Olá, Perdidos! Consegue imaginar o Sol, a estrela que assegurou as condições necessárias para a evolução da vida em nosso planeta e que tem forte influência sobre nós, morrendo? Um hediondo efeito dominó que começa com a extinção da flora, da fauna e, por fim, dos seres humanos. Um destino implacável, uma vez que sem sol, sem a energia essencial para a vida na Terra.
Em Devoradores De Estrelas, de Andy Weir, é preciso encontrar um meio de reverter o processo de extinção da humanidade. É para pensar.
A história começa com um homem acordando num lugar estranho, zonzo, sem conseguir falar, cheio de tubos conectados em seu corpo. Ele meio que percebe estar saindo de um coma, e, diante dele, um braço robótico, com uma voz suave e feminina que aparentemente o manteve sedado e alimentado, lhe fazendo uma pergunta insistente “– Quanto é dois mais dois?”, tudo isso sem se lembrar de como chegou ali, onde fica esse “ali” e sequer saber seu nome, nem quem é ou o que faz.
Que situação sinistra e angustiante, não é? Mas é assim que o protagonista de Devoradores de Estrelas começa sua história. É desesperador e, em certos momentos, engraçado, graças ao seu jeitão sarcástico e divertido.
Esse é o nome. Da coisa que ameaça a vida na Terra. Astrofágico.
Mas como ele chegou naquele cenário inusitado? Aos poucos, toda essa situação aparentemente estranha vai se revelando à medida que o homem passa a ter flashes de seu passado recente e começa a entender melhor o que aconteceu. E enfim ele se lembra de seu nome, Ryland Grace, o que faz com que o computador lhe dê acesso a outras partes da instalação onde se encontra e só então percebe que está em uma nave espacial.
Enquanto as nuvens que bloqueiam sua memória se dissipam aos poucos ele relembra que o Sol está perdendo seu brilho, se apagando, provavelmente morrendo. E sem o Sol em sua máxima potência os terráqueos têm seus dias contados. Lembra, também que ele foi o primeiro a constatar que o que está consumindo a energia do Sol é um ser que ele nomeia de astrofágico.
Nós somos parte da ecologia, Sra. Stratt. Não estamos fora dela. As plantas que comemos, os animais que criamos, o ar que respiramos, tudo isso é parte de uma tapeçaria. Tudo está conectado. Quando os biomas entrarem em colapso, isso terá um impacto direto na humanidade.
E o impensável acontece: os povos se unem nesta causa comum. Isso mesmo, o mundo inteiro disponibiliza recursos para elaborar e tornar possível o projeto de uma missão espacial pela sobrevivência do ser humano. E é aí que nosso protagonista entra de supetão, pois é enviado com mais dois astronautas na nave Hail Mary (Ave Maria) para obter respostas e, talvez, achar uma solução e salvar a humanidade.
O que posso dizer é que já faz tempo que não leio uma história tão otimista, apesar da situação apocalíptica. Tem humor, ação, ciência, criatividade e inventividade para solucionar alguns probleminhas que surgem no laboratório na Terra ou no Espaço e, principalmente, esperança de um ser humano melhor. Tem até um personagem diferentão e muito simpático.
A história também trata de solidão, claustrofobia, medo, agonia, respeito, amizade e solidariedade, tudo isso sob a visão, as percepções do próprio Grace que é o narrador. Durante sua missão também acabamos compartilhando suas sensações e descobertas.
Outro dia, outra reunião de equipe. Quem poderia imaginar que salvar o mundo fosse uma coisa tão chata.
O livro intercala capítulos dentro da nave Hail Mary que consiste no presente da narrativa e na Terra com os flashbacks à medida que Grace recupera sua memória. É tão gostoso de ler que nem percebi o tamanho do livro que tem mais de 400 páginas. Não é um calhamaço, mas está bem acima da média.
Se vale a pena ler? Com certeza. É um livro de ficção científica mais hard, com explicações e elementos de ciência em excesso, mas que não se tornam maçantes para o leitor; chega a ser um tempero à parte. Se joga nessa aventura empolgante com Grace. Garanto que vai se divertir, se instruir e liberar aquela lágrima gostosa e um sorrisinho sapeca no final.
FICHA TÉCNICA
Título Original: Project Hail Mary
Autor: Andy Weir
Editora: Suma
Gênero: Ficção Científica
Tradutor: Natalie Gerhardt
Conhecendo um pouco mais Andy Weir
Andrew Taylor Weir conhecido como Andy Weir trabalhou como engenheiro de software por vinte anos até que Perdido Em Marte, seu romance de estreia, fez dele um autor de sucesso, tornando-o um escritor em tempo integral. O livro além de ganhar uma adaptação cinematográfica, também lhe rendeu o prêmio John W. Campbell de melhor novo escritor.
Seu segundo livro, Artemis, foi vencedor do Goodreads Choice Awards 2017 de Ficção Científica.
A versão em audiolivro de Devoradores De Estrelas, com a narração de Ray Porter, ganhou nas categorias "Ficção Científica" e "Audiolivro do Ano", prêmios concedidos no “Oscar” dos audiolivros, o Audie Awards.
Seu pai é um físico de partículas e Weir cresceu lendo ficção científica clássica. Sendo apaixonado pelo espaço desde sempre, seus hobbies incluem estudar teoria da relatividade, mecânica orbital e a história de voos espaciais tripulados. Mora na Califórnia, onde nasceu e foi criado, e faz ótimos coquetéis.
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