Seguindo o “Rastro de Sangue de Jack, O Estripador”

Perdidas e Perdidos. Um dos maiores mistérios da era vitoriana em Londres e que persiste até hoje é a identidade do primeiro serial killer a se tornar famoso no mundo: Jack, o Estripador. Kerri Maniscalco, em seu livro de estreia, Jack, O Estripador: Rastro de Sangue, trouxe à tona os assassinatos de Jack que aterrorizaram Londres e a investigação da Scotland Yard com suas tentativas frustradas de resolver o caso. Um romance policial sangrento, cheio de mistério e com uma protagonista determinada e à frente de seu tempo. 




Audrey Rose Wadsworth é uma jovem de 17 anos, filha de um dos grandes nomes da sociedade londrina do ano 1888. Rica e bela, ela poderia ser perfeitamente uma típica donzela inglesa do fim do século XIX, indo a festas, comprando vestidos, bordando lencinhos e participando de chás glamorosos onde se joga muita conversa fora. Só que não! Audrey Rose é uma jovem diferente. Ela é aprendiz de medicina forense e realiza autópsias supervisionadas por seu tio, o Dr. Jonathan Wadsworth, professor da escola para rapazes e colaborador da polícia, que mantém uma relação conturbada com seu pai, Lorde Edmund Wadsworth. 

Meu caderno estava repleto de imagens de coisas pelas quais uma dama não deveria ser fascinada, não obstante, eu não conseguia controlar minha curiosidade. 

Apaixonada pela ciência forense, Audrey Rose é um patinho feio para a aristocracia da época e, só por isso já quebra vários tabus ao realizar necropsias com incisões em Y, cortando a carne até a caixa torácica e realizando conclusões médicas antes de suturar um cadáver. O trabalho de um legista, naquele tempo, era considerado imoral por acreditarem ser uma violação do defunto, imagina sendo realizado por uma mulher, uma dama da alta sociedade cheirando a formol e com sangue seco embaixo das unhas. Um absurdo total!  

Então, começam a surgir prostitutas brutalmente assassinadas e todas parecendo ser vítimas de um único assassino, de acordo com o modus operandi. Conhecido a princípio como Avental-de-Couro, Audrey começa uma investigação para deter o criminoso com ajuda de Thomas Cresswell, um rapaz astuto, brilhante e com um incrível raciocínio lógico que, também é um protegido de seu tio Jonathan. Os dois, mesmo trocando farpas, saem no encalço do crápula a fim de desvendar sua identidade e, assim, parar com os crimes em Whitechapel, nos arredores da Londres rica. É uma corrida contra o relógio para evitar que mais uma mulher caia nas garras do, agora, autonomeado Jack, O Estripador

[...] Os repórteres não paravam de falar do Avental-de-Couro. Eles estavam transformando o homem insano em uma celebridade; glorificando um vilão. Até onde as pessoas iam para vender um jornal era quase tão repulsivo quanto os crimes em si. 


"Jack ,O Estripador" mata novamente. Duplo evento no East End de Londres. Vários suspeitos estão sendo interrogados pela Scotland Yard. 

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Este é o primeiro livro de Kerri Maniscalco. E tenho que admitir que o seu livro de estreia é muito divertido e surpreendente. As pesquisas sobre costumes, roupas, tecnologia e a ambientação daquela Londres vitoriana nos mínimos detalhes dão toda veracidade à trama. A cultura do ópio, a obsessão com a morte, a era dourada do circo britânico, a imoralidade sexual, a sociedade machista e puritana, as sessões espíritas com médiuns... está tudo lá em Rastro de Sangue, além do próprio Jack, é claro! 

Sobre A Era Vitoriana 

Só para esclarecer. A era vitoriana ocorreu durante o reinado da Rainha Vitória, no Reino Unido, entre 1837 e 1901. Foi uma época de paz e prosperidade para os britânicos, mas também de muita repressão sexual e bastante moralista. Para você ter uma ideia, a Rainha Vitória mandou aumentar as toalhas de mesa do palácio para que cobrissem totalmente as pernas da mesa, pois as pernas da mesa lembravam as pernas de uma mulher e podiam perturbar as mentes dos homens. Coisas de rainha! 




As primeiras linhas do metrô de Londres começaram nesse período. A população duplicou e esse aumento demográfico aconteceu graças às condições ambientais, de saúde e de nutrição que melhoraram muito. E mesmo com uma moral tão rigorosa, nem tudo era decoroso. Prostituição e drogas, como ópio e láudano, deixavam suas marcas na noite londrina. 

Quem não conhece a história de Jack, o Estripador? Todos sabem que ele nunca foi preso e por isso várias explicações, algumas até mirabolantes, já foram concebidas para tentar resolver o caso. E foi isso que Kerri fez. Ela usou não só os fatos reais, mas também as lendas sobre Jack e a seu modo resolveu toda a questão de um jeito sensacional, criativo e surpreendente, numa história repleta de reviravoltas emocionantes. 




