A Peregrina E "A Hospedeira"

A Hospedeira, de Stephenie Meyer, nos coloca no planeta Terra que não pertence mais aos seres humanos. Fomos dominados por alienígenas invasores, conhecidos como Almas. Nos tornamos uma espécie de roupa para esses alienígenas que sorrateiramente tomaram conta de nossos corpos, suprimiram nossa consciência e assumiram nossas lembranças e emoções. A premissa não é nada original, afinal temas de invasores de corpos já geraram até filmes. 




O que me chamou a atenção é que esses alienígenas estão aqui para salvar o planeta de nossos atos destruidores. Pelo menos é nisso que eles acreditam. Então fica a pergunta: será que os benefícios proporcionados pelos alienígenas aqui na Terra valem a perda total do controle do nosso planeta e de nossos corpos, a eliminação de nossa raça? Não creio. Tudo bem que eles são contra a violência e são extremamente pacíficos. Mas, se acoplar ao centro nervoso de um ser, seja ele humano ou não, e simplesmente eliminar todos os traços do hospedeiro não é um ato de violência? Não? Imagina! 

Sem mencionar os Buscadores, agentes muito bem paramentados e capazes de fazer o que for preciso para manter a ordem e essa tão divulgada “paz”, eliminando todos os resquícios de nossa raça. Alienígena bonzinho só mesmo o ET, vai por mim. 

Eu não sabia por que desejara tão desesperadamente experimentá-lo (o amor). Tudo o que sabia, agora que o experimentara, é que valia todo grama de risco que custara. Era melhor do que eu havia imaginado. Era tudo. 

Neste novo mundo cheio de Almas, não há guerras, doenças ou mesmo dinheiro. Todos vivem sorrindo e são extremamente educados. E o planeta agradece, pois está mais saudável. O mundo está em paz. Há harmonia. Mas, e o ser humano? Bem, o ser humano foi apagado dessa pintura e está praticamente extinto. Não fossem alguns grupos de resistência que têm consciência de sua situação e tentam sobreviver à esta nova ordem. Talvez uma crítica a negligência que nós seres humanos estamos tendo com o planeta, sem pensar nas consequências que nós mesmos iremos sofrer, mais cedo ou mais tarde. Ponto para o livro. 

Em A Hospedeira, de Stephenie Meyer (autora da saga Crepúsculo), vemos essa nova sociedade através dos olhos de um desses alienígenas parasitas, aqueles que se denominam Almas, chamada Peregrina. Peregrina tem esse nome por uma razão e é considerada uma lenda pelos de sua espécie. Ela é uma Alma que já viveu várias vidas e em vários planetas, mas nunca em um corpo tão complexo e cheio de emoções e sensações como o nosso. Altruísta e incapaz de praticar um ato de violência (mesmo que seja para se defender), ela vai descobrindo aos poucos as várias formas de amor e experimentando uma enxurrada de sentimentos dos seres humanos. 

− Esta alma foi especialmente escolhida para a indicação – disse Darren para acalmá-lo. – Ela é excepcional entre os de nossa espécie... mais valente que a maioria. As vidas dela falam por si. 

Peregrina é introduzida no corpo de Melanie Stryder, mas não por acaso. A hospedeira Melanie é uma rebelde e faz parte de um grupo de humanos que resiste à influência dos alienígenas e a missão de Peregrina é descobrir onde se encontram os remanescentes da resistência humana. 

O que Peregrina não esperava é que Melanie, se recusasse a desistir. Se recusasse a desaparecer! E após algumas tentativas frustradas de se livrar da voz de sua hospedeira que a atormentava e, acima de tudo, encantada com as suas lembranças tão vívidas, Peregrina cede à pressão, tanto do corpo quanto da mente de Melanie e vai rumo ao deserto, em busca de seu amado irmão, sua família e sua paixão ardente, Jared, para sabe-se lá o que. Afinal, Melanie agora é Peregrina, o inimigo invasor. 

O pensamento dela lamentou debilmente em minha cabeça: Você nunca sabe quanto tempo vai ter. As lágrimas que eu estava chorando nos pertenciam a ambas. 

O que temos a seguir é a introdução lenta e monótona de Peregrina/Melanie (Peg/Mel) ao grupo de sobreviventes humanos que a encontra. A rejeição por parte da maioria dos humanos e sua aceitação na comunidade é bem cansativa, mas coerente. Afinal, Mel é a humana dominada por Peg, o parasita invasor, não ia ser um mar de rosas, não é mesmo? Sem falar no quadrado amoroso que se estabelece. Um quadrado de três corpos e quatro mentes. Melanie é uma voz ativa e não vai querer se separar de seu grande amor, Jared, enquanto Peregrina está progressivamente recebendo influências de seus sentimentos mais intensos. 

Feliz e triste, cheia de alegria e de aflição, segura e medrosa, amada e renegada, paciente e zangada, pacífica e arredia, completa e vazia… Tudo isso. Eu sentia tudo isso.  

