São “As Luzes De Setembro” Que Ofuscam O Farol

Perdidas e Perdidos! Segundo nota do autor Carlos Ruiz Zafón, As Luzes de Setembro é uma das histórias que “tentavam parecer com os livros que teria gostado de ler em minha adolescência.” Ou melhor dizendo, em nossa adolescência. Na verdade, é um livro que é bem-vindo em qualquer fase da vida. Mas, se você for jovem de espírito ou tem idade entre 13 e 100 ou até mais (!), melhor ainda!  




Após a morte de seu marido, Simone Sauvelle e seus filhos, Irene e Dorian, enfrentam dificuldades financeiras em plena capital francesa. E sem o requinte de outrora, as amizades sumiram mais do que de repente e as dívidas se acumularam na mesma proporção. Um ano se passa e, no verão de 1937, a promessa de um salário generoso e moradia, além da perspectiva de melhorar de ares e de vida, fazem Simone aceitar um trabalho na pequena e pacata cidade de Baía Azul, no litoral da Normandia, França, bem diferente da movimentada Paris com seus ávidos credores. 

Num mundo de ratos, eles tinham tropeçado num anjo. 

Seu novo patrão, o inventor e fabricante de brinquedos, Lazarus Jann, cuja esposa se encontra doente e acamada há vários anos, é um homem que esbanja simpatia, culto e criativo e que precisa dos serviços de uma governanta para administrar sua gigantesca mansão Cravenmoore. Em Cravenmoore, bonecos e brinquedos, seres autômatos que parecem ter vida própria, se espalham por esse mundo fantástico concebido por Lazarus. 

Cada habitante daquele mundo maravilhoso, cada criação, constituía simplesmente uma lágrima derramada em silêncio. 

Realmente parece que a mudança de vida dos Sauvelle tinha deixado a má sorte para trás (bata na madeira!) e a família começa a reerguer-se. Simone e Lazarus se identificam e uma bela amizade começa a surgir entre os dois. Dorian, fascinado pelo fabricante de brinquedos e cheio de curiosidade, quer aprender como todas aquelas engenhocas mecânicas funcionam. E Irene, prestes a fazer 15 anos, conhece Ismael, jovem pescador e primo de Hannah, a cozinheira da mansão. A atração é imediata e mútua e logo os dois se apaixonam. Ah! Amor adolescente! E é através das conversas entre os dois que ficamos sabendo da lenda conhecida como As Luzes de Setembro sobre uma misteriosa mulher que aparece na Ilha do Farol. 




Mas, mesmo num mar de rosas existem espinhos (e como!) e ocorrências sinistras abalam o paradisíaco vilarejo e Cravenmoore: Hannah aparece morta e uma sombra maléfica se instala na mansão e seus arredores. 

Com o baita alvoroço que se formou na cidade pesqueira, Ismael e Irene estão determinados a achar o assassino de Hannah. Eles entram sorrateiramente em Cravenmoore e começam a investigar e desvendar os segredos pra lá de macabros de seu proprietário. Medo e tensão constantes permeiam os pensamentos de nossos jovens protagonistas que agora terão de lutar para se manterem vivos e salvar Simone de um destino cruel. 

Num mundo de luzes e sombras, todos nós, cada um de nós precisa encontrar seu próprio caminho. 

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Gostei muito dessa inventiva história juvenil, criada por Zafón. O modo como escreve é simples e por isso mesmo cativante e deliciosa. Todos os sabores, cores e sensações são descritos em palavras cheias de encanto e poesia. O sobrenatural, o oculto, as entidades assustadoras e o mistério tornam a trama extremamente curiosa e fazem com que a leitura seja muito rápida, em ritmo frenético, com cenas elaboradas de forma empolgante num estilo cinematográfico.  

Romance, aventura e mistério são distribuídos com parcimônia, além de momentos aterrorizantes, que recheiam esta maravilhosa história que me enfeitiçou! E entremeando a história principal existem pequenas histórias um tanto quanto bizarras que, por mais estranho que possa parecer, conectam-se e complementam-se. 

Como Zafón é um expert nas metáforas, a ameaça que assola Cravenmoore e nossos heróis, pode tratar-se de uma escala bem reduzida da sombra que paira sobre o mundo com sua maldade às vésperas da 2ª Grande Guerra. Quem sabe? O que sei é que não dá para resistir as maravilhosas Luzes de Setembro

Fica a vontade de ler O Príncipe da Névoa e O Palácio da Meia-Noite que junto com As Luzes de Setembro formam a Trilogia da Névoa. Mas não se trata de uma trilogia como todas aquelas que já conhecemos. Aqui, podemos ler os livros em qualquer ordem, pois não há ligação entre as tramas, e os romances funcionam muito bem como livros únicos. Carlos Ruiz Zafón, este excelente autor catalão, já se tornou um dos meus xodós. Recomendo! 



FICHA TÉCNICA

Título: As Luzes de Setembro  
Título Original: Las Luces de Septiembre  
Autor: Carlos Ruiz Zafón  
Ano: 2013 
Páginas: 232  
Editora: Suma de Letras 
Gênero: Ficção e Mistério   
Tradutor: Eleiana Aguiar  




AUTOR 



Carlos Ruiz Zafón nasceu em Barcelona em 1964. Iniciou sua carreira literária em 1993 com O Príncipe da Névoa (Prêmio Edebé), seguido dos livros O Palácio da Meia-Noite, As Luzes de Setembro (que junto com O Príncipe da Névoa fazem parte da Trilogia da Névoa) e Marina. Em 2001 publicou A Sombra do Vento, que rapidamente se transformou num fenômeno literário internacional, sendo traduzido para mais de 30 idiomas e publicado em mais de 45 países. 

Desde que foi lançado em 2001, A Sombra do Vento já ultrapassou os 6,5 milhões de exemplares vendidos no mundo. 

Com O Jogo do Anjo (livro 2, de 2008), Zafón retomou a continuação da série Cemitério dos Livros Esquecidos, iniciada com A Sombra do Vento (livro 1) que é composta também por O Prisioneiro do Céu (livro 3, de 2011) e O Labirinto dos Espíritos (livro 4, de 2016). 

Suas obras conquistaram numerosos prêmios e milhões de leitores ao redor do mundo. Atualmente, Carlos Ruiz Zafón mora em Los Angeles, onde trabalha nos seus romances e roteiros para o cinema e faz colaborações habituais para os jornais espanhóis La Vanguardia e El País


Até a próxima! 


Beijos mil! :-) 
Criss 







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