Perdidas e Perdidos! As pessoas no mundo inteiro sabem que vampiros não são seres lendários e de ficção ou artistas hollywoodianos interpretando os chupa-sangue. Eles são reais! Eles existem e estão contaminando a população de humanos. E nesta maravilhosa distopia de Holly Black, A Menina Mais Fria De Coldtown, temos vampiros que honram as presas que usam.
Os vampiros estavam na deles, caçando e vivendo em segredo, sem nenhum problema e sem espalhar o vampirismo entre os humanos. Tudo muito bem controlado. Um verdadeiro Paraíso cheio de dentes pontiagudos. Até que um dia Caspar Morales, um vampiro recém-transformado, decidiu que iria se alimentar, mas não iria matar suas vítimas, o que fez a população de sanguessugas crescer astronomicamente. Os vampiros anciãos tentaram resolver o problema enviando assassinos treinados de sua raça para impedir a contaminação iniciada por Caspar, contudo não conseguiram deter a pandemia. E a infecção irrompe com o que os humanos chamam de Resfriado. Esse é o mundo da Menina Mais Fria De Coldtown.
[...] Mas esse era outro tipo de Resfriado, em que as temperaturas corporais caíam, os sentidos ficavam aguçadíssimos e a ânsia por sangue se tornava quase sobrepujante.
Bem... A história começa com Tana, nossa protagonista de 17 anos, acordando no banheiro, mais precisamente dentro da banheira na casa da fazenda de um amigo onde aconteceu uma grande festa na noite anterior. Desorientada, com ressaca e bem distante da cidade onde mora, ao caminhar pela casa para ir embora, se depara com um verdadeiro massacre. Os vampiros mataram todos. Há sangue por todos os lados. Tentando escapar dos vampiros que provavelmente ainda estão na casa esperando o sol baixar, Tana descobre que no quarto de hóspedes seu ex-namorado Aidan está com as mãos e os pés amarrados em uma cama, com fita adesiva na boca e vivo. E ao lado da cama há outra pessoa amordaçada e acorrentada. Mas, ele não é humano. É um vampiro e seu nome é Gavriel.
Com os vampiros que provocaram a chacina na casa batendo à porta do quarto de hóspedes, Tana decide salvar Aidan, que foi mordido e, portanto, está infectado, além do enigmático Gavriel que mesmo sendo uma criatura da noite merece uma chance de viver. Mas, durante a fuga, ela sente que foi mordida e que pode estar infectada também, e que o melhor a fazer é se refugiar na Coldtown mais próxima, deixando para trás sua família e sua melhor amiga a salvo e tentar sobreviver a essa nova realidade.
– Vamos arrumar um outro dia para você – disse Gavriel, com uma sinceridade tão estranha que ela teve que sorrir.
Mas, o que são Coldtowns? Coldtowns são cidades criadas pelos líderes humanos a fim de conter a propagação intensa de vampiros que invadiu o mundo. As cidades com maior concentração de vampiros foram cercadas com imensos muros e até alguns humanos foram deixados para trás à mercê da própria sorte e para servirem de fonte abundante de sangue para os sugadores. Nelas os vampiros vivem livremente, aparentemente numa festa eterna, num reality show que é transmitido para fora dos portões dessas cidades, criando adoradores e simpatizantes entre os humanos que são atraídos pelo glamour dos filhos da noite. É para essas cidades que os humanos infectados são enviados para se tornarem prisioneiros. Contudo, quem entra em uma Coldtown não pode mais sair a não ser que tenha um sinalizador, uma espécie de passe recebido em troca de um vampiro.
E nesta jornada rumo à Coldtown dão carona a Midnight e Winter, dois irmãos que buscam o encanto de uma vida eterna e sem mais aniversários. Além disso, Aidan tenta controlar a fome por sangue humano, Gavriel continua sendo um completo mistério que esconde segredos muito sombrios e Tana se esforça para manter a serenidade diante de sua provável contaminação. Um grupo cujos objetivos entram em conflito.
Vampiros eram contos de fadas e magia. Eles eram o lobo na floresta que corria na frente até a casa da vovozinha, o chefão do videogame que poderia ser caçado sem culpa, o monstro que nos tentava ir à cama dele, a poderosa besta eterna que alguém poderia vir a ser. Os belos mortos, la belle mort.
E ao chegarem a Coldtown, tudo se complica e a história prossegue com reviravoltas, revelações, ação e muito sangue.
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Sou fã número um de carteirinha dos vampiros. Adoro vampiros. Mas falo daqueles que não deixam um pescoço passar em branco. Vampiros são inteligentes, fortes, sedutores, ricos, quase imortais e adoram sangue. E, Graças a Deus, os vampiros de Holly Black não são purpurinados e não brilham quando são expostos ao sol. Eles queimam mesmo!
Eu não quero ser uma vampira, dizia a si mesma, repetidas vezes. Porém, em seus sonhos, ela meio que queria, sim.
A narração da história é feita em terceira pessoa por um narrador onisciente. Sabe tudo! Hahahaha! O livro é dividido em capítulos que alternam entre o passado e o presente de nossos personagens. Com os flashbacks conhecemos seus motivos ao realizarem determinadas ações e suas reais intenções, além de entendermos como a sociedade chegou ao ponto que chegou e como aconteceu o surto de vampirismo. Uma coisa que eu achei interessante é que no início de cada capítulo há uma frase de um autor famoso sobre a morte, o que adiciona um toque macabro a mais à história.
Gostei muito de como os vampiros foram apresentados na narrativa, com muito mais sede de sangue, num mundo criado por Holly Black que mantém as regras tradicionais dos vampiros, mas em alguns aspectos inova, o que dá uma revigorada no gênero. O personagem que me cativou foi Gavriel que apesar de encantador, um tanto quanto louco e misterioso é, antes de tudo, letal. Tana é esperta, decidida, altruísta, impetuosa ao extremo e sua personalidade forte é, sem dúvida, um ponto positivo para a trama.
