Olá, Perdidos! Nada como um livro de terror para relaxar, não é mesmo? E quando esse livro é do Stephen King, melhor ainda. Hahahaha! Principalmente se tem a ver com a última morada da maioria das pessoas, O Cemitério. É isso aí. Hey Ho Let's Go!
Louis Creed é um jovem médico de Chicago que se muda com sua família para uma nova vida e um novo emprego em uma universidade de uma pequena cidade do Maine. Instalados em sua nova casa, conhecem o vizinho do outro lado da rua, ou melhor, da estrada, Judson Crandall, um senhor de idade, casado, com o qual Louis simpatiza logo de cara.
Jud adverte a nova família para terem cuidado com a autoestrada, a Rodovia 15, por onde um intenso fluxo de caminhões de carga pesada da Orinco passa diariamente. Em um dos primeiros passeios pela região Jud conduz a família por uma trilha que leva a um bosque atrás da casa dos Creed. Lá conhecem um cemitério, ou como está escrito, simitério onde gerações de crianças enterraram seus animais de estimação.
Assim, quando Church, o gato de Ellie, filha de Louis, morre atropelado, Jud leva seu vizinho e o corpo do gato para um cemitério que se situa além dos pequenos túmulos dos pets, o Cemitério Micmac. Um cemitério dominado por forças estranhas e ancestrais. Achando graça e desacreditando as histórias do velho, Louis volta para casa e só aí percebe que há mistérios impossíveis de se explicar quando Church retorna à vida e ao seu lar.
É claro que o pior está para acontecer. Será que Louis vai interferir novamente no mundo dos mortos? E qual o preço a pagar? O simitério é um lugar abençoado ou um lugar onde os seus piores pesadelos estão enterrados? Enterrados?
– Sua destruição e a destruição de tudo que o senhor ama está muito próxima, doutor.
Um médico, sua esposa e seus dois filhos pequenos se mudam para o Maine, numa casa à beira da autoestrada. Sua filha tem um gato. O gato morre atropelado. O gato é enterrado num cemitério de animais. Tudo muito simples. Nada demais. Mas... o que acontece se o gato volta para casa?
É claro que se é possível trazer um animalzinho de volta à vida, por que não uma pessoa? É essa pergunta mais do que óbvia que Louis faz e nós também, vamos ser sinceros, e ele paga para ver. É aí que o terror, realmente se inicia. É Stephen King, meu querido. Hey Ho Let's Go!
Os Creed são uma família comum, com problemas comuns, vivendo sua rotina familiar como qualquer outra, como a nossa própria família. Casa, trabalho, escola, supermercado. E ao sermos testemunhas de seu dia a dia, ficamos envolvidos e nos tornamos seus amigos e cúmplices, sendo levados ao precipício desesperador de suas emoções e ações.
Louis continuava a afagá-la. Certo ou errado, acreditava que a filha chorava pela inevitabilidade da morte, pelo fato de a morte ser tão impermeável aos argumentos ou às lágrimas de uma menina. Acreditava que Ellie chorava por sua cruel imprevisibilidade e devido à maravilhosa e terrível capacidade que têm os seres humanos de transformar símbolos em conclusões que podem ser belas e generosas ou extremamente sinistras. Se todos aqueles animais estavam mortos e enterrados, então Church também podia morrer...
Mais do que um livro de terror, trata-se de um livro sobre a morte. Aquela que está sempre à espreita, aguardando a hora do show. Em como a encaramos e como ela nos afeta quando chega perto demais. Parece piegas, porém é a única certeza da vida. Mas, quais mistérios rondam a morte? O que acontece depois? Vamos para algum lugar? E quando ela alcança uma pessoa que amamos? Estamos realmente preparados? Há como reverter o fato e voltar dos mortos? Por que a morte é tão fascinante para algumas pessoas?
I don't want to be buried in a pet cemetery / I don't want to live my life again (Pet Sematary - Ramones) |
Queremos respostas. No livro temos várias perspectivas sobre a morte; de religiosas e pagãs a científicas e curiosas. Contudo nenhuma delas responde o que realmente acontece quando a morte atravessa a porta e encara de frente seu eleito. Nem como lidar com a perda. É tudo um grande enigma. E somos envolvidos em uma névoa de curiosidade e medo, afinal, “a morte é um mistério; o sepultamento, um segredo”.
No decorrer da leitura, eu pensei que tudo podia muito bem ser uma alucinação de Louis. E por que não? Afinal ele pensava durante a mudança para a nova casa em abandonar todos e fugir para outro lugar: “quando suas três caras-metades saltassem, pisaria no acelerador e fugiria com o pé na tábua, sem olhar para trás, o enorme carburador de quatro cilindros devorando a preciosa gasolina”. Quem garante que toda essa história não passou de um surto por não suportar essa mudança. Ou talvez um frenesi intenso por causa de seu coração alquebrado e entristecido. Seria o mais plausível, mas estamos falando de Stephen King, então...
...vamos caminhar pela trilha do sobrenatural que leva ao simitério maldito. Devemos pensar que Louis, Jud e, até mesmo o motorista do caminhão responsável pela tragédia foram envolvidos por forças perigosas e malignas e que não tinham como fugir de consequências tão aterradoras. Podemos culpar algum deles? Acho que não.
