Olá, Perdidos! Quando uma pessoa é famosa não dá para livrar-se de todos os paparazzi tentando tirar aquela foto única e chocante que vai sair em todas as revistas de fofocas. Também é quase impossível esquivar-se dos fãs pedindo selfies com seus ídolos e autógrafos. É o preço que se paga pelo sucesso, baby. Misery: Louca Obsessão, livro de nada mais nada menos que Stephen King, mostra uma linha tênue entre o amor de uma fã e sua obsessão.
Paul Sheldon é um escritor bem-sucedido e famoso pela série de livros da protagonista Misery Chastain. Contudo, ele se sente cansado e improdutivo por sua fama estar ligada a um único personagem. Paul quer mais e para isso sai de Nova York em busca de novos ares para se concentrar em seu novo romance, aquele que irá transformar sua vida e fazer com que os críticos lhe deem o devido valor.
– Meu nome é Annie Wilkes. E eu sou... – Eu sei – disse ele. – Você é minha fã número um. – Sim – respondeu ela, sorrindo. – É isso mesmo que eu sou.
Após acabar de escrever sua nova novela, ele pega o carro para voltar para casa, festejando a conclusão de seu manuscrito, e sofre um gravíssimo acidente por causa do mau tempo. Paul é socorrido por Annie Wilkes, enfermeira aposentada que mora nas redondezas e que por coincidência é sua maior fã. Quando acorda na casa de Annie, Paul entra em um redemoinho de emoções e terror inimagináveis.
Entre estados de consciência e inconsciência que acontecem durante “a névoa e a maré alta” devidamente fornecidas pela droga Novril, um remédio (que só existe no livro) administrado por Annie, Paul é torturado psicológica e fisicamente, tudo para mantê-lo sem dor, apto e racional o suficiente para escrever um novo romance intitulado O Retorno de Misery e, assim, trazer a personagem favorita de Annie de volta à vida. Afinal de contas, Paul havia matado sua famosa protagonista Misery “faltando cinco páginas para o fim de O Filho de Misery” e para Annie esse episódio representa uma desordem no universo que deve ser desfeita. Abalada, sua cuidadora não mede esforços para que ele desista de sua decisão de matar definitivamente Misery Chastain e só o deixará livre quando isso acontecer.
Ele descobrira três coisas quase simultaneamente, uns dez dias após ter emergido da nuvem escura. A primeira era que Annie Wilkes tinha bastante Novril (na verdade, tinha muitos remédios de vários tipos). A segunda era que ela era viciada em Novril. A terceira era que Annie Wilkes era perigosamente louca.
Sinistro E Perturbador
Nada como começar o Outubro Aterrorizante com um livro pra lá de sinistro em que eu me senti na pele do escritor Paul Sheldon, sofrendo todos os males realizados pela sua salvadora e fã número um, Annie Wilkes. Sem mencionar o fato de que Misery é de autoria do Mestre do Terror, Stephen King. Que melhor começo, né?
O livro é narrado sob o ponto de vista de Paul que nos mostra sua percepção de Annie como uma pessoa desequilibrada e de todas as suas atitudes paranoicas. Atrás daquela senhora de meia idade, com olhos tão caridosos e totalmente meiga, encontra-se uma psicopata impiedosa e extremamente violenta, capaz de cometer as maiores barbaridades. A troca dos papéis habituais é maravilhosa e desse modo, uma mulher mantém um homem em cativeiro e o martiriza para conseguir o que quer. Parabéns para King que criou uma das vilãs mais marcantes da literatura.
Não. Não mesmo, porra. Talvez eu morra, mas juro por Deus que não vou morrer até ter uma chance de mostrar à minha fã número um o quanto eu gostei de conhecê-la. E não é uma promessa, é um juramento sagrado.
Angústia e agonia, com uma bela e generosa pitada de devaneio são os sentimentos que retratam a história de Paul. Seu sofrimento, por se encontrar completamente impotente e à mercê de Annie, sua fã mais ardorosa, foi enlouquecedor. Toda a tensão causada pelo medo e por todas as tentativas de escapar de sua anfitriã tornaram a leitura eletrizante. É arrebatador a forma como a história alcança nossos pensamentos mais perturbadores e os expõem bem na nossa cara. Sem piedade. Perdi o fôlego inúmeras vezes. E eu gritei. Sim. Gritei junto com Paul e por Paul.
Autoavaliação De King?
Paul se ressente por ser considerado um autor popular, mas será que King através dele está fazendo uma autoavaliação como escritor? Assim como Paul está preso à Misery, talvez King se sinta amarrado à ficção de terror. E sua relação com drogas e o vício de seu protagonista? Será que King tem medo que alguma fã maluca apareça ou está apenas de zoação com todo esse cenário criado por ele mesmo?