Particularmente, gostei muito da Audrey. Ela é uma jovem decidida, inteligente, independente e preocupada com o papel da mulher numa sociedade tão machista. Apesar da pouca idade, não vamos esquecer que ela tem apenas 17 aninhos, Audrey tem consciência de seu próprio poder e acredita no empoderamento feminino. Mas, reconhece que muitas mulheres à sua volta vivem num estado de submissão porque foram condicionadas a seguirem uma determinada norma, elaborada por uma sociedade que as controla. Sem se sentir superior a qualquer mulher, seja qual for sua classe social, sua esperança é que todas elas, um dia, consigam despertar. 

[...] Eu gostaria de lembrar cada homem que tinha opiniões tão baixas de uma mulher que suas amadas mães eram, na verdade, mulheres. 

Enquanto isso, ela usa seu lado feminista juntamente com seu lado feminino, que sua tia Amelia tenta aos trancos e barrancos desenvolver ao máximo nela, para descobrir pistas que levem ao famigerado assassino, mesmo que para isso tenha que romper com as convenções sociais e enfrentar as autoridades. Além de provocar chiliques monumentais em seu pai, Lorde Wadsworth, seu irmão Nathaniel e sua tia Amelia. Claro que Audrey tem defeitos, alguns até próprios da idade, e é isso que a torna tão especial e verossímil.  

E não posso esquecer do Thomas, rapaz inteligente e presunçoso, é claro. Filho de uma família abastada, ele desenvolve um relacionamento amoroso com nossa heroína na base do morde-e-assopra. O sarcasmo e a ironia estão sempre presentes em seus diálogos, sem mencionar o flerte incontido entre os dois. Algo inconcebível naqueles tempos. Moderninhos os dois, né? O que torna tudo mais leve e divertido. 

Eu estava determinada a ser tanto bela quanto feroz, como minha mãe dissera que eu poderia ser. Só porque eu era uma moça interessada no trabalho de um homem, isso não queria dizer que eu precisava desistir de ser feminina. Quem definira estas regras, de qualquer forma? 

Enfim... Durante o livro, somos guiados por Audrey através de becos escuros, teorias intrigantes e personagens para lá de suspeitas. E nos juntamos a ela, também, em sua empatia com as mulheres assassinadas. Afinal, são mães, esposas, filhas e irmãs assim como quaisquer mulheres, independentemente se são prostitutas ou não. A dor de uma morte tão visceral é palpável quando chegam à sua mesa de autópsia. 




Desde o início, eu desconfiei do culpado, mas se tivesse prestado mais atenção descobriria os motivos, também. O fato é que a narrativa é muito boa e o trabalho detetivesco é maravilhoso. Não dá vontade de parar de ler. O mistério é bem desenvolvido, as pistas são reveladas aos poucos e o clima da Londres vitoriana onde os protagonistas se esgueiram pelas vielas à procura do criminoso dão todo charme ao suspense, tornando a leitura um deleite. 

Minha mãe costumava dizer: ‘Rosas têm tanto pétalas quanto espinhos, minha flor escura. Você não precisa acreditar que uma coisa seja fraca porque ela parece delicada. Mostre ao mundo sua valentia.’  

Leia e descubra a identidade de Jack, O Estripador. O livro é o primeiro da série Rastro de Sangue, criada por Kerri Maniscalco, apresentada numa edição lindíssima, em capa dura, da editora Darkside. No segundo, nossos heróis estão envolvidos com Drácula, em Hunting Prince Dracula e no terceiro, com o misterioso Houdini, em Escaping from Houdini. Para falar a verdade, não vejo a hora de ler as aventuras com Drácula. Espero que lancem logo por aqui. Adoro vampiros! 


FICHA TÉCNICA 

Título: Jack, O Estripador: Rastro De Sangue    
Título Original: Stalking Jack, The Ripper    
Autor: Kerri Maniscalco   
Ano: 2017 
Páginas: 352  
Editora: Darkside 
Gênero: Ficção / Suspense  
Tradutor: Ana Death Duarte  

AUTOR  


Kerri Maniscalco é uma escritora americana e foi descoberta pelo autor best-seller de romances de suspense e policial James Patterson. 

Fez faculdade de Arte em Nova York, e durante dois semestres cursou Ciência e Criminologia, onde aprofundou sua paixão pela medicina forense. 

Kerri cresceu numa casa semiassombrada nos arredores de Nova York o que ativou seu fascínio por cenários góticos

É uma leitora voraz, gosta de preparar comida para a família e os amigos, é viciada em chá e discute o sentido da vida com seus gatos. 

Seu livro de estreia Rastro de Sangue: Jack, o Estripador é um verdadeiro sucesso e chegou ao número 1 da lista dos mais vendidos do New York Times. 


Até a próxima! 
Beijos mil! :-) 

Criss 


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