[Conto John William Polidori] Conhecendo “O Vampiro”

Olá, Perdidos! As lendas dos vampiros estão perdidas no tempo. Ninguém sabe ao certo onde se originaram e como se disseminaram. O primeiro relato com a expressão vampiro ocorreu no século XVIII. E o primeiro livro que popularizou a criatura e abalou os joelhos e corações foi O Vampiro, de John William Polidori.  





Em suma, acreditava que os devaneios dos poetas eram a realidade da vida. 


Fazendo seu debut na sociedade inglesa, o jovem e inocente Aubrey conhece o bem-apessoado e desconhecido Lord Ruthven que, misteriosamente, se inseriu na sociedade londrina, indo de uma festa para outra, de uma recepção para outra. Aubrey faz amizade com o estranho e aceita viajar com o Lord pela Europa. 

Contudo, o rapaz começa a perceber que o comportamento do amigo não é digno, pois costuma se aproveitar das moças. E é na Grécia, onde Aubrey se interessa por uma moça que é seduzida pelo Lord, que os dois se separam. 

Alguns dias depois, os dois reatam a amizade. E durante o restante da viagem a desgraça parece sempre acompanhá-los. Até que uma noite Lord Ruthven é atacado por bandidos e antes de morrer pede a Aubrey que não conte nada sobre sua morte e sobre ele para ninguém pelo prazo de um ano e um dia. Mesmo sem entender, Aubrey concorda e dá sua palavra de honra. 

Ao retornar para Londres, Aubrey se surpreende ao ver Lord Ruthven vivo e muitíssimo bem de saúde.  Em retrospectiva, o jovem percebe que todos que tiveram suas vidas tocadas por Ruthven acabaram sofrendo e deduz que ele é um vampiro. A partir deste momento, não só sua palavra de honra e sua respeitabilidade passarão por uma provação sem limites, como também sua sanidade. 


[...] embora Aubrey estivesse junto do objeto de sua curiosidade, não obtinha disso nenhuma gratificação a não ser a vã e constante excitação de decifrar o mistério, o qual, para sua privilegiada imaginação, começava a assumir a aparência de algo sobrenatural. 


Como Surgiu O Vampiro? 

Não dá para falar de O Vampiro e não descrever o clima no qual o conto foi criado. Simplesmente é impossível. 

Foi entre raios, trovões e tempestades que a famosa reunião com o maior poeta inglês da época, Lord Byron, aconteceu, lá na Suíça. Numa noite chuvosa e sombria de 1816, do “verão úmido e nada genial”, inspirado pela leitura de Fantasmagoriana (hit literário da época) e por uma boa quantidade de láudano, o anfitrião Lord Byron desafiou seus convidados a escrever histórias macabras e de fantasmas para passarem o malfadado tempo. 

Lá se encontravam o próprio Byron, Claire Clairmont (amante do poeta e meia-irmã de Mary), Percy Bysshe Shelley e sua esposa Mary Shelley e John William Polidori, médico particular do lorde. É claro que o embate era entre os gênios literários Byron e Percy. A ideia era saber qual dos dois tinha a imaginação mais fértil. Ninguém imaginou que justamente outros dois fossem os responsáveis por influenciar autores e revolucionar a ficção com suas obras, cravando seus nomes na história da literatura mundial. Foi ali que nasceram Frankenstein, de Mary Shelley, e O Vampiro, de Polidori. Incrível, né? 

O personagem sanguessuga de Polidori transformou o meio literário. Ele foi retirado das crenças antigas perdidas em aldeias europeias e, reformulado, foi apresentado à sociedade londrina. O mundo ganhava o estereótipo do vampiro da literatura moderna. Um personagem... 


  1. Aristocrático e sofisticado 
  2. Morto-vivo que anda entre os vivos, divertindo-se e caçando suas presas em festas e na alta sociedade 
  3. Sedutor e carismático 
  4. Amoral e manipulador 
  5. Que estimula o erotismo em sua vítima 


[...] tinha a fama de possuir uma lábia irresistível e, fosse porque esse dom superasse a estranheza ameaçadora de sua personalidade ou porque as pessoas se sentissem tocadas por sua aparente rejeição aos vícios, com a mesma frequência ele convivia com mulheres que enobreciam seu sexo por conta de suas virtudes domésticas, como com as que o maculavam por causa de sua má conduta. 


Curiosidades 

Também é impensável não comentar as adversidades que surgiram com a criação e a publicação do conto. 