As descrições das ruas, casas e festas da Coldtown são bem detalhadas, expondo o caos infiltrado na cidade e a total falta de segurança que o lugar apresenta. E quem liga? Uma verdadeira Terra de Marlboro onde é cada um por si.
Claro que nas transmissões ao vivo da glamourosa Coldtown não há espaço para os vampiros que se suicidam em massa em plena praça pública, nem para as pessoas morrendo de fome e muito menos para o medo que se espalha à noite. Não existe imperfeição. Esse mundo fechado de vampiros tem que exibir encantamento. Afinal, tanto vampiros quanto humanos ganham financeiramente com isso. Mas a pergunta que não quer calar é: o quanto de informações são manipuladas em nossa vida, inclusive através dos reality shows? No fim das contas, nem tudo é o que parece ser.
Claro que nas transmissões ao vivo da glamourosa Coldtown não há espaço para os vampiros que se suicidam em massa em plena praça pública, nem para as pessoas morrendo de fome e muito menos para o medo que se espalha à noite. Não existe imperfeição. Esse mundo fechado de vampiros tem que exibir encantamento. Afinal, tanto vampiros quanto humanos ganham financeiramente com isso. Mas a pergunta que não quer calar é: o quanto de informações são manipuladas em nossa vida, inclusive através dos reality shows? No fim das contas, nem tudo é o que parece ser.
– Nós nos cultivamos debaixo de tantas ilusões em relação a nós mesmos até que somos desnudados. Estando infectados, sendo vampiros, somos sempre nós mesmos. Talvez até mais nós mesmos do que jamais fomos antes. Nós, destilados. Nós, cozidos até virar molho. Mas somos sempre nós, como sempre fomos, bem lá no fundo.
Uma outra coisa interessante foi como a bissexualidade e a homossexualidade foram abordadas com tamanha naturalidade na história. Talvez pelo fato de que vampiros gozam a vida (ou será a morte?) com prazer e não se preocupam com regras e rótulos tornando essa característica irrelevante. E Holly Black aborda a homoafetividade como algo totalmente normal. E, por que seria de outra maneira, não é mesmo?
A trama que reúne vingança, rancor, culpa, ambição e sangue mostra que nem todos os vampiros são maus e nem todos os humanos são bons. Temos várias oportunidades para refletir sobre a morte, a humanidade e a imortalidade. Sem mencionar doenças e epidemias e em como reagimos ao pandemônio, todos assuntos tão abordados atualmente.
Procurando romance? No máximo dois beijos bem dados. Hahahahaha! Mas, o crush velado está lá. Em stand by... E, apesar disso, é bastante sensual.
– Você é mais perigosa do que o nascer do sol.
Eu nem fazia ideia de que o livro se tratava de vampiros. Eu gostei do nome e achei a capa maravilhosa, daí comprei. Os vampiros vieram de bônus. Hahahahahaha! Tenho que admitir que o livro foi uma grata surpresa e uma leitura bem agradável que fez minha curiosidade aumentar a cada capítulo. O final foi bem legal e deu vontade de ler uma continuação (se houvesse!), mas o livro sozinho fechou.
O livro foi premiado pela Young Adult Library Services Association – YALSA como o Melhor Livro de Ficção de 2014, além de outros prêmios. Mais um para o Desafio de 2018! Vale a pena gastar um tempinho para ler este YA (Jovem Adulto) com vampiros que estão mais próximos da lenda e que fogem ao lugar-comum.
FICHA TÉCNICA
Título: A Menina Mais Fria De Coldtown
Título Original: The Coldest Girl In Coldtown
Autor: Holly Black
Ano: 2013
Páginas: 384
Editora: Novo Conceito
Gênero: Ficção / Vampiros
Tradutor: Ana Death Duarte
AUTOR
Holly Black nasceu em 10 de novembro de 1971, em West Long Beach, New Jersey, nos Estados Unidos. Nos seus primeiros anos de vida ela morou em uma casa bem antiga em estilo vitoriano onde sua mãe costumava contar histórias de fantasmas e fadas.
Tendo um bacharelado em inglês e com a promessa de se tornar uma bibliotecária, o chamado para se tornar uma escritora ecoou mais alto. O seu primeiro romance foi Tithe: A Modern Faerie Tale e foi publicado em 2002 e suas sequencias ocorreram em 2005, com Valiant, e 2007, com Ironside.
Mas a fama viria com a série de livros As Crônicas de Spiderwick (com Tony DiTerlizze), de 2003, além dos lançamentos em 2008 de um filme e um videogame homônimos.
A autora escreveu vários outros romances, séries de livros, HQ’s, contos e antologias como: Zumbis vs Unicórnios, A Menina Mais Fria de Coldtown, Boneca de Ossos, a série Magisterium (com Cassandra Clare), O Canto Mais Escuro da Floresta, Lúcifer, a série Mestres da Maldição e por aí vai.
Holly Black também ganhou muitos prêmios. Em 2006, o Prêmio Andre Norton por Valiant; em 2014, Mythopoeic Fantasy Award e Newbery Honor Book por Boneca de Ossos; também em 2014, Delaware Diamonds Award por A Menina Mais Fria de Coldtown; em 2015, Indies Choice Book Award por O Canto Mais Escuro da Floresta.
Desde 1999, Holly é casada com seu namorado do Ensino Médio, Theo Black, um ilustrador e web designer. Os dois vivem atualmente em Amherst, Massachusetts, nos Estados Unidos.
Até a próxima!
Beijos mil! :-)
Criss
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