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Cartas Sobre “Amor E Amizade & Outras Histórias”



Olá, Perdidos! Durante o carnaval, além de me esbaldar no bloco dos games, decidi fazer algumas leituras que fizessem jus à folia do evento. E eis que umas novelas (ou contos) escritas pela incrível Jane Austen em sua juventude caíram em minhas mãos. Em Amor e Amizade & Outras Histórias, sem dúvida seu humor já se encontrava presente. 

De acordo com o Prefácio de G. K. Chesterton “dizem que ela escreveu esses textos aos dezessete anos”, na verdade entre os 15 e os 17 anos. Eles são regados com muitos gracejos e desmaios. 


Jane Austen não foi inflamada ou inspirada, ou sequer levada a ser um gênio; ela simplesmente era um gênio. Seu fogo, o que ela tinha de fogo, começou com ela mesma; como o fogo do primeiro homem que esfregou um graveto seco em outro.
Prefácio de G. K. Chesterton 


No livro constam Amor e Amizade (1790), As Três Irmãs (obra inacabada) e Uma Coletânea de Cartas (ambas escritas entre 1791 e 1792). Todas as histórias escritas em forma epistolar. 

O livro foi uma bela surpresa. Claro que sua escrita se aprimorou com o tempo, mas nota-se que seu humor ácido e mordaz e a ironia, além de sua crítica social já davam o ar da graça desde cedo. 






AMOR E AMIZADE 


Em Amor e Amizade conhecemos Laura através de seus próprios relatos feitos em cartas a pedido de sua melhor amiga Isabel para sua filha Marianne. Isabel acredita que se Laura der detalhes de suas desgraças e desventuras possa colocar juízo na cabeça da filha. Será? 

Lendo a novela, me tornei a destinatária das cartas, Marianne. E na pele da jovem acompanhei os eventos estapafúrdios pelos quais Laura passou após se casar de forma inesperada com Edward, herdeiro de baronete inglês que fugiu de um casamento armado por seu pai com Lady Dorothea. Casamento realizado por Polydore, pai da noiva, após Edward contar sua história de “nobre virilidade”. Coisa básica. 


Enlouqueça com a frequência que quiser, mas não desmaie. 


Nunca vi uma personagem como Laura tão asa da graúna e azarada. Tudo acontece com ela. E o pior é que acontece com quem está ao seu lado também! 

É para rir e chorar e rir de novo. E, como ela desmaia! É muito hilário, cômico e espirituoso. São acontecimentos tão loucos que parecem inacreditavelmente inverossímeis. Encontros, desencontros, fugas, mortes, roubos, acidentes, prisão, execução legal... idas e vindas que a tornam uma história digna para um baile de carnaval com muitos desmaios. Sim os desmaios são os culpados de tudo. 

O Prefácio de G. K. Chesterton considera se tratar de “uma sátira sobre a fábula da mulher que desmaia” e “uma farsa escandalosa” muito bem humorada sobre o patriarcado da época que ignorava as vontades e condutas femininas. 

Pois é. São vários os infortúnios de Laura que começaram com uma atitude impensada. Será que era essa a preocupação de Isabel com relação à Marianne? 


AS TRÊS IRMÃS 


As Três Irmãs começa com uma carta de Mary Stanhope dizendo ser a pessoa mais feliz do mundo por ter recebido uma proposta de casamento do Sr. Watts. 

Uma garota apaixonadíssima. Não. Nada disso. Mary odeia o Sr. Watts. Ela o considera um velhusco no auge de seus 32 anos, feio que dói, ciumento, rabugento e extremamente desagradável. Mas, é dono de uma vasta fortuna, o que acarreta um vantajoso acordo financeiro para ela e sua família. 

Aparentemente, apesar de grande fortuna, a moçoila não pretende aceitar o pedido. Ou talvez aceite. Ou não. O que ela mais teme é que, caso o rejeite, seu pedido se estenda para suas irmãs Sophy ou Georgiana ou, pior ainda, para uma das moças da família Dutton, pois seu triunfo seria casar antes de todas elas. Ohh, inveja alheia. 


