“O Artífice” E Sua Arte Mortal

Olá, Perdidos! O que esperar de um lutador de jiu-jítsu que já foi um executivo de marketing, mágico, pintor de quadros e que resolveu publicar um livro que escreveu quando tinha dezesseis anos? Ora, O Artífice, de Tony Ferraz. Um livro repleto de ação e suspense. 



Basicamente a história é sobre uma série de assassinatos que acontecem em Londres, nas noites de tempestade. As mortes são muito bem arquitetadas e os crimes inusitados deixam a polícia londrina totalmente desnorteada. 

O detetive Haryel Kitten, por sua inteligência, astúcia, praticidade e dedicação total ao trabalho, é encarregado para desvendar o mistério que envolve esses crimes. 

Como o serial killer, apelidado pela mídia de O Artífice, parece estar seguindo uma filosofia oriental, o detetive procura a ajuda de um monge budista. Kitten tenta montar o quebra-cabeça para resolver o caso, mas quanto mais ele investiga, menos ele entende o que está acontecendo. 

– Fatores comuns? 
– Chuva, o fato dos dois serem homens e dos crimes serem realizados a noite. Há grande semelhança nos equipamentos e um toque de crueldade. O cara é pirado.  


O Artífice traz algo bem incomum. Não se trata apenas de um livro de ficção policial com crimes, sangue, tiros, perseguições, investigações e prisões. Seu subtítulo já diz tudo: Um detetive, um monge budista e um assassino. Ou seja, o autor mistura a filosofia zen-budista e taoista em um romance policial. Uma série de diálogos e discussões filosóficas conduz os leitores por entre os ensinamentos de crenças orientais. E tais ensinamentos são, sem dúvida alguma, bem-vindos. 

Segundo palavras do próprio autor, "o assassino mata através de armadilhas bem elaboradas e deixa pistas esotéricas para tentar confundir o detetive, que é obrigado a procurar um monge budista para tentar decifrar essas pistas".  



Eu gostei do livro. Embora a ambientação pudesse ter sido outra, ao invés da chuvosa e misteriosa Londres, já tão batida. Mas, acredito que o clima típico londrino com toda aquela chuva e tempo ruim fosse o ideal para o autor conduzir sua história. “Leia durante a noite”, enfatiza Ferraz. 

Quanto a inserir ensinamentos budistas achei bem interessante e singular e deu um algo a mais aos diálogos e à narrativa de um modo geral, afinal não é sempre que se vê discussões filosóficas em livros policiais, ou em qualquer outro para falar a verdade. 

– Quando comer, apenas coma, quando andar, apenas ande, quando pensar, apenas pense. 
– Continuo sem entender! 
– Quando não entender – disse ele, fechando a porta – apenas não entenda. 

mistério dos assassinatos foi bem engendrado. O assassino é frio e calculista e seus motivos são uma incógnita e o final ficou dúbio, ao nosso critério. Sei que muitos gostam que no fim da trama tudo seja esclarecido, sem pontas soltas, sem interrogações. Quem sabe você não desvenda a charada e coloca um ponto final na história? 

O livro foi comercializado pela Amazon em forma de ebook e fez muito sucesso, tornando-se um dos mais vendidos. O autor escreveu uma continuação, Entrevistando O Demônio, que talvez responda ou simplesmente coloque mais dúvidas com relação à história do primeiro livro. Para mim “fechou” no primeiro. Nem sempre uma continuação é necessária. Dessa forma permanece intacto o enigma que envolve e engrandece a trama. 

– Por que você insiste em salvar o escorpião, quando você sabe que sua natureza é agir com agressividade, picando-o? 
– Porque – replicou o velho – agir com compaixão é minha natureza. 



A história é boa, com uma escrita moderna, embora sem muito glamour. Com uma abordagem sui generis para um romance policial, aprendemos um pouco sobre os princípios filosóficos do Budismo e do Taoismo que são os responsáveis pelo tom místico da narrativa. O melhor é que é mais uma oportunidade de ler e conhecer um autor nacional. 


FICHA TÉCNICA 

Título: O Artífice    
Título Original: O Artífice     
Autor: Tony Ferraz   
Ano: 2014  
Páginas: 240  
Editora: Universo dos Livros   
Gênero: Ficção Policial  


AUTOR 

Tony Ferraz nasceu em 10 de setembro de 1984, em São Paulo, e sempre se interessou por filosofia oriental, artes marciais, design, pintura, música, publicidade e literatura. 

Viveu até os 14 anos no Rio Grande do Sul. Ao voltar para São Paulo iniciou treinamentos com um mestre de Kung Fu Shaolin que lhe ensinou, além da arte marcial, muito sobre o Zen/Chan e a psicanálise. 

A partir de 2009 passou a se dedicar às artes marciais e hoje é um atleta e compete Jiu-Jitsu internacionalmente. 

Desde 2013, começou a produzir comentários sociopolíticos em suas redes sociais, militando por uma sociedade mais justa e consciente. 

Com uma vida cheia de aventuras e “causos” que dariam uma bela e divertida biografia, fez sua estreia no mundo literário com O Artífice (2014), um livro policial com muito suspense e ensinamentos milenares das crenças orientais. Após manter o livro engavetado por 11 anos, o autor decidiu finalmente publicá-lo, sem reescrevê-lo, contendo o mesmo texto e ilustrações que ele havia produzido há mais de uma década. 

Entrevistando O Demônio (2017) é a continuação de seu primeiro livro. 


Até a próxima! 
Beijos mil! :-) 

Criss 

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