“A Princesa Prometida” Para O Amor Verdadeiro

Olá, Perdidos! O que esperar de um livro em que o autor afirma ter sido reeditado apenas com as partes boas? Hã? Como é que é?!?!! Enfim... meu marido sempre fala muito bem do filme A Princesa Prometida. Ele diz que é cheio de aventura e muito engraçado. Na verdade, eu não me lembro dele, mas essa foi a deixa para eu comprar o dito cujo. Além de ter uma capa linda. Sim. Às vezes eu compro o livro pela capa. Não me julgue. Quem nunca? E não me arrependo. A Princesa Prometida, de William Goldman, tem uma história cheia de lutas, espadachins, magia e amor verdadeiro. Além de ser muito divertido. E sim, tem uma capa muito bonita. É, simplesmente, maravilhoso! 

A história é sobre uma camponesa lindíssima chamada Buttercup que se apaixona perdidamente por um garoto que trabalha na fazenda de sua família chamado Westley. Com a descoberta do amor verdadeiro, Westley parte para a América em busca de riqueza a fim de oferecer um futuro confortável e digno para sua amada. Contudo, o navio em que Westley está é atacado por piratas e ele morre a caminho de realizar seu sonho. O tempo passa e Buttercup não se permite mais amar qualquer pessoa e faz um acordo com o príncipe Humperdinck de Florin que, encantado com sua beleza, a pede em casamento. 

– Há poucos seios perfeitos no mundo, deixe os seus em paz – ouviu ela. 

E lá estava Westley na cama. Eram 17h48, e ela soube então que jamais morreria. 

Mais à frente conhecemos três personagens totalmente estranhos: Vizzini, Inigo e Fezzik. Uma gangue de malfeitores, ou algo parecido. Vizzini, o italiano e cérebro do grupo; Inigo, o espanhol mestre espadachim; e Fezzik, o turco grandalhão, extremamente forte, de bom coração, mas que não costuma pensar muito a não ser para fazer rimas, sua diversão. 

Os três sequestram Buttercup e a história dá uma reviravolta. Uma de muitas que acontecem. Até um homem de preto surge do nada e tenta pegar a mocinha! É a partir daí que várias situações se desenrolam na trama e segredos são revelados, tudo com muitíssima diversão e aventura, é claro. 

Encarando Os Fatos 

Tem como não amar um livro que começa com o autor falando diretamente com a gente e explicando que quando era criança odiava livros, mas quando ficou acamado por causa de uma pneumonia, seu pai lia A Princesa Prometida e esse livro passou a ser o seu livro preferido da vida? Não dá. 

– Filho, não venha me dizer o que vale a pena... O amor verdadeiro é a melhor coisa do mundo, depois das balas de menta. Todo mundo sabe disso.  

Ele esclarece que já adulto e com família, ele entregou uma edição do livro a seu filho que não conseguiu se encantar pela história por achá-la muito enfadonha e cheia de fatos históricos de Florin. Mas como assim? Foi quando ele percebeu que seu velho pai só lia “as partes boas”, aquelas cheias de ação e sem lero-lero. Então ele decidiu mudar isso e reeditou o livro do jeitinho que o fascinou quando era apenas uma criança. História incrível, não? Dá até para ficar na dúvida. Hahahahahaha! 

Quem É Esse Tal De S. Morgenstern?  

“A Princesa Prometida. Um conto clássico de amor verdadeiro e grandes aventuras, de S. Morgenstern. Versão só com as ‘partes boas’, editada por William Goldman.” Assim que abrimos o livro é isso que lemos. Ao que tudo indica o romance é de Morgenstern, um autor florinense, e Goldman reeditou sua história, retirando toda a parte chata e sem graça. SQN! A princípio eu até pensei que fosse uma verdade maluca da vida, daí fiz uma pesquisa no Google (Santo Google!) e descobri que tudo não passava de uma história inventada dentro da própria história. Como assim? 

– Assim que superar essa crise emocional, você vai pensar em alguma saída... 

– Quer dizer, se tivéssemos um carrinho de mão, já seria alguma coisa – disse Westley. 

S. Morgenstern realmente existiu e era um filólogo, ou seja, um estudioso das linguagens oral e escrita. Seu nome era Johann Karl Simon Morgenstern e nasceu na Alemanha e viveu toda sua vida na Levônia, território que fez parte do Império Russo, e foi ele que criou o termo Bildungsroman. Bildungsroman é um gênero literário que se dedica ao crescimento psicológico e moral do protagonista desde sua juventude até seu amadurecimento, na idade adulta, onde ocorre uma significativa mudança de caráter. 

Uma vez que A Princesa Prometida é um exemplo desse gênero, Morgenstern ganhou o papel de um fictício autor famoso de Florin, onde o romance se passa, sendo devidamente homenageado por Goldman. 

Ficção x Realidade 

O autor criou um mundo de ficção que se funde com a realidade e, assim, não temos a menor ideia do que é realmente verdade ou aquilo que ele, simplesmente, inventou. 