Ele podia sentir o ‘simitério’ de bichos – e uma voz um pouco mais distante – chamando por ele. Uma voz que outrora lhe parecera atraente canção de ninar, a própria voz do bem-estar ou de uma espécie fascinante de poder. Agora, porém, era mais rouca e mais do que agourenta: era ameaçadora e lúgubre. Fique fora disso, está ouvindo?
Stephen King tinha dúvidas em publicar o livro, pois o considerava muito desconcertante, talvez por se aproximar demais de sua própria história, já que na época trabalhava na Universidade do Maine e alugava uma casa em frente a uma estrada perigosa onde frequentemente animais eram atropelados. Apenas por uma questão contratual é que alguns anos mais tarde, ele enviou o livro para publicação. Essa mistura de misticismo e terror com pitadas de suspense só podia virar sucesso e foi o que aconteceu.
O "simitério" de bichos de 1989 |
O Cemitério é um livro maravilhoso e intenso. Impossível de largar de tão fácil de ler, mas perturbador e macabro até os ossos. Tratando de um drama familiar, do sentimento de perda, do luto e do trauma, permanente ou não, resultante dessa perda, King mostra como é tênue a linha que separa a dor da perda da loucura.
– O solo do coração de um homem é mais empedernido, Louis – murmurou o moribundo. – Um homem planta o que pode... E cuida do que plantou.
Ouvindo Ramones, referência constante no livro, com seu Rockaway Beach, Hey Ho Let's Go! ou o mega sucesso Pet Sematary, caminhamos pela trilha das escolhas ruins e macabras, com King em um de seus melhores momentos. E acabou se tornando um dos meus livros preferidos! Uma vez King, sempre Rei. Através da compreensão de nossa finitude é que podemos refletir sobre a vida. A morte faz parte da vida no instante em que se nasce ou no instante em que se renasce no Cemitério Maldito de Bichos.
Como não poderia deixar de ser, o livro foi adaptado para o cinema em duas ocasiões: 1989 e 2019.
FICHA TÉCNICA
Título: O Cemitério
Título Original: Pet Sematary
Autor: Stephen King
Ano: 2010
Páginas: 424
Editora: Suma
Gênero: Suspense / Terror
Tradutor: Mário Molina
AUTOR
Stephen Edwin King ou Stephen King, como é mais conhecido, é um autor norte-americano, e nasceu em 21 de setembro de 1947, em Portland, Maine. Cresceu lendo quadrinhos de terror e suspense, o que estimulou seu amor pelo gênero, tornando-o um dos mais notáveis escritores de sua geração de contos e romances de horror fantástico e ficção.
Apesar de ser reconhecido como escritor de terror, King escreveu obras fora desse gênero e sua popularidade aumentou ao serem levadas ao cinema histórias como: “Conta Comigo”, “Um Sonho de Liberdade”, “Christine”, “Eclipse Total”, “Lembranças de um Verão”, “Na Hora Da Zona Morta” e “À Espera de um Milagre”. Além da telona, King foi parar na TV com séries como “The Dead Zone” e “A Redoma”.
Stephen King também criou roteiros de suas histórias e bancou o diretor em alguns momentos não muito inspirados.
Em 1960, Stephen King submeteu o seu primeiro manuscrito para publicação, mas foi rejeitado, mais tarde publicou o seu primeiro conto, In a Half-World of Terror, num fanzine de terror.
De 1966 a 1971, Stephen estudou Inglês na Universidade do Maine, onde ele escrevia uma coluna intitulada "King's Garbage Truck" para o jornal da universidade chamado Maine Campus. Foi lá que ele conheceu Tabitha Spruce que se tornou sua esposa em 2 de janeiro de 1971.
Um de seus primeiros romances foi "Carrie". Ele recebeu US$2.5 mil adiantados, não era muito para um romance, mesmo naqueles tempos, mas os direitos autorais fizeram com que ele recebesse US$200 mil posteriormente. Ele também recebeu vários prêmios em sua carreira.
King admitiu que desenvolveu uma grave dependência com álcool e que foi alcoólatra por mais de uma década. Ele também admitiu que baseou o personagem Jack Torrance, de “O Iluminado”, nele mesmo. Stephen King cortou o álcool e qualquer tipo de droga por volta de 1980 e se mantém sóbrio desde então.
Em 1999, sofreu um acidente gravíssimo. Foi atropelado durante uma de suas caminhadas por um motorista distraído. Sofreu traumatismo craniano, fraturas múltiplas na perna direita e perfurações em um dos pulmões. Foi submetido a três cirurgias. Porém recuperou-se, e em poucos meses, já estava de volta à ativa, criando histórias e publicando novos livros e contos.
Ele é conhecido como o Rei do Terror e seus livros já venderam quase 400 milhões de cópias, com publicações em mais de 40 países sendo um dos autores mais traduzidos no mundo. E muitas de suas obras foram adaptadas para o cinema. Ele também escreve sob o pseudônimo Richard Bachman.
Até a próxima!
Beijos mil! :-)
Criss
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