Olá, Perdidos! Imagine uma cidadezinha pacata, daquelas com cinema, praça e igreja. Nada demais, né! Uma cidade como tantas outras que se espalham pelo interior. Mas, quando essa cidade é Jerusalem’s Lot, onde acontece a história do livro Salem, de Stephen King, o bucólico cede seu lugar para o terror.
Se ele sabia o que era a morte? Claro. Era quando os monstros te pegavam.
A história se passa em Jerusalem’s Lot ou 'Salem’s Lot como seus moradores costumam chamar, lá no Maine, no verão de 1975.
Novos habitantes geralmente não são bem-vindos em cidadezinhas do interior, principalmente quando abalam sua tão típica serenidade. Imagina quando três moradores novos se instalam na cidade: o escritor Ben Mears que morou em Salem quando era criança e resolve voltar para ajustar contas com seu passado; Mark Petrie, um garoto esperto que ama filmes de terror e seus monstros; e o Sr. Barlow, negociante misterioso que, junto com seu sócio Straker, decide abrir um antiquário na cidade e compra a sinistra Casa Marsten, marcada pelos assassinatos violentos que ocorreram nela anos atrás.
Os destinos desses três forasteiros se cruzam com os de outros quatro moradores quando circunstâncias terríveis começam a perturbar a rotina da cidade e uma criança é encontrada morta e várias pessoas desaparecem sem deixar vestígios enquanto outras são acometidas por uma inusitada doença.
A sucessão dos acontecimentos é rápida e o caos toma conta da cidade e de seus habitantes cobrindo todos com seu véu nefasto de escuridão.
O conhecimento que Lot tinha das mazelas do país era acadêmico. Lá o tempo seguia outro ritmo. Nada de muito ruim podia acontecer numa cidadezinha tão aprazível. Não lá.
Ao retratar a cidade, somos conduzidos por suas ruas e somos apresentados a alguns de seus moradores que a seu modo são importantes para o desenvolvimento da narrativa. Afinal, todos têm suas próprias histórias e vivências.
– O bem é escasso em cidadezinhas sedentárias. O que predomina é indiferença temperada com uma pitada de maldade inconsciente, ou pior, consciente.
No mundo criado por King, as pessoas não são perfeitas. Longe disso. Elas têm problemas, qualidades e defeitos, como qualquer um. São tão boas quanto cruéis. São pessoas verossímeis. E a cidade possui segredos que despertam essas imperfeições e os vícios de seus habitantes, revelando sua verdadeira face, como a violência contra a mulher, a traição conjugal, o alcoolismo, os maus-tratos infantil, o bullying na escola, a ganância, a inveja, a bisbilhotice e a fofoca.
Além de ser uma cidade cheia de imperfeições devidamente camufladas, coisas muito estranhas começam a acontecer: algumas pessoas desaparecem, outras morrem inesperadamente, sem nenhuma explicação plausível e outras...
E nesse mundo, a velha e boa justiça divina do que aqui se faz, aqui se paga, chega a cada morador de 'Salem’s Lot de acordo com suas ações. E isso amedronta, pois seguimos junto com os personagens no meio desse pesadelo. Sentimos, tememos e rezamos para encontrarmos um meio de fugir, sãos e salvos. Será?
Deus, dai-me SERENIDADE para aceitar o que não posso mudar, TENACIDADE para mudar o que posso e SORTE para não fazer muita merda.
...
A igreja não pode tirá-lo desse sonho, pensou Callahan. Nem toda serenidade, tenacidade e sorte do mundo. A merda já tinha acontecido.
- O livro foi anteriormente lançado como A Hora do Vampiro, eliminando por completo qualquer surpresa do que estaria por vir. Foi apenas em 2013 que a mudança do nome ocorreu. Não se trata de spoiler, pois esse nome ainda aparece em algumas capas, como um lembrete.
- O Padre Callahan é realocado em outra obra de King, a saga A Torre Negra.
- Jerusalem’s Lot é citada em outros livros de King, como O Cemitério e Zona Morta.
- A cidade Jerusalem’s Lot é protagonista de outros dois contos de King que fazem parte da coletânea Sombras da Noite, de 1978:
- Jerusalem’s Lot – escrito através de cartas e entradas de diários como em Drácula (de Bram Stoker), o conto gira em torno do último dos herdeiros de uma propriedade onde se passa a maior parte da história e que parece ser assombrada. Tudo piora quando descobrem uma cidade abandonada chamada Jerusalem’s Lot.
