Olá, Perdidos! Recomeçar a vida em outro lugar e esquecer o passado nem sempre é tão fácil assim como se pensa e é isso que os Rooks descobrem quando forças milenares conspiram contra sua família em Wytches, uma HQ de Scott Snyder, com ilustrações de Jock.
Após um trauma assombroso, a família Rooks se muda para a remota cidade de Litchfield, em New Hampshire. A ideia é recomeçar a vida em um lugar novo, diferente, cujo novos ares sejam capazes de fazer todos esquecerem o que aconteceu no passado com sua filha Sailor.
Mas o passado não consegue ser apagado nem esquecido e volta para atormentar toda a família. Afinal de contas, jura é jura.
Esqueça tudo que acha que sabe ou já ouviu falar sobre bruxas. As bruxas de Snyder foram reveladas como criaturas muito mais perigosas e sinistras do que se costuma pensar nelas. Realmente horripilantes.
A diferença já começa na própria forma de escrever a palavra que as define: Wytches, ao invés de Witches, bruxas em inglês. De cara temos estampado o significado de witches, retirado de um dicionário, e ao virar a página esse significado foi total e intensamente riscado. O que torna essas bruxas distintas. Dá para sentir as absolutas desumanidade e abominação só por esse fato.
Mas, a narrativa, antes de mais nada, realça o relacionamento entre um pai e sua filha (Charlie e Sailor), com flashbacks mostrando alguns acontecimentos marcantes para ambos. É através desses flashbacks que entendemos porquê Charlie tem uma roda-gigante tatuada em seu braço. É comovente.
Ora participamos do ponto de vista do pai, ora da filha. E alguns diálogos são emocionantes e por instantes esquecemos que estamos em uma história de terror.
Melhor coisa é não ter filho, Reg. Sério, você nunca mais tem liberdade. É amor demais.
É tipo um órgão que saiu do teu corpo e tá andando por aí, nessa porra desse mundo, dando oi pros outros, e você passa o dia, todos os dias, com medo, porque se alguma coisa acontecer com ela...
Apesar da primeira cena ilustrar bem o que virá nas próximas páginas, as bruxas só aparecerão bem mais adiante. Mas, não se engane, o terror está lá, a cada pincelada, a cada tonalidade.
É uma leitura para quem não tem joelhos fracos, pois dá medo. Tanto a história quanto a arte, às vezes confusa, às vezes macabra, nos faz entrar de cabeça num mundo perigoso e sobrenatural, criando o ambiente perfeito.
A pena assustadora de Jock capta o alto teor de tensão da narrativa. Tudo fica muito mais sombrio e ficamos paralisados com a possibilidade do que pode surgir detrás de uma árvore, principalmente à noite, em meio a floresta de New Hampshire. É tenebroso.
Elas só comem quem foi jurado pra elas. Quem é jurado não é amado. O que elas mais gostam é de criança. É só alguém te jurar que as bruxas vêm.
Ao terminar a história é possível ler anexos sobre o processo criativo de elaboração do roteiro da HQ em vários textos de Scott Snyder que revela o quanto o projeto é pessoal, alguns exemplos dos processos artísticos de Jock, além de material para divulgação da HQ quando esta foi lançada.
Eu gostei muito. A trama é inventiva e sombria e dá um novo e maravilhoso fôlego ao mito das bruxas. Dividida em seis capítulos, o enredo começa de um jeito, depois dá uma reviravolta e quando chega no final, lá vamos nós para uma guinada espetacular. Tudo que uma boa história de terror poderia ter.
Leitura ideal para o Halloween!
FICHA TÉCNICA
Título: Wytches
Título Original: Wytches
Autor: Scott Snyder & Jock
Ano: 2017
Páginas: 192
Editora: Darkside
Gênero: HQ de Terror
Tradutor: Érico Assis
AUTOR
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