Olá, Perdidos! Já se sentiu com um frio cortando seu corpo por dentro que nem essas ondas de calor absurdo que assolaram o mundo conseguem acabar com essa sensação gélida? Já se isolou completamente das pessoas que nem mesmo o clima festivo e amoroso do Natal anima sua alma? Já se tornou egoísta ao ponto que nem o espírito natalino é capaz de fazer com que se sensibilize e seja generoso com os outros? Bem... Se você respondeu sim a todas essas perguntas, sinto informar, mas parece que você se identifica, e muito, com Ebenezer Scrooge, o protagonista de Um Conto de Natal, do autor inglês Charles Dickens.
Em Londres, em plena época de Natal, com muito frio e neve, todos se preparam para a celebração. Os homens estão ansiosos para fechar suas lojas e voltarem para casa, para comemorar a data ao lado dos filhos, da esposa e de toda família. A alegria está no ar, quer dizer, nem todo mundo está alegre e, muito menos, satisfeito. Há uma pessoa que acha tudo isso uma grande perda de tempo e energia e essa pessoa é Ebenezer Scrooge.
Scrooge é um velho homem rico, mas totalmente miserável. Ele não se importa com ninguém, nem mesmo com seu sobrinho Fred, que sempre o convida para passar o Natal em companhia da família. Ele só pensa em uma única coisa: dinheiro. E, sovina que é, trata seus empregados com desprezo e exploração. Ele odeia o Natal, e diz a todos que acha que é uma época de desperdício e falsidade.
Mas tudo muda quando ele recebe a visita de Marley, seu ex-sócio, tão desprezível quanto Scrooge em vida, que espera mudar o destino do amigo, como forma de arrependimento por ter vivido em prol do dinheiro. Ele avisa a Scrooge que receberá a visita de três fantasmas na véspera de Natal: o do Natal passado, o do Natal presente e o do Natal futuro. Os fantasmas o levam a uma viagem através de sua vida, mostrando-lhe o que ele foi, o que ele é e o que ele pode ser, se não mudar de atitude.
Será que Ebenezer Scrooge vai aprender a lição?
Não tem jeito. Pensou em fantasma justo na época de Natal, pensou em Um Conto De Natal. E mesmo que você nunca tenha lido, garanto que conhece a história dos três espíritos dos Natais passado, presente e futuro. Com certeza, é a história mais conhecida e adaptada em todos os tipos de mídia desde que foi publicada no Natal de 1843, e que se tornou um sucesso imediato de público e crítica.
– Estamos tentando recolher fundos para dar algo de comer e beber para os pobres, e o mínimo para que possam se aquecer, [...] Qual será a sua contribuição? Que quantia posso colocar em seu nome?
– Nenhuma.
[...]
– Não festejo o Natal e não me dou ao luxo de alegrar vagabundos.
Até os estúdios Disney criaram em 1947 o Tio Patinhas inspirado no personagem do conto. Em inglês ele se chama Uncle Scrooge McDuck, caracterizado por ser um velho pão-duro e cujo comportamento mesquinho lhe rendeu fortuna. Scrooge significa pão-duro, avarento, sovina.
A história reflete a realidade da Inglaterra Vitoriana no auge da Revolução Industrial, marcada pelo avanço tecnológico, mas também pela pobreza, pela desigualdade e pela exploração, inclusive das crianças. Por outro lado, resgata os valores do Natal, como a bondade, a generosidade, a esperança e o perdão.
– Sua riqueza não lhe serve para nada, nem para fazer um bem qualquer a alguém. Sequer lhe serve para tornar a sua própria vida mais confortável.
O conto pode até ser curto, mas sua mensagem é poderosa e se mantém atual até os dias de hoje. Não envelhece e sempre nos surpreende. E nos faz pensar sobre nossas escolhas, nossos relacionamentos e o nosso papel neste mundo. Esse foi o meu primeiro Dickens. Sei que comecei por um livro fora da lista de suas obras consagradas, mas o conto tem seu valor e profundidade.
Um Conto de Natal aquece nossos corações e nos inspira a celebrar o Natal com muito mais amor e alegria, olhando à nossa volta e sentindo empatia pelos menos favorecidos. Sem dúvida é uma história que nos faz sentir e que nos faz querer ser melhores.
A obra influenciou a forma como o Natal é celebrado até hoje, recuperando os valores de solidariedade, generosidade e fraternidade. Além de popularizar a expressão Feliz Natal (Merry Christmas). Não disse que era uma mensagem poderosa?
– Um Feliz Natal e um Feliz Ano Novo para o velho, de qualquer modo! – disse o sobrinho de Scrooge. – Ele não quis aceitar meu brinde, mas mesmo assim aqui vai ele: ao tio Scrooge!
Se ainda não leu, mude isso já! Vai adorar! Leitura obrigatória nesta data. Ou em qualquer data. Eu me emociono demais a cada releitura de Um Conto de Natal, duvido que você não se sensibilize e que seu coração não se enterneça com essa história.
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