Na verdade, o enredo do conto foi diretamente inspirado por “Fragmento de um Romance”, uma história inacabada e abandonada de Byron, a qual Polidori deu continuidade. Assim como a personalidade do próprio Lord serviu de inspiração para o vampiro Lord Ruthven, seu nome foi retirado do romance Glenarvon, obra de Lady Caroline Lamb, que provavelmente foi instigado pela figura do poeta inglês, amante da Lady. 




O babado é um pouco mais forte. O Vampiro foi um sucesso imediato, devido a sua abordagem com elementos clássicos do terror gótico, preferido por dez entre dez pessoas na época, e criando uma história coerente, mas, principalmente, por ter sido erroneamente creditado à Byron. Quando foi publicado originalmente por Henry Colburn na The New Monthly Magazine, em abril de 1819, foi imputado como o mais novo trabalho do poeta, “Um Conto De Lord Byron”. 

Seja como for, o conto tornou-se o primeiro romance inglês sobre vampiros e a obra mais influente do início do século XIX sobre os chupa-sangues. O clássico foi responsável por difundir o vampiro na literatura de ficção inglesa e torná-lo popular. De lá para cá, não há uma pessoa que não conheça Drácula, Lestat, os irmãos Salvatore e tantos outros vampiros que infestam (no bom sentido) a literatura, a TV e o cinema. 


O pescoço e os seios estavam manchados de sangue e, na garganta, havia as marcas dos dentes que tinham rasgado suas veias. 


A história é interessante e você vai percebendo aos poucos, assim como Aubrey, quem ou o que é de verdade Lord Ruthven. É claro que podemos questionar Aubrey por não ter contado a verdade a todos à sua volta, mas não podemos esquecer que eram outros tempos e que uma vez que a palavra de honra fosse dada ela era mantida a todo custo. Uma promessa a ser cumprida. Uma questão de honra. 

É preciso pensar que naquela época histórias sobre vampiros eram inexistentes e o medo das pessoas era praticamente palpável, era sentido como se o próprio vampiro estivesse lendo com elas. Hoje, estamos expostos a todos os tipos de mídia com vampiros de todos os tipos e gêneros e não conseguimos sentir o mesmo efeito perturbador de outrora. Um bom conto, por tudo que representa, mas não funciona mais como uma história aterrorizante e de arrepiar os cabelos. 

Para quem só conhece o ilustríssimo Conde Drácula não pode perder o conto que o precedeu 78 anos antes e ajudou a inspirar Bram Stoker. O primeiro vampiro que encantou todos. Leitura obrigatória




FICHA TÉCNICA 

Título: O Vampiro 
Título Original: The Vampyre    
Autor: John William Polidori     
Ano: 2014 
Páginas: 49 (e-book)  
Editora: Editora Melhoramentos 
Gênero: Vampiro / Terror 
Tradutor: Luiz Antonio Aguiar  


AUTOR 

 


John William Polidori nasceu em Londres, em 7 de setembro de 1795. 

Ele foi um grande médico e escritor inglês que influenciou o movimento romântico, sendo o precursor do gênero de fantasia e ficção, por meio de contos de vampiros. 

Em 1804 ingressou na recém-criada Faculdade de Ampleforth e posteriormente, em 1810, na Universidade de Edimburgo, onde recebeu seu diploma de Medicina, em 1815, aos 19 anos. 

Um ano após sua formatura, passou a trabalhar como médico particular do poeta britânico Lord Byron, que o convidou para passar as férias em uma casa alugada no Lago de Genebra, na Suíça, onde numa noite chuvosa, Byron propôs a seus amigos entediados que escrevessem uma história de fantasma. 

E foi naquela noite que nasceu O Vampiro (The Vampyre). Ao descobrir que a obra era uma crítica a sua pessoa, Byron demitiu Polidori. 

Polidori viajou para a Itália e ao retornar a Inglaterra, anos depois, se deparou com sua obra publicada sem a sua permissão na edição de abril de 1819 do The New Monthly Magazine e assinada por Lord Byron. 

Para reparar seu erro, o poeta lançou sua própria história de vampiro, mas O Vampiro de Polidori permaneceu associado ao seu nome durante anos. 

Aos 26 anos, o médico sofria de depressão profunda e em 24 de agosto de 1821, John Polidori foi encontrado morto, em Londres, com indícios de suicídio por envenenamento com cianeto. Apesar das evidências, o juiz declarou que Polidori teve uma morte natural. 


 

Até a próxima! 
Beijos mil! :-) 

Criss 


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