– Você é a garota mais estranha do mundo, Mary. O que diz num momento, desdiz no momento seguinte. 


Claro que a mãe de Mary se interpõe e diz que o Sr. Watts vai ficar na família seja se casando com ela ou com uma das suas irmãs. O dinheiro não vai sair daquela casa de jeito nenhum. Fim de papo. É aí que as coisas ficam bem mais animadas, pois Sophy e Georgiana elaboram um plano para que Mary aceite o pedido de casamento, ao invés de uma delas. Garotas malandras e manipuladoras. 

Dá para notar que é a história mais divertida, em que a hipocrisia, a inveja e a manipulação estão à toda. Infelizmente, o desenvolvimento na íntegra e o desfecho dessa história empolgante são uma incógnita, pois trata-se de um romance inacabado. Quais seriam as pretensões de Jane? Que caminhos seguiria? Mary casa ou não casa com o Sr. Watts? Mesmo sem final, a dinâmica dos integrantes da novela empolga muito. 


UMA COLETÂNEA DE CARTAS 


Nesta coletânea de cartas não temos uma personagem comum a todas as missivas. São cartas independentes que contam com uma mãe preocupada e diversas jovens mulheres desabafando com suas amigas sobre amor e bailes. 


Há certa sensatez na pessoa que se apaixona à primeira vista. 


Ao todo são cinco cartas destinadas a amigas. Elas são: De uma mãe para sua amiga; De uma jovem dama frustrada no amor para sua amiga; De uma jovem dama em circunstâncias aflitivas para sua amiga; De uma jovem dama um tanto impertinente para sua amiga; e De uma jovem dama muito apaixonada para sua amiga. 

Mais uma vez me coloquei no papel do destinatário das cartas que neste caso é a Amiga. 


Em todas as histórias, Jane Austen faz uma crítica que mostra o interesse financeiro, a falsa moralidade, a hipocrisia e a sede de poder que a sociedade inglesa estava acostumada. Uma sociedade na qual a maior preocupação de uma mulher deveria ser apenas procurar por um bom casamento. E, talvez, cuidar dos desmaios, também. Enfim... Não para Jane Austen. 





 FICHA TÉCNICA 


Título: Amor e Amizade & Outras Histórias 
Título Original: Love and Friendship 
Autor: Jane Austen 
Ano: 2017 
Páginas: 144 
Editora: L&PM 
Gênero: Ficção 
Tradutor: Rodrigo Breunig 
  

Conhecendo um pouco mais Jane Austen 







Jane Austen é uma das escritoras inglesas mais famosas, mesmo passados mais de dois séculos de sua morte. Autora de romances famosos como Orgulho e Preconceito, Razão e Sensibilidade, Persuasão, Emma, Mansfield Park e A Abadia de Northanger, consagrou-se por seus diálogos afiados e pela ironia presente em suas histórias. Seus recursos de linguagem tinham um alvo específico: a sociedade provinciana inglesa do século XVIII. 

Nasceu dia 16 de dezembro de 1775, em Hampshire, na Inglaterra. Filha do reverendo George Austen e de Cassandra Austen, foi a segunda mulher dentre sete irmãos. Sua irmã Cassandra foi sua melhor amiga durante toda a vida. 

Na adolescência, Austen escrevia comédias e seu primeiro livro bem acabado foi Lady Susan, escrito em forma epistolar, quando a autora tinha dezenove anos. Razão e Sensibilidade e Orgulho e Preconceito foram oferecidos por seu pai a um editor, mas foram rejeitados. A publicação dos títulos só ocorreu em 1811 e 1813, respectivamente, e foram assinados como “uma senhora”. 

Morreu em 18 de julho de 1817, aos 42 anos, vítima do Mal de Addison. Deixou inacabado o romance Sanditon









Até a próxima! 
Beijos mil! :-) 

Criss 






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