidade, já estavam à frente de seu tempo. 


Também pode ter sido o frio singular o que me alienou; pois uma rajada como aquela parecia anormal em um dia tão quente, e tudo o que é anormal suscita aversão, desconfiança e medo. 


Enfim... Foi o primeiro conto que li de Lovecraft e não tem nada de entidades cósmicas. O horror é fabricado pelo próprio ser humano e sua busca incessante pela imortalidade a qualquer custo, quem sabe para se equiparar às entidades, transcendendo a morte por meios científicos. Terá Lovecraft se inspirado em Poe e seu A Verdade Sobre O Caso Do Sr. Valdemar, juntamente com o período insatisfatório que o autor passou em Nova York?  





Tenho que falar que adorei a tradução no melhor estilo “portunhol” da senhoria da pensão que era espanhola e não conhecia o idioma inglês muito bem. Ficou muito legal. 

Um fato curioso é que a história serviu de inspiração para a criação do vilão Sr. Frio (Mr. Freeze), criado por Sheldon Moldof e Dave Wood em Batman #121, de 1959. Também foram feitas algumas adaptações para o cinema, TV e mais quadrinhos

No desenrolar do conto coisas estranhas foram acontecendo nesse cotidiano amedrontador no último andar da pensão, e me peguei pensando se o Dr. Muñoz não passava de um cientista louco. Segredos só seriam revelados no final para lá de macabro que, por mais que desse a entender, surpreendeu e arrepiou os pelos do corpo inteiro devido ao choque provocado pelo horror de minha imaginação fervilhando com imagens ao ler o conto. É impactante. 




Autor: H.P. Lovecraft    
Título: Ar Frio  
Título Original: Cool Air  
Ano: 1926 
Gênero: Conto de Terror    






Até a próxima! 
Beijos mil! :-)

Criss 



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