Então qual era a verdade? Já que você quer saber, a verdade é que a crescente percepção do seu trabalho pela crítica literária como o de um ‘autor popular’ (que, em seu entendimento, ficava apenas um degrau – um degrau baixo – acima de ‘farsante’) o tinha magoado muito. Não casava com sua imagem idealizada de Escritor Sério que só lançava uns livros de merda para subsidiar o seu (trompetes, por favor) TRABALHO DE VERDADE!
E com toda aquela aflição crescendo à medida que o tempo passa, Paul Sheldon (ou seria Stephen King?), dopado e cativo, entre luz e trevas, discorre sobre a escrita e a criatividade e o processo de criação do novo romance, O Retorno de Misery, em que compartilha algumas dicas de como criar uma história ou um personagem e o que fazer para sair de uma arapuca literária sem alterar a trama.
Misery No Cinema
E se ler Misery não é o suficiente para você, não há o menor problema. O livro foi parar nas telonas em 1990 com o nome de Louca Obsessão. Dirigido por Rob Reiner, com James Caan e Kathy Bates, nos papéis de Paul Sheldon e Annie Wilkes, respectivamente. Por sua interpretação no longa, a sempre incrível Kathy Bates ganhou o Oscar e o Globo de Ouro de Melhor Atriz em 1991. Foi a única adaptação de Stephen King para o cinema que ganhou um Oscar. Vale a pena ver e comparar livro com filme.
A história nem sempre é linear, uma vez que ela é várias vezes interrompida por lembranças, pensamentos e devaneios de Paul, afinal é ele quem conta sua agonia. A leitura fluiu muito, mesmo o enredo sendo intenso e intimidador. E com certeza você vai ficar tão chocado quanto eu. Mentiria se dissesse que não há um certo desconforto durante a leitura. Claro que há. É uma história de horror psicológico. Há cenas que chocam e você segue de mãos dadas com Paul em sua caminhada sombria. Não sei, realmente, o que faria se me encontrasse na posição dele. Só sei que torci muito por ele e para que ele conseguisse mudar o jogo. Será? Embora ache que Paul nunca mais vai se livrar de Annie.
FICHA TÉCNICA
Título: Misery: Louca Obsessão
Título Original: Misery
Autor: Stephen King
Ano: 2014
Páginas: 328
Editora: Suma de Letras
Gênero: Ficção / Terror
Tradutor: Elton Mesquita
AUTOR
Stephen Edwin King ou Stephen King, como é mais conhecido, é um autor norte-americano, e nasceu em 21 de setembro de 1947, em Portland, Maine. Cresceu lendo quadrinhos de terror e suspense, o que estimulou seu amor pelo gênero, tornando-o um dos mais notáveis escritores de sua geração de contos e romances de horror fantástico e ficção.
Apesar de ser reconhecido como escritor de terror, King escreveu obras fora desse gênero e sua popularidade aumentou ao serem levadas ao cinema histórias como: “Conta Comigo”, “Um Sonho de Liberdade”, “Christine”, “Eclipse Total”, “Lembranças de um Verão”, “Na Hora Da Zona Morta” e “À Espera de um Milagre”. Além da telona, King foi parar na TV com séries como “The Dead Zone” e “A Redoma”.
Stephen King também criou roteiros de suas histórias e bancou o diretor em alguns momentos não muito inspirados.
Em 1960, Stephen King submeteu o seu primeiro manuscrito para publicação, mas foi rejeitado, mais tarde publicou o seu primeiro conto, In a Half-World of Terror, num fanzine de terror.
De 1966 a 1971, Stephen estudou Inglês na Universidade do Maine, onde ele escrevia uma coluna intitulada "King's Garbage Truck" para o jornal da universidade chamado Maine Campus. Foi lá que ele conheceu Tabitha Spruce que se tornou sua esposa em 2 de janeiro de 1971.
Um de seus primeiros romances foi "Carrie". Ele recebeu US$2.5 mil adiantados, não era muito para um romance, mesmo naqueles tempos, mas os direitos autorais fizeram com que ele recebesse US$200 mil posteriormente. Ele também recebeu vários prêmios em sua carreira.
King admitiu que desenvolveu uma grave dependência com álcool e que foi alcoólatra por mais de uma década. Ele também admitiu que baseou o personagem Jack Torrance, de “O Iluminado”, nele mesmo. Stephen King cortou o álcool e qualquer tipo de droga por volta de 1980 e se mantém sóbrio desde então.
Em 1999, sofreu um acidente gravíssimo. Foi atropelado durante uma de suas caminhadas por um motorista distraído. Sofreu traumatismo craniano, fraturas múltiplas na perna direita e perfurações em um dos pulmões. Foi submetido a três cirurgias. Porém recuperou-se, e em poucos meses, já estava de volta à ativa, criando histórias e publicando novos livros e contos.
Ele é conhecido como o Rei do Terror e seus livros já venderam quase 400 milhões de cópias, com publicações em mais de 40 países sendo um dos autores mais traduzidos no mundo. E muitas de suas obras foram adaptadas para o cinema. Ele também escreve sob o pseudônimo Richard Bachman.
Até a próxima!
Beijos mil! :-)
Criss
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