Uma Advogada De Almas Para “O Julgamento De Shemaya”

Perdidas e Perdidos. A morte é um fato. Podemos retardá-la ao máximo, mas ela chega para todos nós, mais cedo ou mais tarde. Mas... E se você, quando chegasse do outro lado, fosse escolhido para se tornar advogado de outras almas? Foi o que aconteceu com Brek Abigail Cuttler, a protagonista de James Kimmel, Jr. em seu livro de estreia O Julgamento De Shemaya




Brek Cuttler está morta. Foi baleada e está sozinha num lugar estranho, uma Estação de Trem vazia chamada Shemaya, onde “um painel mal iluminado no centro da área de espera mostrava os horários de chegada, mas não os de partida”. Ela não sabe como foi parar lá e nem o porquê. Brek não se lembra de muita coisa e sequer se recorda se seus olhos são azuis ou castanhos, se seu cabelo é comprido ou curto, se tem pele clara ou escura ou mesmo se é gorda ou magra. Sentindo-se muito confusa, ora com roupa, ora nua e coberta de sangue, ela é recebida por um homem de nome Luas que dá as boas-vindas a todos que chegam a Estação. 

Luas acompanha Brek até uma casa onde sua bisavó Sophia, morta há muitos anos, está a sua espera. Sem entender nada do que está acontecendo e achando que todos são loucos, Brek não admite estar morta e acredita que tudo não passa de um sonho. Quem sabe está com uma febre muito alta causada por uma doença tropical ou em coma, devido a um acidente de trânsito? Seja como for, ela se deixa levar pela “alucinação”. 

Devo ter contraído alguma doença tropical, tipo dengue. Independentemente do que fosse, era melhor do que estar morta. 

Um dado interessante sobre Brek é que quando era criança, ela teve o braço amputado. Sim, Brek é deficiente, mas, sua deficiência nunca a impediu de ter uma vida como a de tantas outras pessoas, tornando-se uma excelente advogada e vivendo feliz com seu marido jornalista, Bo, e Sarah, sua filhinha. Suas lembranças ainda estão fragmentadas e muitas perguntas continuam sem resposta, como a questão de como foi parar na Estação Shemaya

E enquanto assimila sua nova realidade, ela é requisitada para servir de advogada a favor das almas que enfrentarão o Juízo Final e, que através desses Julgamentos, serão enviadas para viverem por toda a eternidade no Céu ou no Inferno. Uma grande responsabilidade. 

Contudo, os Julgamentos em Shemaya são um pouco diferentes dos que acontecem nos tribunais por aqui. Lá as sentenças não são conhecidas pelos advogados e dia após dia os mesmos julgamentos se repetem. Sem entender o objetivo e achando tudo muito injusto, Brek põe a eficiência dos advogados e de todo o sistema judiciário celestial em xeque, inclusive Deus vai parar no banco dos réus. 

– Você não acha que Deus deixaria que as almas enfrentassem o Juízo Final sozinhas, acha? Até assassinos na Terra têm um advogado para representá-los, e os desfechos desses julgamentos são apenas temporários. Aqui os riscos são bem maiores, querida. Toda a eternidade. 




Enquanto se prepara para defender seu primeiro cliente na vida após a morte, Brek descobre ser capaz de reviver a passagem de outras almas pela Terra, e que essas almas, de certa maneira, estão conectadas com ela; ligações essas que ela não faz a menor ideia que existam, mas que traçaram seu destino. Ela precisa estar pronta para aceitar todas as respostas e, assim, desvendar o mistério de sua morte.  

Este é o primeiro livro de James Kimmel, Jr. e achei bastante curioso o modo como ele colocou no papel sua interpretação do além-vida.  

Todos os estágios pelos quais uma alma passaria, como suas dúvidas, a confusão mental após a morte, o lapso do deslocamento do tempo, o autoconhecimento e o entendimento sobre sua vida e sua pós-vida. Acompanhamos Brek através de suas sensações, descobertas e temores. Sem mencionar que a escolha das pessoas que advogam a favor das almas foi uma grande sacada. Será assim do outro lado? Será Shemaya o Purgatório

– É o motivo para sermos trazidos para Shemaya, para ler e dissecar o registro de vida e pleitear ao Criador o caso imperfeito da criatura [...] 

Um grande ponto positivo é que o autor tratou todas as religiões como complementares umas às outras. Não enaltecendo nenhuma religião em especial. A própria Brek é católica e assumiu muitos costumes de seu marido, Bo, que é judeu. Não há uma verdade absoluta. Está tudo junto e misturado. Somos todos feitos do mesmo material. 

Outra coisa boa foi mostrar a complexidade do ser humano e de que nem tudo é preto no branco e que as pessoas, assim como Brek, não são perfeitas e têm segredos obscuros e que podem cometer faltas graves. Que a vida é “um labirinto de portas, caminhos e escolhas, seguindo todas as direções, como rios e rodovias” e que, por isso, devemos tomar cuidado ao julgar os outros. 

Na verdade, eu não fazia ideia do que se tratava o livro. Gostei da capa e do título, mas admito que não li a sinopse. Pensei que Shemaya fosse uma mulher. Nunca pensaria que se tratava de uma Estação de Trem Celestial. Hahahahahaha! Uma coisa é certa: eu queria saber como seria o desfecho dessa história e como ocorreu a morte de Brek. Mórbido? Não, só pura curiosidade, mesmo! 

Você não perdeu Bo e Sarah, Brek. E jamais irá me perder. O amor não pode ser destruído. 

Apesar de ter sido uma leitura diferente, nem por isso deixou de ser excessivamente maçante em vários momentos e confusa em outros. E, por tudo que James Kimmel, Jr. tentou transmitir em seu livro, vai levar três robozinhos. 


FICHA TÉCNICA 

Título: O Julgamento De Shemaya    
Título Original: The Trial Of Fallen Angels    
Autor: James Kimmel, Jr.   
Ano: 2014 
Páginas: 320  
Editora: Leya 
Gênero: Fantasia Espiritual  
Tradutor: Alice Klesck   

AUTOR  

James Kimmel, Jr. é advogado, romancista, pesquisador de violência armada e teórico social que se concentra nas interseções de direito, psicologia e espiritualidade. 

James recebeu seu doutorado em jurisprudência da Universidade da Pensilvânia, onde foi membro da Universidade da Pensilvânia Law Review, e seu diploma de graduação summa cum laude (com a maior das honras) da Schreyer Honors College e da Smeal College of Business da Pennsylvania State University

Ele é professor de psiquiatria na Faculdade de Medicina de Yale  e codiretor da Yale Collaborative for Motive Control Studies, onde pesquisa prevenção de violência armada, vício em justiça, controle de motivação, estudos sobre injustiça e serviços de apoio em saúde mental. Ele também mantém uma prática legal em direito da saúde na Buckley, Brion, McGuire & Morris LLP e é cofundador da Peercovery, a primeira rede de franquias de suporte de recuperação e apoio a saúde mental e dependência. 

Apesar de seu sucesso profissional, com o tempo James começou a experimentar um conflito entre suas crenças espirituais mais profundas e seus deveres como advogado. A busca de uma solução para esse conflito levou-o aos campos do direito e da espiritualidade, do direito e da psicologia e, finalmente, à escritaO Julgamento de Shemaya marcou sua estreia na literatura. 


James mora na Pensilvânia com sua esposa que também é advogada e seus dois filhos. 



Até a próxima! 
Beijos mil! :-) 

Criss 


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