Sem dúvida, um personagem que gostei foi Ian. Ele é sensível, romântico e muito fofo e consegue discernir muito bem entre o corpo de Mel e a mente de Peg, por quem ele verdadeiramente se apaixona. Ele a vê como um indivíduo, um ser único. E Peg se apaixona pelo “inimigo” Ian. Um amor incondicional e inter-racial de outro planeta. O que me faz pensar até que ponto somos capazes de separar mente e corpo. Amar alguém além da aparência física. As descobertas de Peregrina, que se espanta com tantas emoções diferentes e com a possibilidade de lidar com elas, é bem envolvente. 


"Eu segurei você em minhas mãos, Peregrina. E você era Tão bonita." 


Outro personagem interessante é Tio Jeb, o maluco beleza, que com sua curiosidade voraz é o primeiro a perceber que Melanie não morreu e que Peregrina é uma Alma diferente. Tudo pode mudar. 

− Tio Jeb – dissemos em voz rouca. – Você nos encontrou. 

................................... 

O livro nos mostra em detalhes a estrutura complexa das cavernas em que os sobreviventes vivem no deserto e o seu dia a dia laborioso, o que torna a leitura bem maçante. Mas como eu sou teimosa, segui em frente para achar a saída deste buraco. Contudo, a história acaba ficando mais simpática com o quadrado amoroso se firmando e a minha curiosidade em saber como esse “probleminha” seria resolvido, assim como a afinidade crescente, a amizade se firmando entre Peg e Mel. Como isso iria acabar? 

Outro fator importante é o esclarecimento de Peg sobre a real condição de invasor de sua espécie, das Almas, o que pode trazer uma tênue esperança para a humanidade. Ela passa de uma mera invasora de corpos a uma simpatizante ativa dos seres humanos. Por sua jornada seguir um caminho completamente diferente do que havia sido traçado para ela, Peregrina é caçada por sua Buscadora incansável e as consequências para o grupo de humanos podem ser avassaladoras. 

Você é a criatura mais nobre e pura que eu já conheci. O universo será um lugar mais sombrio sem você. 

Achei o livro muito arrastado, cheio de cenas paradas e diálogos cansativos. Porém, os assuntos expostos são muito interessantes. É impossível não refletirmos em vários momentos da leitura. Isso já é um ponto positivo, só não gostei do modo como a história aconteceu, talvez se fosse um pouco mais ágil. Enfim... 

Depois de todos os planetas e de todos os hospedeiros que deixou para trás, você finalmente encontrou o lugar e o corpo pelos quais morreria. Acho que você encontrou sua casa, Peregrina. 

A Hospedeira, no geral, é uma obra boa que reúne romance, aceitação, desconfiança, amizade, família, amor e humanidade. Mostra que somos bons e que, também, somos maus, mas que podemos ser melhores e por isso somos capazes de fazer qualquer coisa para salvar aqueles a quem realmente amamos. É, também, um alerta em como o ser humano, por causa da ganância e do ódio, está destruindo o planeta e sua própria existência. E, acima de tudo, é uma história sobre o Amor. E tudo isso se desenrola nas cavernas escuras do Tio Jeb. 



FICHA TÉCNICA

Título: A Hospedeira 
Título Original: The Host 
Autor: Stephenie Meyer  
Ano: 2009
Páginas: 560 
Editora: Intrínseca 
Gênero: Romance de Ficção Científica 
Tradutor: Renato Aguiar 



AUTOR 





A escritora americana Stephenie Meyer nasceu no dia 24 de dezembro de 1973 em Connecticut. 

Em 2005, depois de 3 meses escrevendo, seu romance entre um vampiro e uma humana é concluído e Crepúsculo, seu livro de estreia, se tornaria o primeiro de uma série que lhe traria a fama mundial. Segundo a escritora, a ideia para o livro surgiu em um sonho em 2003. 

Meyer ficou conhecida pelos best-sellers da saga Crepúsculo (Twilight), cujos livros já venderam mais de 120 milhões de cópias pelo mundo afora, com traduções para 37 idiomas em 50 países. A saga também chegou aos cinemas e arrancou suspiros das fãs. 

Após Crepúsculo e suas diversas expansões, Meyer trabalhou em um romance de ficção científica, primeiro livro fora do universo vampiresco, A Hospedeira (The Host) que também teve um relativo sucesso e foi adaptado para o cinema. 

A autora ganhou um prêmio do New York Times e dois da Associação das Bibliotecas Americanas. Atualmente vive no Arizona. 


Até a próxima! 




Beijos mil! :-) 

Criss 

2 comentários :

  1. Olá
    A Hospedeira é um dos meus livros favoritos. Sim. Eu realmente amo essa história. Ele é meio arrastado sim, mas a meu ver tudo que foi escrito nele tem uma razão para estar onde está. Pra mim, é incrível.

    Vidas em Preto e Branco

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    Respostas
    1. Oi Lary.
      Foi realmente o fato da história ser arrastada que me decepcionou.
      E como eu disse, há vários assuntos abordados no livro que nos fazem refletir como por exemplo sobre como tratamos nosso planeta e a nós mesmos, com guerras e destruições. Fora o fato de duas raças distintas tentarem coexistir no final.
      Obrigada pelo comentário.
      Beijos mil! :-)

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