Olá, Perdidos! Se, assim como eu, vocês achavam que The Witcher era apenas um game pra lá de maravilhoso, vão se surpreender. Eu mesma nem sabia que existia toda uma saga na qual o game se embasava. A saga Wiedźmin, obra do polonês Andrzej Sapkowski, foi publicada lá nos idos anos 1990. E em O Último Desejo, uma coletânea de contos, conhecemos a vida atribulada do famoso bruxo de cabelos brancos, Geralt de Rívia.
– Ah, que tempos! – suspirou o estaroste. – Que tempos desgraçados, meu senhor! Há apenas vinte anos quem poderia imaginar, mesmo estando embriagado, que pudessem existir tais profissões? Bruxos! Assassinos errantes de basiliscos! Caçadores ambulantes de dragões e demos dos pântanos! Diga-me, Geralt: sua profissão permite beber cerveja?
– Certamente.
Geralt de Rívia é um bruxo. Um mutante hostilizado por todos, mas procurado quando o assunto é caçar e eliminar monstros que perturbam a paz dos cidadãos pelas cidades do Continente. Sagaz e treinado desde a infância nas artes da magia e da luta, seu objetivo, e seu ganha-pão, é destruir todas as criaturas do mal que assolam o mundo.
Os contos do livro mostram as aventuras de Geralt, suas andanças e suas caçadas. Todas essas histórias se passam em vários momentos de sua vida e são habilmente costuradas por capítulos que apresentam sua estadia no Templo de Militele, com a sacerdotisa e amiga Nenneke. Esse intervalo acontece após a primeira missão que abre o livro e onde ele foi seriamente ferido por um ser sobrenatural, uma estrige – uma espécie de vampiro bem grotesca.
– Só se nasce e só se morre uma vez – retorquiu o bruxo.
As histórias são bem interessantes, cheias de ação e Geralt é esperto e sua língua, muito afiada. Sarcasmo, ironia e cinismo estão sempre presentes. É difícil não simpatizar com o bruxo ou rir com ele. A cada conto conhecemos um pouco mais sobre Geralt: como ele se tornou um bruxo; sua vida em Kaer Morhen, a Sede dos Bruxos; como ganhou sua fama de Carniceiro de Blaviken; como encontrou seu amigo, o trovador Jaskier, conhecido como Dandelion pelos gamers; e como conheceu o amor de sua vida, a poderosíssima feiticeira Yennefer de Vengerberg, exalando sensualidade em lilás e groselha.
Geralt, também conhecido como Lobo Branco, segue com determinação seu código de conduta e, apesar de sua ética e extrema força e destreza no combate às forças malignas, percebemos que sua facilidade em fazer amigos só é superada por aquela em fazer inimigos. E assim ele segue de povoado em povoado em busca de monstros e uns trocados para a próxima refeição.
Não existe código. Nunca foi elaborado um código de bruxos. Simplesmente inventei um, ao qual sempre me mantive fiel...
Quem conhece os games sabe que Geralt de Rívia é um homem que não deixa passar um belo rabo de saia. Há várias cenas picantes no game que mostram sua virilidade em ação. E no livro não ia ser diferente. A primeira passagem é uma cena hot, digna do bruxo. Hahahaha!
O mundo criado por Sapkowski é bem desenvolvido e pode ser comparado a uma Idade Média cheia de magia e monstros reais, onde as referências e releituras de alguns contos de fadas tão conhecidos por todos nós, como Branca De Neve e A Bela E A Fera, são bem mais macabras, aterrorizantes e sobrenaturais.
Geralt não é um herói típico e a linha que separa o bem do mal é tênue em muitas ocasiões. A sociedade que o autor idealizou não possui apenas humanos, há um punhado de raças de não-humanos que sofrem, assim como Geralt, discriminação e total indiferença, vivendo como párias e sendo empurrados cada vez mais para uma inexpressiva existência. Perdendo espaço para os seres humanos num mundo que já lhes pertenceu e perdendo o glamour que em outras obras literárias os tornaram símbolos de sabedoria e respeito.
– Não gosto de palavras grandiosas – falou. – E, sem palavras grandiosas, não é possível descrever.
Estriges, vampiros, lobisomens, ondinas, manticoras, quimeras, trasgos, basiliscos, escolopendromorfos, grifos, alps e tantas outras criaturas, além de bruxos e feiticeiros, fazem parte deste incrível universo que nos é apresentado em seis contos entremeados por A Voz da Razão. Em suas errantes jornadas, O Bruxo Geralt nos levará aos Confins do Mundo, escolherá O Mal Menor, fará tudo por Uma Questão de Preço, tentará ver nas lendas Um Grão de Veracidade e realizará O Último Desejo.
A linguagem é dinâmica e não se perde em muitos detalhes do ambiente. A ação é predominante em cada conto e a diversão é garantida. Nos diálogos percebemos que Geralt não só persegue monstros como aponta a besta que está dentro de cada um de nós.
Aos homens agrada inventar monstros e monstruosidades. Com isso, sentem-se menos monstruosos.
Além dos livros, A Saga Do Bruxo Geralt de Rívia se tornou conhecida e um sucesso internacional através do game The Witcher, que eu amo. A primeira ação que acontece no primeiro game do Bruxo é exatamente a representação da luta entre Geralt e a estrige que ocorre no primeiro conto do livro. Sensacional. Você não pode perder!
E, atualmente, a série da Netflix, com Henry Cavill (oh... homem bonito!) como o bruxo de cabelos brancos e olhos amarelos, impulsionou o interesse das pessoas pelos livros em busca de um pouco mais de conhecimento sobre o mundo em que vive Geralt. Um mundo onde pessoas o transformaram em algo que ele é obrigado a ser e que o privaram de sua humanidade. O que estão esperando? Venham para o mundo de Geralt de Rívia!
FICHA TÉCNICA
Título: O Último Desejo
Título Original: Ostatnie Zyczenie
Autor: Andrzej Sapkowski
Ano: 2012
Páginas: 318
Editora: WMF Martins Fontes
Gênero: Fantasia
Tradutor: Tomasz Barcinski
AUTOR
Andrzej Sapkowski nasceu no dia 21 de junho de 1948, em Łódź, Polônia. Começou sua carreira literária como tradutor para uma revista mensal de ficção científica.
O escritor polonês conquistou fama e sucesso por sua série de contos e romances de fantasia Wiedźmin, ou The Witcher, com o mítico bruxo Geralt de Rívia. Seus livros foram traduzidos para mais de 20 idiomas.
Wiedźmin tornou-se uma franquia que ficou famosa com a série de games que lhe deu o nome que todos conhecem: The Witcher. Além de games, as aventuras de Geralt já foram adaptadas para quadrinhos, jogos de cartas, jogos de tabuleiros, um filme sem muita expressão e uma série de TV da Netflix.
“Eu acredito que o elemento feminino domina na natureza. As mulheres são geralmente mais fortes que os homens. Todo o poder deste mundo deve estar nas mãos das mulheres. O mundo é sério demais para deixá-lo em nossas mãos.”, declarou o autor.
Em 2012, Bogdan Zdrojewski, Ministro da Cultura e do Patrimônio Nacional da Polônia, concedeu-lhe a medalha de prata Gloria Artis. Sapkowski reside em sua cidade natal com a mulher e seu filho.
Até a próxima!
Beijos mil! :-)
Beijos mil! :-)
Criss
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