- A Saideira – numa noite de tempestade de neve e frio, uma família se perde e seu carro quebra justamente em Jerusalem’s Lot. Deixando mulher e filha no carro aquecido, Gerard Lumley sai em busca de ajuda. Ao chegar num bar, Lumley conta sua história e os locais tentam ajudá-lo a resgatar sua família.
Publicado pela primeira vez em 1975, este é o segundo livro da carreira de Stephen King e tenho que admitir que já se tornou um dos meus favoritos. A narrativa é envolvente e inebriante. Não há idas e vindas na cronologia dos acontecimentos, o que faz com que o início e o desfecho se complementem ao final da leitura. E para quem quer se aventurar no mundo de King, Salem é um ótimo começo.
E atrás dele, assomando sobre eles, um rosto lívido e sorridente como uma figura de um quadro de Frazetta, com presas longas e afiadas, olhos vermelhos e lúridos como as portas do inferno.
É um livro para acompanhar cada momento. Há romance, mistério e muitos calafrios. Quando a narrativa toma corpo, segue um crescendo de suspense e terror, na quantidade exata. É um dos melhores livros do gênero, sem dúvida alguma. Deve ser saboreado, no mistério da noite escura, como uma taça de vinho tinto, cor de sangue, a preferida dos filhos da noite clássicos.
Que tal apreciar a adaptação de 1979?
FICHA TÉCNICA
Título: Salem
Título Original: 'Salem’s Lot
Autor: Stephen King
Ano: 2013
Páginas: 464
Editora: Suma
Gênero: Suspense / Terror
Tradutor: Thelma Médici Nóbrega
AUTOR
Apesar de ser reconhecido como escritor de terror, King escreveu obras fora desse gênero e sua popularidade aumentou ao serem levadas ao cinema histórias como: “Conta Comigo”, “Um Sonho de Liberdade”, “Christine”, “Eclipse Total”, “Lembranças de um Verão”, “Na Hora Da Zona Morta” e “À Espera de um Milagre”. Além da telona, King foi parar na TV com séries como “The Dead Zone” e “A Redoma”.
Stephen King também criou roteiros de suas histórias e bancou o diretor em alguns momentos não muito inspirados.
Em 1960, Stephen King submeteu o seu primeiro manuscrito para publicação, mas foi rejeitado, mais tarde publicou o seu primeiro conto, In a Half-World of Terror, num fanzine de terror.
De 1966 a 1971, Stephen estudou Inglês na Universidade do Maine, onde ele escrevia uma coluna intitulada "King's Garbage Truck" para o jornal da universidade chamado Maine Campus. Foi lá que ele conheceu Tabitha Spruce que se tornou sua esposa em 2 de janeiro de 1971.
Um de seus primeiros romances foi "Carrie". Ele recebeu US$2.5 mil adiantados, não era muito para um romance, mesmo naqueles tempos, mas os direitos autorais fizeram com que ele recebesse US$200 mil posteriormente. Ele também recebeu vários prêmios em sua carreira.
King admitiu que desenvolveu uma grave dependência com álcool e que foi alcoólatra por mais de uma década. Ele também admitiu que baseou o personagem Jack Torrance, de “O Iluminado”, nele mesmo. Stephen King cortou o álcool e qualquer tipo de droga por volta de 1980 e se mantém sóbrio desde então.
Em 1999, sofreu um acidente gravíssimo. Foi atropelado durante uma de suas caminhadas por um motorista distraído. Sofreu traumatismo craniano, fraturas múltiplas na perna direita e perfurações em um dos pulmões. Foi submetido a três cirurgias. Porém recuperou-se, e em poucos meses, já estava de volta à ativa, criando histórias e publicando novos livros e contos.
Ele é conhecido como o Rei do Terror e seus livros já venderam quase 400 milhões de cópias, com publicações em mais de 40 países sendo um dos autores mais traduzidos no mundo. E muitas de suas obras foram adaptadas para o cinema. Ele também escreve sob o pseudônimo Richard Bachman.
Postar um comentário
Antes de comentar, leia com atenção:
Qualquer comentário com teor ofensivo, palavras de baixo calão e qualquer tipo de preconceito ou discriminação será excluído.
Comente educadamente sobre a postagem ou sobre um comentário.
“Fiz a escalada da montanha da vida removendo pedras e plantando flores.” – Cora Coralina.
Vamos deixar o planeta mais florido!
Beijos mil! :-)