Outra coisa maravilhosa é que Goldman se transportou para o livro e tornou-se seu próprio personagem e é através dele que o autor dialoga com seus leitores. Seus pitacos inadvertidos e suas conversas me fizeram gargalhar e muito. Goldman, volta e meia fazia um adendo, explicando algo de um modo tão sui generis que era impossível não morrer de rir. 

– Você esqueceu de pagar os impostos? 

(Isso foi depois dos impostos. Mas tudo veio depois dos impostos. Até o ensopado.) 

Até Stephen King, mega-autor de suspense e terror, aparece no bônus do livro para realizar a suposta continuação O Bebê De Buttercup. Seria uma alusão ao Bebê De Rosemary, de Ira Levin? King apreciava a obra de Levin, então... Ainda bem que não foi o King que escreveu a sequência! Ficou no vácuo? Sem problema, você vai entender quando ler. 

Um fato curioso (e verdadeiro!) é que o filme A Princesa Prometida foi lançado em 1987 e Goldman criou o roteiro adaptado de sua própria obra. Três anos depois, em 1990, lá estava Goldman novamente aparecendo nas telonas através do roteiro adaptado de Misery, de King. Hummmm... 

Sempre ficamos às escuras com relação a veracidade dos fatos que ele nos apresenta. As notas do autor foram um adicional à parte e que mostraram quão criativo Goldman podia ser. 

Além da aventura principal, o livro possui alguns capítulos bônus bem interessantes como as Apresentações das Edições Comemorativas de 25 e 30 Anos, o “primeiro capítulo” de O Bebê de Buttercup, e Um Esclarecimento sobre a história do bebê de Buttercup. Fica a seu critério confiar nas informações ou, simplesmente, singrar os mares da imaginação com Goldman no Vingança, navio do Infame Pirata Roberts (aquele que acabou com os sonhos de Westley).  

A propósito, Inigo, o espadachim espanhol e Fezzik, o turco grandalhão com bom coração são meus personagens favoritos. Sim eu sei. Eles sequestraram Buttercup e são vilões. E daí? Mas, é impossível não torcer por eles. E, na real... eles não são Vilões, com v maiúsculo; são uns caras que estavam trabalhando do lado errado, na hora errada, só isso. Nada que não pudesse mudar. 

– Olá, meu nome é Inigo Montoya. Você matou meu pai. Prepare-se para morrer. 

O livro é fantástico. É impossível não rir com seu humor inteligente e ágil e não se empolgar com as aventuras mais incríveis que já vi e cheias de reviravoltas inesperadas. Sem dúvida, A Princesa Prometida é um livro diferente de tudo que já li e merece cinco magníficos robozinhos por fazer seu serviço direitinho e nos transportar para uma cidade que nunca existiu e nos apresentar fatos históricos fantasiosos que foram descritos em um clássico livro imaginário, o qual serviu de base (só as partes boas!) para este romance de piratas, espadachins, príncipes, princesas e amor verdadeiro, é claro. E o mais importante: nos fazendo acreditar que tudo é a mais pura verdade! 

Agora é assistir ao filme e ser feliz! 😊 

FICHA TÉCNICA 

Título: A Princesa Prometida    

Título Original: The Princess Bride    

Autor: William Goldman   

Ano: 2018 

Páginas: 416  

Editora: Intrínseca  

Gênero: Ficção / Cinema  

Tradutor: Alice Mello  

AUTOR  

William Goldman nasceu em Chicago em 12 de agosto de 1931. Ele foi um escritor, dramaturgo e roteirista. Sua carreira de escritor começou depois de um curso sobre escrita criativa ainda na faculdade. Nos anos 1950 fez sucesso como escritor antes de se tornar roteirista. 

Como roteirista realizou muitos trabalhos e ganhou duas vezes o maior prêmio do cinema, o Oscar, na categoria de Melhor Roteiro Original pelo filme Butch Cassidy (Butch Cassidy And The Sundance Kid), de 1969, e de Melhor Roteiro Adaptado por Todos Os Homens Do Presidente (All the President's Men), de 1976. 

Ele também ganhou dois prêmios Edgar, do Mystery Writers of America (Escritores de Mistério da América), para Melhor Roteiro de Filme: por Harper, em 1967, e por Magic (adaptado de seu romance de 1976), em 1979. Em 1985, ele recebeu o Laurel Award for Screenwriting Achievement (Prêmio Laurel Pela Criação de Roteiros) do Sindicato dos Escritores da América. 

É autor do livro de suspense Maratona Da Morte (Marathon Man), publicado em 1974, além do roteiro do filme de mesmo nome de 1976, dirigido por John Schlesinger e estrelado por Dustin Hoffman. 

Um de seus romances mais famosos é a comédia e fantasia A Princesa Prometida (The Princess Bride), de 1973 que foi adaptado para o cinema por ele mesmo em 1988. 

O autor Sean Egan descreveu Goldman como "um dos contadores de histórias mais populares do final do século XX". 

Goldman morreu aos 87 anos, no dia 16 de novembro de 2018, em Nova York, devido a complicações do câncer.  

Até a próxima! 

Beijos mil! :-) 

Criss